Furacão, Furacão, tricampeão

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Tribuna do Paraná

Com pouca dose de futebol, mas, como se fosse um ato de fé executado pela paixão infinita dos atleticanos, o Furacão ganhou dos coxas (2×1), no Couto Pereira, e conquistou o tricampeonato estadual.

O extraordinário da conquista foi o sofrimento: o tricampeão perdia por 1×0 até os 92 minutos, quando o menino Khellven, como se não tivesse o amanhã, empatou, chutando fora da área. E, se não fosse o bastante (o empate era o que bastava), o já histórico Nikão viu Muralha adiantado, e jogou por cima. O corolário perfeito para que a vitória se transformasse na humilhação de um Coxa sofrido.

Como toda o Atletiba final, independentemente do nível técnico, mesmo sendo um jogo agreste como foi, houve uma trilha emotiva por um fato que os coxas sentem, mas não querem confessar: a submissão à supremacia institucional do Athletico desde 1999, teria que ser enfrentada.

O título não iria resolver a sua carência material, mas iria dar conforto aos seus sofridos torcedores. O título seria uma ilusão, concordo. Mas, nos tempos de carências, uma madrugada de ilusão, é uma eternidade.

Quando o Furacão vestia as faixas de tricampeão após o jogo, lembrei do passado quando era o Coxa quem ia para a casa tomar champagne. O sentimento é o de que o Coritiba virou o Athletico de ontem. Talvez, menor ainda, em razão da sua absoluta paralisia na busca imediata de soluções.

Nesse jogo do Couto, para o Coxa não houve nem chance para uma emenda à derrota da Baixada (1×0). Nenhuma fagulha de futebol, tudo no improviso. O gol de Sabino, de pênalti (1×0), foi de um erro de Adriano, que jogou tão mal que parecia se confundir com a sua origem, mas, usando a camisa do Furacão.

Daí, Dorival provou do próprio veneno. Quando substituiu Adriano por Khellven, o Athletico passou a ter o mínimo de consciência para salvar o tri. Adriano não pode voltar a jogar pelo Furacão, e Dorival Júnior deve explicações para a desordem de rotina do time.

Bem pensado, o Furacão acabou se inspirando na lição do notável Lucho González: em uma final não se joga, se ganha.

Em um jogo de futebol de fazenda não houve um destaque.

Houve um herói: o menino Khellven. O seu gol deu o tricampeonato ao Athletico. Quando Nikão marcou, os atleticanos já estavam de faixa.

Essa coluna é uma homenagem a Ennio Fornea, o pai.