Os riscos do inocente “drink” entre amigos na adolescência

As estatísticas mostram que o álcool é de longe, a mais perigosa das drogas, responsável por 90% das internações em hospitais psiquiátricos, responsável, ainda, por 45% dos acidentes com jovens entre 13 e 19 anos e por 65% dos acidentes fatais. O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID) diz que de 15.503 jovens entrevistados nas principais capitais do país, 53,2% consomem álcool e 6% são dependentes. Depois de beber, 11% envolvem-se em brigas e 19% faltam à escola.

Pelo fato do álcool estar tão próximo e acessível, ele deixa a impressão de que não causa mal algum. O álcool está inserido na cultura, presente nos lazeres e encontros adolescentes, presente dentro das casas, presente tanto na vida profana como no ritual religioso. Desse modo, consumir álcool pode parecer normal para o adolescente, sem muita censura ou orientação por parte dos pais.

Sabe-se que, nos EUA, no mínimo 65% dos adolescentes (entre 12 a 17 anos) já usaram álcool e 26% são consumidores regulares – faixa etária em que é proibido o uso de bebidas alcoólicas. No nosso país, embora tenha poder aquisitivo menor, apresenta índices semelhantes. Diz-se, por exemplo, que o consumo de álcool é maior do que de leite, nutritivo e bem mais barato do que as bebidas alcoólicas.

No Brasil, em torno de 71,42% das pessoas começam a usar bebida alcoólica antes dos 20 anos. A evolução do uso para o quadro de alcoolismo demora de 11 a 30 anos. Entre o início do uso na adolescência até a fase de configuração do quadro de alcoolismo e o tratamento, provavelmente essas pessoas se defrontam com sérios problemas na vida familiar, social, escolar e ocupacional.

Em outra pesquisa do CEBRID aponta que a faixa etária que apresenta maior índice de dependência de álcool entre homens (18,2%) é a de 18 a 24 anos. Essa é a idade que "vê menos risco em tomar um ou dois drinks por semana: 39,6% contra 42,2% em média".

A prevalência de casos de alcoolismo entre garotas também tem aumentado, bem como o envolvimento em acidentes de carro quando embriagadas. Isso significa que vem ocorrendo uma mudança de comportamento na última década: as garotas têm mais liberdade para freqüentarem locais e eventos onde se consome bebida alcoólica, antes mais restrita a adolescentes do sexo masculino. Aprendem, assim, a ter os mesmos comportamentos de consumo que os meninos.

Crise de identidade

A adolescência é uma fase caracterizada por mudanças rápidas no físico, no psicológico e no social, o que implica em uma crise de identidade. Por causa disso, é nesse período que o risco para o ingresso no uso de substâncias psicoativas se torna maior. Não apenas pelo fato de querer experimentar o novo, buscar novas emoções e desafios, mas também para encontrar nessas novas buscas as "respostas" para o seu viver.

Na elaboração de sua identidade, o adolescente percebe que o álcool pode amenizar momentos de angústias e interferir na busca do novo sentido de si mesmo. Porém, esse amenizar pode implicar num sentido de vida fragilizado. Geralmente, o adolescente percebe que quando consome álcool, teoricamente, as coisas ficam mais fáceis; contudo, não percebe que, inadvertidamente, pode transformar o consumo de álcool como parte da busca de seu sentido de vida ? ou seja, tornar o consumo de álcool como ingrediente indispensável na resolução de sua crise.

A sociedade atual também contribui para esse envolvimento em seus diversos segmentos, apontando para caminhos mais direcionados para o material do que para e essência. Isso serve também para a mídia que, influenciando o comportamento social, na maioria das vezes aponta caminhos para a obtenção de objetos de consumo, menos preocupados com respostas que visam o crescimento interior.

Também, não é demais repetir um dado importante: não existe consumo de álcool sem risco. Não é necessário ser um alcoolista para se ter problema com bebida alcoólica.

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