Risco de osteoporose aumenta na terceira idade

Primeiro uma queda com fratura óssea, mas as pessoas pouco se preocupam, afinal todos caem um dia. Tempos depois, um novo incidente e mais uma fratura. Nos anos seguintes, as ocorrências se tornam mais rotineiras. Só aí começa a preocupação em identificar as causas das quedas.

“O diagnóstico tardio da osteoporose pode custar muito caro, pois a doença pode ser descoberta em uma fase que medidas, como a ingestão de vitamina D e de suplementos de cálcio podem não surtir mais efeito”, alerta o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.

Conforme pesquisa recente, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens, com idades entre 50 anos ou mais, na Grã-Bretanha, sofrem de osteoporose, uma doença relacionada à idade, que afeta a forma como as células ósseas se renovam.

Como resultado, o osso se torna menos denso e mais propenso a quebras e fraturas. No Brasil, já são cerca de 10 milhões de portadores (aproximadamente um paciente  para cada 17 pessoas).

Sem sintomas

É fundamental investigar as causas da primeira fratura a fundo, para evitar que a segunda ocorra, com o objetivo de medidas preventivas imediatamente para um bom manejo da osteoporose.

As mulheres representam o maior grupo de risco da doença devido à redução de seus níveis de estrógeno, que caem de forma importante com a idade. “O maior problema para o diagnóstico da doença é que ela não apresenta nenhum sintoma até o aparecimento da primeira fratura, assim, o perigo está na possibilidade de ocorrência de quedas e fraturas múltiplas até o diagnóstico definitivo e correto”, observa o especialista.

Se em 2010, a Grã-Bretanha registrou em torno de 80 mil casos, as estimativas para 2020 são bastante sombrias, podendo ultrapassar 100 mil. Todos os anos, quase um terço dos pacientes britânicos morre em consequência de quedas e fraturas causadas pela osteoporose.

Outros 28 mil nunca voltarão a andar normalmente e 12 mil precisam de atendimento para o resto da vida em clínicas e lares de idosos, devido às complicações adquiridas com a doença.

Gastos crescentes

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, as quedas e suas consequências para as pessoas idosas têm assumido dimensão de epidemia. Os custos para a pessoa idosa que cai e é acometida por uma fratura são muito altos.

Além disso, atingem toda a família, na medida em que a pessoa idosa que fratura um osso acaba hospitalizada e frequentemente é submetida a tratamento cirúrgico.

A cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos da doença. Em 2009, foram R$ 57,61 milhões com internações (até outubro) e R$ 24,77 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose.

A quantidade de internações aumenta a cada ano e as mulheres são as mais atingidas. Entre elas, foram 20.778 mil internações em 2009. A queda entre os idosos pode causar sérios prejuízos à qualidade de vida desse grupo populacional, podendo acarretar em imobilidade, dependência dos familiares, sem falar no índice de mortalidade pós-cirúrgico. Nos casos mais graves, pode levar até a morte.

Acesso aos exames

“O padrão-ouro para o diagnóstico precoce da osteoporose é a realização de uma densitometria óssea”, reconhece o reumatologista. Segundo especialistas, todas as mulheres com mais de 50 anos que caíram e sofreram fraturas devem se submeter ao exame para verificar a possibilidade da existência de osteoporose e avaliar o risco de fraturas no futuro. Emb,ora não exista uma orientação oficial para os homens, a doença deve ser investigada, após uma fratura aos 50 anos ou mais.

Sérgio Lanzotti destaca a importância de programas públicos que tornem a densitometria óssea um exame mais acessível. Segundo dados da Revista Brasileira da Reumatologia, muitos médicos desconhecem a importância do exame.

Conscientizar os médicos sobre a importância do exame é o início de um trabalho de desenvolvimento de estratégias educacionais efetivas para a prevenção e o tratamento de pacientes com osteoporose.

“Em seguida, deve-se facilitar o acesso do paciente ao exame de densitometria óssea, para que a prevenção da osteoporose seja efetiva no Brasil”, completa o médico.

Prevenção é fundamental

Os especialistas concordam que as medidas preventivas, bem como os subsequentes tratamentos preventivos, reduziriam o risco de ocorrência de uma segunda fratura pela metade.

“É inaceitável que medidas preventivas contra derrames ou infartos sejam consideradas imprescindíveis, mas as que previnem osteoporose, não”, adverte Sérgio Lanzotti.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a osteoporose está atrás apenas das doenças cardiovasculares entre os principais problemas de saúde mundial.

Os estudos nos revelam que a possibilidade de morte por uma fratura de quadril em mulheres de 50 anos é similar à possibilidade de morte por câncer de mama. À medida que a população mundial envelhece, aumentam o impacto e os custos diretos e indiretos nos sistemas de saúde.

Devemos desenvolver iniciativas para conter e reduzir este impacto. A International Osteoporosis Foundation (IOF) estima que os custos diretos e indiretos de empresas européias, canadenses e americanas para tratar a osteoporose sejam de 48 bilhões de dólares por ano.

A maior parte dessa despesa relaciona-se com os custos durante o primeiro ano de tratamento após a fratura, enquanto  prevenção e gestão de tratamento farmacológico constituem apenas parte mínima no custo total.