Verão aumenta em 70% a incidência de otite

No Verão, um banho na praia ou na piscina é sempre bem-vindo, mas especialistas alertam que é importante estar cauteloso em relação às infecções. Segundo o otorrinolaringologista Carlos Augusto Seiji Maeda, é preciso observar a frequência dos mergulhos e longos períodos dentro da água para evitar infecções no ouvido.

De acordo com o especialista, a pessoa pode ter a sensação de água no ouvido, coceira, se queixa de dor e, às vezes, da saída de secreção pelo conduto auditivo. “Durante a natação podem-se usar protetores auriculares e deve-se evitar manipular os ouvidos com hastes flexíveis com ponta de algodão ou outros objetos”, adverte.

O diagnóstico da otite é feito por meio de uma história clínica e de um exame otorrinolaringológico completo. “No exame observamos o inchaço do ouvido, hiperemia (aumento da vermelhidão) e secreção em quantidade e graus variados”, comenta Maeda. O tratamento é medicamentoso e recomenda-se que, nesse período, o paciente evite o contato da água no ouvido.

Porta de entrada

O risco da incidência do distúrbio é maior quando existe o contato frequente com águas contaminadas por agentes químicos e tóxicos e objetos variados usados na limpeza dos ouvidos que podem remover a proteção natural (cerume) e causar pequenas infecções na pele.

“Essas lesões servem como porta de entrada para micróbios presentes no ambiente – sejam eles provenientes da umidade ou mesmo aqueles que estão na nossa pele habitualmente causando as otites”, explica a otorrinolaringologista Márcia Bilecki.

A médica lembra que o cerume serve para proteger, mas também pode causar infecção. Em alguns casos o cerume pode “dilatar” após a entrada de água e impedir que ela saia, formando uma espécie de “rolha”, favorecendo as infecções.

O prurido ou coceira, umidade no canal (a conhecida purgação), inchaços, consequente diminuição de audição e a dor de ouvido, são os principais sintomas da doença, relatados pelos especialistas.

Complicações

Os pais também devem estar atentos ao problema se os filhos praticam natação. Nesse caso, é indicado o uso de protetores para vedar o conduto auditivo e evitar a entrada de água nos ouvidos, o que pode causar otites.

Outro alerta dos especialistas é para que se tome muito cuidado com alguns tratamentos ou métodos caseiros. Algumas pessoas costumam utilizar álcool ou vinagre. “Nunca pingue nada no ouvido”, adverte o otorrinolaringologista Sady Selaimen da Costa, da Sociedade Brasileira de Otologia.

Segundo o especialista, esses tratamentos causam desidratação da pele, predispondo o ouvido ainda mais à infecção. “Essa tentativa de tratamento é desastrada e inoportuna”, recrimina.

É fácil diagnosticar uma otite, basta um simples exame clínico. Diante de qualquer sintoma, um otorrinolaringologista deve ser consultado, mesmo que a sensação seja apenas a de um ouvido tampado, pois só o especialista poderá realizar a remoção de cerume e tratar com maior perícia e menores chances de sequelas aos portadores.

Uma otite mal tratada poderá trazer sérias complicações, como o fechamento do canal auditivo. Esse bloqueio pode levar à surdez, infecção do osso temporal, extensão da infecção às glândulas os gânglios e às infecções generalizadas, devido a propagação da infecção pelo sangue.

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