Surtos de vírus influenza aumentam as hospitalizações e óbitos nesta época do ano

As campanhas anuais de vacinação contra a gripe voltadas para idosos, apesar de se tornarem uma importante e eficaz maneira de se combater as graves conseqüências do vírus influenza entre as pessoas de mais idade, não deve ser a única ação dos governos no combate à doença. A afirmação é de Keith Reisinger, pesquisador e professor de pediatria da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O médico sugere a vacinação anual de crianças, desde a idade pré-escolar, para conter a transmissão do vírus. ?Está provado que as crianças nessa faixa etária transmitem até 20 vezes mais o vírus do que os adultos?, garante.

Conforme o pesquisador, nos Estados Unidos, estudos apontam que uma em cada três crianças é infectada pelos vírus da gripe, enquanto que, entre os adultos, esse número não passa de um em cada dez. Reisinger participou, no Brasil, do lançamento do oseltamivir (nome comercial Tamiflu), um medicamento voltado ao tratamento do influenza em crianças de até 12 anos. A versão pediátrica do medicamento trata a gripe e não apenas os seus sintomas, e já está disponível no Brasil. A medicação é apresentada em forma de suspensão oral líquida, o que facilita a dosagem para essa faixa etária.

Segundo o infectologista pediátrico da Sociedade Brasileira de Pediatria, Otávio Cintra, o tratamento deve ser iniciado após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. Eles se caracterizam por febre alta súbita, dores no corpo, mal-estar geral, tosse e, às vezes, dor de garganta. ?A novidade na indicação do remédio é que ele é indicado para crianças a partir de um ano de idade?, avalia, lembrando que, até então, o medicamento estava disponível para maiores de oito anos, em cápsulas.

Consultórios lotados

Estudos internacionais apontam que a gripe é uma infecção respiratória comum na infância e sua incidência é três vezes maior do que em adultos. De acordo com o especialista, isso se deve ao convívio em grupos nas escolas, nos clubes e em outras áreas de maior convivência. ?É isto que torna as crianças as principais disseminadoras do vírus influenza?, atesta. Dentre as crianças que estão em idade escolar, sete em cada dez são infectadas e anualmente mais de 600 mil são hospitalizadas com o diagnóstico da doença.

Assim, os pais devem estar atentos aos sinais do corpo e tratar a doença logo no início, para que ela não se prolongue e provoque maiores complicações, como sinusite, bronquite, pneumonia e otite.

Basta uma pesquisa rápida entre as clínicas de pediatria para confirmar que o inverno traz mais uma temporada de doenças respiratórias, e as crianças são as principais vítimas dessas manifestações. Nesta época do ano, o movimento dos consultórios chega a aumentar em 50%. A doença, causada pelo vírus influenza, é altamente contagiosa, pois é transmitida pela via respiratória. ?A ausência de cuidados específicos pode levar às complicações graves, inclusive, risco de morte?, alerta Otávio Cintra.

Gripe não é resfriado

Muitas pessoas, principalmente, os pais, confundem influenza (gripe) ou resfriado, mas os sintomas da gripe são súbitos e mais intensos.

“A sensação é de que o corpo esteja com o dobro do peso, o que faz com que a criança fique desanimada e com vontade de passar o dia todo na cama, sem vontade para nada”, explica a pediatra Cintia La Scala. Com o objetivo de apontar o conhecimento que os pais e mães possuem sobre a gripe e o comportamento delas quando os filhos adoecem, o Ibope realizou uma pesquisa em 2007. Nela, foram entrevistadas 500 mães, pertencentes a classe A, com filhos de um a doze anos de idade.

Os dados apontaram que 74% delas sofrem algum tipo de mudança no dia-a-dia quando seus filhos estão gripados e 27% disseram que faltam ao trabalho quando isso acontece. A maioria perde, em média, dois dias de trabalho por conta desse distúrbio em seus filhos. O estudo também mostrou que mais de 20% das mães ainda acreditam, equivocadamente, que a gripe é uma complicação do resfriado.

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