Um país de gordinhos

Apesar de parecerem assuntos distintos, a desnutrição e a obesidade têm como causa comum uma má alimentação, tanto na carência quanto no excesso dos principais nutrientes. Os mapas sobre desnutrição e obesidade, resultado de uma compilação de pesquisas realizadas pelo IBGE, retratam bem o perfil nutricional do brasileiro. Com base nesses levantamentos realizados no País sobre nutrição, verificou-se que o excesso de peso virou um grave problema para a saúde pública nas últimas décadas, tão importante quanto a desnutrição.

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada em 2003, revelam, por exemplo, que o brasileiro vem comendo de forma cada vez menos saudável, consumindo excessivamente alimentos industrializados, ricos em gorduras, sal e açúcares. ?A rotina acelerada, principalmente nas grandes cidades, fez o brasileiro trocar arroz com feijão e outros alimentos importantes por produtos oferecidos pelas redes de lanchonete fast-food?, observa a coordenadora de Política Nacional de Alimentação e Nutrição, Ana Beatriz Vasconcelos. Em supermercados e em outros estabelecimentos comerciais, os refrigerantes, biscoitos e salgadinhos também conquistaram a preferência dos consumidores.

Com efeito, ao trocar frutas, verduras e legumes pelos produtos industrializados, não só se multiplicam os casos de obesidade, mas, também, de uma série de doenças associadas ao excesso de peso e à alimentação inadequada, como hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, alguns tipos de câncer e outras doenças cardiovasculares.

Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, cerca de 40% dos adultos brasileiros estão acima do peso. Já a obesidade, que é descrita pelo Índice de Massa Corporal (IMC) – peso dividido pela altura elevada ao quadrado, afeta 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres adultas. Entre os adolescentes, o excesso de peso foi encontrado em 17,9% dos meninos e em 15,4% das meninas. Quase 2% dos adolescentes do sexo masculino estão obesos e entre o sexo feminino o número chega a 3%.

Alimentação saudável

Para prevenir e controlar problemas de saúde causados por distúrbios alimentares, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, pretende contribuir para melhorar a qualidade de vida das crianças, em ações conjuntas com os estados. Uma portaria interministerial instituiu que a educação alimentar deve ser trabalhada em sala de aula e procura promover uma dieta mais saudável por meio de mudanças nos cardápios das cantinas escolares. ?As escolas têm um papel importante ao dar um exemplo positivo, por isso o lanche das cantinas deve ser saudável e livre de produtos industriais?, afirma Patrícia Gentil, coordenadora do programa de alimentação saudável.

Outra medida voltada para melhorar a alimentação infantil é a regulamentação da propaganda e do marketing dos produtos alimentícios. Todo ano o mercado lança várias novidades, como produtos de baixos teores nutricionais e ricos em açúcar, gordura saturada, gordura trans, sódio e corantes. ?As indústrias devem ser reguladas, pois existe um abuso na influência aos consumidores pelas propagandas. Há um consenso sobre a importância de uma legislação que modere o fascínio que a propaganda de alimentos exerce, principalmente em crianças?, destaca Ana Vasconcelos.

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