Uma pane na tireóide

Por mais que a dona de casa Rita de Cássia se dedicasse de corpo e alma às dietas era sempre considerada a mais ?cheinha? da sua turma. Além de uma tendência genética (sua mãe também tinha excesso de peso), ela deixou de praticar exercícios, quando ainda cursava o segundo grau, devido a um problema no joelho. Testou dezenas de dietas, mas não conseguia perder nem manter o peso. A causa do seu problema teve um diagnóstico quando ela recorreu a um endocrinologista. O diagnóstico: hipotireoidismo, uma doença que afeta, principalmente, as mulheres acima dos 35 anos, e que geralmente é confundida com obesidade, depressão ou conseqüências da menopausa.

São muitos os sintomas que indicam a presença do distúrbio, entre eles, o aumento de peso, queda de cabelo, ressecamento da pele, sensação de cansaço, alteração na menstruação e fraqueza. O chefe da Unidade de Tireóide do Hospital de Clínicas da UFPR, Hans Graf, adverte que, se não tratado adequadamente ou diagnosticado precocemente, o hipotireoidismo pode trazer sérias conseqüências para todo o organismo. ?Os hormônios produzidos pela tireóide se espalham por todo o corpo, se ela estiver desequilibrada, praticamente todo o organismo também estará?, comenta.

O hipotireoidismo manifesta-se pela deficiência dos hormônios produzidos pela tireóide, uma glândula que fica na parte anterior e inferior do pescoço e que desempenha importante papel no controle metabólico do organismo. Quando há desequilíbrio hormonal, como no caso de Rita, o tratamento é relativamente simples, só que essa rotina tende a se repetir pelo resto da vida, já que a doença pode se tornar crônica.

?Quando funciona em excesso causa o hipertireoidismo, quando é de menos, o hipotireoidismo?, explica Graf. Dos estimados 11% da população que é portadora da doença, cerca de 4% não apresenta sintomas – daí a importância do exame de sangue (TSH), a forma mais adequada e confiável para o diagnóstico do distúrbio.

Desequilíbrio hormonal

A constatação de que o hipotireoidismo vem aumentando são confirmadas pelos médicos, que se baseiam na experiência dos consultórios. A causa mais importante para o desencadeamento da doença é um desequilíbrio hormonal. Além dela, a hereditariedade e o sistema imunológico influem no surgimento da doença. Para muitas mulheres, o gatilho para o surgimento do distúrbio pode estar no estresse relacionado ao excesso de trabalho ou com a chegada da menopausa. Nesta fase, muitas se queixam de fraqueza, falta de fôlego, concentração e lapsos de memória.

Ao mesmo tempo em que surgem as dúvidas sobre um aumento real na incidência da doença, Graf lembra que os diagnósticos que identificam o hipotireoidismo melhoraram, ?conseqüentemente, os medicamentos também?, frisa. O mais indicado é a tiroxina, um hormônio sintético que substitui o que deixou de ser produzido pelo organismo, sem deixar nenhum efeito colateral. Durante muito tempo, o hipotireoidismo não era a primeira hipótese para muitas das queixas hoje relacionadas à doença, dizem os clínicos. ?Atualmente, avaliar a função tireoidiana é quase rotina?, constatam.

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