Motivo

Debates não acontecem por acaso, são motivados e estimulados por fatos. Dizer que foi por causa do treinador Antônio Lopes, que o Coritiba sofreu a histórica goleada (4×1) em Lima para o primitivo Sporting Cristal, é analisar pelo óbvio. Bem por isso escreveu o notável Márcio Moreira Alves, o maior jornalista brasileiro: “todos nós repórteres sofremos da síndrome do óbvio. Vemos o que é evidente, custamos mais a ver o importante”.

Fora do Rio de Janeiro e da cobertura de Eurico Miranda, Antônio Lopes nunca deu certo. Não seria aqui que iria dar. Dizer que ele é o culpado é cair na rotina. É querer ser agradável com o dirigente, que prefere ver a pele do técnico queimada do que a sua. Nada mais natural, mas nada mais covarde.

O Coritiba foi goleado em Lima porque não tem time. E nem terá tão cedo. Aristizábal volta de uma cirurgia, Tuta volta do seu exílio da Coréia, e Igor volta do nada. Estão sem jogo.

Mas o Coritiba estava obrigado a ter um time. Desde dezembro já sabia que iria disputar a Libertadores. Valorizou demais as suas categorias de base. O futebol brasileiro passa por uma crise na sua base. Não seria o Coritiba – e nenhum no Paraná, que iria revelar uma safra com capacidade de enfrentar a Libertadores.

O que contratou foi um desastre. Raras vezes se viu um zagueiro pisar na bola como o uruguaio Esmerode. Sua contratação partiu da mania do brasileiro de ter um zagueiro argentino ou uruguaio. Antigamente era uma amante. A contratação de Esmerode foi coisa de amador.

Giovani caiu no conto de empresário, na retórica de Moro e na velha amizade de Yamato com Lopes.