Sob vários aspectos, manter a saúde bucal é fundamental

Gengivas sangrando, mau hálito, dentes com cárie são os sintomas mais comuns dos problemas dentários. Só que não ficam apenas nesses ?desconfortos? os danos à saúde causados pelos maus hábitos de higiene bucal. Os especialistas advertem que a cavidade oral, por ser um meio rico em bactérias de diferentes espécies, deve ser sempre mantida em perfeita condição de saúde. ?Quando isso não acontece, a boca pode propagar inúmeras doenças em várias regiões do corpo humano, dos quais alguns de extrema gravidade, como doenças cardíacas, caso algum tipo de bactéria caia na corrente sangüínea”, esclarece o dentista Écio Soares, da Oralclin.

A tendência da maioria das pessoas é achar que a saúde do corpo não tem ligação direta com a da boca, mas, muitas vezes, a causa de muitos distúrbios que deixam as pessoas debilitadas não está nos músculos nem na parte óssea ou nervosa do organismo, e, sim, na saúde bucal. Dentes que não recebem os cuidados necessários são ?portas abertas? para o surgimento de doenças como a cárie, a gengivite, a periodontite e, inclusive, o câncer bucal, ?o problema de maior gravidade e de mais ocorrências no Brasil, dentre todos os relacionados à saúde bucal?, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Não é para menos; no homem, o câncer de boca se encontra em sexto lugar entre as neoplasias malignas de maior incidência. No sexo feminino, a incidência é bem menor.

Lesões invisíveis

O problema de maior incidência a afetar a saúde bucal da população brasileira é, entretanto, a cárie, diretamente relacionada à falta de cuidados com os dentes e aos hábitos alimentares. Daí a dentista Renata Evangelista Chagas enfatizar a importância de cuidados como uma alimentação saudável, a higiene bucal diária, por meio da escovação e do uso do fio e do creme dental.

Écio Soares, além de sugerir visitas seguidas ao dentista, chama a atenção pela necessidade de se fazer exames radiológicos freqüentes. ?Muitas lesões que podem estar comprometendo o bom funcionamento do organismo, não são visíveis nos exames clínicos e podem trazer surpresas desagradáveis?, frisa.

A saúde bucal tem ampla influência em nosso organismo como um todo. Dentes estragados, ou a falta deles compromete a mastigação dos alimentos, provocando trabalho mais intenso de outros órgãos, como o estômago e o intestino. ?Com efeito, os alimentos não são bastante triturados, sobrecarregando as funções do estômago e prejudicando o processo digestivo?, constata Écio Soares.

Conforme preconizou a Conferência Nacional de Saúde Bucal, esta é parte integrante e inseparável da saúde geral da pessoa. Sua expressão assume, de modo geral, um significado equivalente a um conjunto de condições, objetivas (biológicas) e subjetivas (psicológicas), que possibilita ao ser humano exercer funções como mastigação, deglutição e fonação e, também, pela dimensão estética inerente à região anatômica, exercitar a auto-estima e relacionar-se socialmente sem inibição ou constrangimento.

A manutenção da saúde bucal sempre foi a grande preocupação dos dentistas. ?São poucas as pessoas que os procuram para a manutenção de dentes saudáveis, em comparação com a numerosa quantidade das que os visitam para conter processos de destruição dentária?, afirma Renata Evangelista Chagas. E ninguém melhor que o dentista para informar, à população, os riscos que podem comprometer a saúde bucal e os meios de preveni-los.

RETRANCA 2

Triste retrato

Vai mal a saúde bucal do brasileiro, apesar do Brasil ser um dos países com o maior número de dentistas do mundo (cerca de 203 mil cirurgiões-dentistas). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 27 milhões de brasileiros nunca foram ao dentista. Já levantamento do Ministério da Saúde, com mais de cem mil pessoas em 250 municípios, demonstrou que a perda dentária precoce é também um problema considerável. Cerca de 40% dos adolescentes na faixa dos 18 anos já não possuem todos os dentes na boca.

As estatísticas são mais alarmantes quando chegam aos adultos: mais de 28% não possuem nenhum dente com função em uma das arcadas, ou seja, foram todos extraídos ou os que restam estão comprometidos. Entre os idosos, três a cada quatro não têm nenhum dente funcional na boca. Além de dentes ruins, as gengivas ainda estão comprometidas. Mais de 70% da população adulta e 90% dos idosos brasileiros têm problemas na gengiva. Por trás de números tão desfavoráveis estão a falta de informações e a dificuldade de acesso a tratamentos na rede pública.

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