Jogo pela vida

O projeto de Petraglia até 2024 para o Atlético seria o tema de hoje. Mas como se trata do futuro, há tempo para abordá-lo. Prefiro escrever sobre o presente. E hoje, não há tema mais importante do que o jogo do Paraná, na Vila, contra o Oeste. Já escrevi e reescrevo: para o Paraná não tem caminho de volta. Não se trata só de um jogo de futebol, que irá terminar no último apito.

Depois que a Vila ficar vazia, os efeitos do jogo continuarão sendo sentidos: ou retornam para os dez anos de frustrações, que humilham a história do grande clube, ou projetam-se para o futuro chorado, que é a volta ao Brasileiro. A bola, então, não será jogada apenas para pendências de campo durante noventa minutos. Obrigada a ir além, será uma mensageira de sonhos, choros e esperança tricolor.

Mais do que um jogo de futebol, o Paraná joga a própria vida.

Lembranças

Por ser da vida, o futebol é feito de contradições. Desde menino, o saudoso Assis foi um craque. Passou a sua juventude como jogador no São Paulo e no Internacional. Mas por essas contradições, aos 28 anos, em 1982, jogando pelo Furacão, o Brasil concluiu que nele existia mais do que um futebol refinado. Esse somando à inteligência de criar e arrumar esquemas de jogo, transformava-o em craque. Daí que Assis viveu intensamente a sua carreira dos 28 aos 33 anos, entre Atlético e Fluminense.

A história do goleiro Wilson, do Coritiba, parece repetir Assis. Fui conhecê-la e confesso que conclui o quanto o futebol, também, é injusto: revelado pelo Flamengo, passando por Portuguesa e Olaria (Rio), em 2007 foi jogar no Figueirense, de onde só saiu em 2013 para jogar no Vitória, mudando em 2015 para o Coritiba. Só agora, aos 33 anos, Wilson provoca curiosidade no Brasil.

Quem o acompanha desde o início, diz que ele não está jogando nem mais e nem menos do que jogava. Qual o tempo do futuro de Wilson? “Que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede, não sei”. Como se lê, nem Santo Agostinho conseguiu responder.