Uso de plantas pode trazer riscos à saúde

A produção, as aplicações e efeitos das plantas medicinais foram discutidos ontem, durante todo o dia, na primeira edição do Encontro Sul-Brasileiro de Plantas Medicinais, que encerra-se hoje, no auditório Gregor Mendel, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Curitiba. Participam do evento produtores rurais de fitoterápicos, professores e estudantes das área de Medicina, Nutrição e Agronomia.

O número de plantas medicinais produzidas no Brasil é imenso. No Paraná, as mais cultivadas são a carqueja e a camomila. Em menor escala, também são produzidas a hortelã, o capim-limão e a fáfia. Porém ainda existem muitas dúvidas e contrariedades na utilização dos produtos.

Segundo a diretora executiva da Fundação Herbarium de Saúde e Pesquisa, Cristina Berends, as pessoas costumam cometer muitos erros ao produzir e utilizar por conta própria as plantas. Ainda aceitam opiniões de amigos, acreditam que as plantas, por serem naturais, não apresentam risco algum à saúde e desconhecem os cuidados de produção.

Ao contrário do que muita gente pensa, não é qualquer planta cultivada no jardim ou nos fundos de casa que pode ser utilizada como remédio. A quantidade de princípios ativos presentes em determinada planta depende muito da forma como ela é produzida. “Várias coisas interferem na quantidade de produtos químicos uma planta possui. Entre elas: tipo de solo, clima, uso ou não de agrotóxicos, secagem e armazenagem”, comenta.

Sem procurar um fitoterapeuta, as pessoas acabam utilizando os produtos de forma errada e passam a acreditar que a planta não tem efeito algum. Os erros mais comuns dizem respeito à dosagem e à aplicação. “Um caso bastante conhecido é o do uso do confrei, que tem efeito cicatrizante”, diz Cristina. “Ele é de uso tópico, mas algumas pessoas começaram a ingeri-lo. Devido a isso, aumentou o número de casos de pessoas com câncer hepático. Este é um bom exemplo de erros de aplicação das plantas que pessoas leigas podem cometer.”

Outra falha é acreditar que os chás, muitas vezes tidos como “milagrosos”, podem ser utilizados de forma indiscriminada e não interferem no efeito de medicamentos comuns. Certas associações de produtos podem ser extremamente prejudiciais à saúde, cortar o efeito de um medicamento convencional e causar mal-estar em quem as utiliza.

Especialistas

Para não cometer erros, a dica é sempre procurar o auxílio de um fitoterapeuta. No Brasil, a profissão ainda não é reconhecida, mas existe uma associação nacional que emite certificados a pessoas capacitadas a trabalhar com a fitoterapia. Atualmente, quem mais utiliza as plantas em tratamentos são os acupunturistas e homeopatas.

No País, algumas entidades acreditam que a fitoterapia não deve ser vista como uma especialidade médica, mas como um recurso terapêutico. Assim, qualquer médico deveria saber prescrever fitoterápicos. “O grande problema disso é que os profissionais geralmente não recebem formação adequada sobre o assunto na universidade”, afirma Cristina.

No Paraná, existem 160 produtores de plantas medicinais integrandos à Central de Plantas Medicinais do Paraná, entidade que trabalha em cooperativa com pequenos produtores. O número de produtores independentes é desconhecido.

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