Obesidade infantil preocupa especialistas

obesidadeinfantil01060208.jpgMais um ano letivo se aproxima, trazendo com ele uma série de preocupações aos pais de alunos de várias faixas etárias. Muito se fala sobre os preços dos materiais escolares, o excesso de peso na mochila, os cuidados com o transporte escolar, sem contar as dúvidas sobre as questões pedagógicas encontradas em cada escola. Um outro tema que seguidamente vem sendo colocado em pauta são os cuidados com a alimentação das crianças. ?Hoje em dia, os pais também devem começar a se preocupar com esse aspecto, já que o índice de obesidade infantil vem crescendo entre as crianças brasileiras?, afirma a nutricionista Lucilene Andrade.

Uma campanha de orientação da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná (SBEM-PR) pretende alertar aos pais de que, neste período do ano, a principal lição de casa deve estar voltada, na verdade, à saúde dos filhos. Com efeito, os cuidados com a alimentação e a mudança de certas rotinas são fundamentais na busca da uma vida saudável e, essenciais, para se impedir graves problemas de saúde no futuro, adverte Rosana Radominski, presidente da SBEM-PR.

A endocrinologista destaca que a obesidade é uma das principais doenças que acometem as crianças em idade escolar. ?Estima-se que até 15% das crianças brasileiras sejam obesas porque, desde muito cedo, ingerem alimentos não saudáveis, altamente calóricos, consumidos em casa, nas cantinas das escolas e nos fast foods?, reconhece a médica.

Parque de diversões

obesidadeinfantil02060208.jpgEsses hábitos alimentares, somados ao sedentarismo e ao excesso de tempo gasto em frente à televisão, ao computador ou ao videogame, de acordo com a especialista, contribuíram nos últimos anos para um crescimento alarmante no número de obesos infanto-juvenis no Brasil, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Rosana Radominski lembra que, por outro lado, a criança que previne a obesidade se desenvolve melhor e, quando chegar à vida adulta estará protegida dos vários fatores de risco enfrentados por quem luta contra a balança, como a diabetes, hipertensão, elevação dos níveis de colesterol, todas com alto risco de mortalidade.

Longe da fiscalização dos pais, as cantinas das escolas se transformaram no ?parque de diversões? preferido dos alunos. Lá elas consomem os salgadinhos e guloseimas que, aliados ao sedentarismo, colaboram significativamente para o aumento do sobrepeso. A nutricionista comenta que, devido à falta de tempo dos pais, as crianças não levam mais a tradicional lancheira para a escola, não participando na escolha dos alimentos que o seu filho vai comer no período em que está na escola.

Segundo a nutricionista Cristiane Azevedo, há pais que, por comodidade, costumam optar por lanche mais fácil de ser preparado, que invariavelmente incluem produtos industrializados, como biscoitos, chocolates e salgadinhos. ?Mas esses alimentos têm poucos nutrientes, além de serem ricos em gorduras e calorias?, adverte. Uma opção é incentivar os pequenos a prepararem seu próprio lanche, guiando-os para os alimentos mais nutritivos. A idéia é educar as crianças de maneira que saibam o valor dos alimentos que contêm vitaminas e sais minerais e que não engordam.

Hambúrguer e batata frita

Conforme os especialistas, o lanche na escola deve suprir cerca de 15% das necessidades diárias de uma criança. Por isso, o lanche deve contemplar um equilíbrio de nutrientes. ?Os pais devem optar por alimentos mais saudáveis como os cereais, frutas, verduras e alimentos ricos em proteínas como o leite, queijo ou iogurte?, ensina Cristiane Azevedo.

As crianças que permanecem o período integral na escola necessitam do consumo de nutrientes duplicado. O ideal é que, no almoço, ela consuma entre 700 e 800 calorias. ?Um almoço saudável deve conter: verduras cozidas ou uma salada, uma porção de carne, de preferência branca, como peixe, peru ou frango, e uma sobremesa. Coxinhas, pastéis e outras frituras não devem substituir uma refeição normal?, ressalta Cristiane Azevedo.

Para os nutricionistas não há educação alimentar, em casa, que resista à tentação de uma cantina escolar sem controle. Felizmente, esse já é um cuidado que está se tornando habitual em muitas escolas do Paraná. ?A criança pode até comer um hambúrguer assado, desde que não venha acompanhado de batatas fritas?, ressalta Cristiane. Pode também se alimentar com biscoitos recheados, desde que não coma o pacote inteiro. Outra orientação é evitar o consumo de refrigerantes, preferindo sucos e achocolatados. Antes das voltas às aulas, a alimentação saudável é a primeira lição a ser aprendida.

Erros mais comuns

Dizer sempre "sim"

A criança sem limites vai abusar das calorias e das guloseimas. Devemos ter um dia por semana e situações em que podemos ser mais liberais.

Lanches fora de hora

O correto é a criança fazer entre cinco a seis refeições diárias, devendo evitar abusos fora destes horários.

A lanchonete, um grande programa

Este tipo de passeio tornará cansativa a rotina de se comer em casa.

Substituir refeições

Se a criança conseguir uma vez, vai repetir essa estratégia sempre.

Comer muito rápido, em frente à TV

As refeições devem ser feitas em locais sossegados, os alimentos bem mastigados e saboreados. 

Castigos

Ameaças só aumentam o trauma pela comida.

Evite o "não gosto disto"

Caso a criança se acostume a essa rotina, resistirá em experimentar outro tipo de comida.

Dê o exemplo

Não adianta pedir à criança para tomar suco se os pais não dispensam o refrigerante.

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