Derrota de Autuori

Na Arena Grêmio, Grêmio 1×0 Atlético Paranaense.

Já escrevi e volto a repetir: o Furacão não é um time confiável. Quando uma situação lhe exige um pouco mais de jogo, fracassa. Às vezes não é só por falta de qualidade, mas também por falta de personalidade, embora no futebol, as duas se confundam. E muito desse estado deve-se ao treinador Paulo Autuori.  Não há outro motivo para explicar o fato do time ter adotado como rotina, fora da Baixada, um comportamento indolente, que às vezes, beira a preguiça.

Eis a grande verdade: o Furacão foi um time preguiçoso em Porto Alegre. Já está se tornando cansativo ver algumas atitudes de Autuori. Sem a influência da Baixada e da grama sintética, é incapaz de oferecer um projeto de jogo ao time. É uma troca sem fim de bolas pelo meio e pelas laterais. É uma troca sem objetivo, tornando-o incapaz de realizar uma única jogada profunda, que exija o mínimo do goleiro adversário. O Atlético foi incapaz de chutar uma única bola no gol gaúcho.

Dirão que Autuori está fazendo milagres com esse time.

Esse é outro grande problema do Furacão: é um canteiro de falsos deuses e santos. O fato de dirigir um time fraco não tira a responsabilidade do treinador. Ao contrário, é nessa hipótese que se torna devedor de um trabalho que compense as deficiências do time.

Travessia

O mundo teve que se render ao mito criado pela minha geração: Bob Dylan. Agora que é o Nobel de Literatura, Dylan irá despertar a consciência coletiva de que a poesia, também em forma de música, pode ser tão nobre como as narrações latinas de Gabriel Garcia Marques. Em cinco minutos, em uma mesa de bar, com uma gaita e um violão, transformou em poesia a revolta dos americanos contra as bombas que mantavam no Vietnã com seu “Blowin’ in the Wind” (Soprando ao vento).

Canta Dylan: “Quantas estradas um homem deve percorrer pra poder ser chamado de homem? Quantos oceanos uma pomba branca deve navegar pra poder dormir na areia? Sim e quantas vezes as balas de canhão devem voar antes de serem banidas para sempre? A resposta, meu amigo, está soprando no vento”.