O especialista: A carne culpada

ms7090806.jpgA alegação de que a carne vermelha foi absolvida como causadora de doenças é absolutamente tendenciosa e falsa. Todos os estudos que compararam a saúde de vegetarianos com onívoros demonstraram claramente que a os vegetarianos apresentam menor incidência de todas as patologias comparadas.

A alegação de que isso é decorrente do estilo de vida dos vegetarianos não pode ser considerada como real, pois os semi vegetarianos (pessoas que ingerem carnes até 3 vezes por semana) demonstram uma ingestão de nutrientes muito parecida com os vegetarianos e, mesmo assim, apresentam maior prevalência de muitas patologias quando comparados com os vegetarianos.

Um fato curioso é que em todos os estudos os vegetarianos apresentam um padrão de consumo de alimentos mais saudável e adequado do que os onívoros. Poderíamos pensar que isso ocorreu, pois os vegetarianos são mais preocupados com a própria saúde do que os onívoros, mas isso não é verdade. Estudo (tese de mestrado da nutricionista Jussara Rodrigues) realizado no Congresso Vegetariano Mundial em 2004 demonstrou que apenas 27,8% das pessoas se tornaram vegetarianas por razão de saúde, sendo o princípio ético o motivo que impulsionou 53% das pessoas a se tornarem vegetarianas. Assim, não podemos considerar que a saúde é o principal motivo que leva as pessoas a se tornarem vegetarianas. O fato é que sempre os vegetarianos têm um padrão alimentar melhor do que os onívoros. Por quê? Não temos a resposta exata para essa constatação, mas ela é suficiente para que estimulemos as pessoas a não consumir carnes.

A alegação de que o consumo de carne magra em pequenas porções (100 gramas por dia) e apenas cozida seja saudável é uma teoria sem comprovação científica. Não foram realizados estudos científicos que comprovassem que, utilizando a carne dessa forma, a incidência de doenças seja menor do que não utilizar carne de modo algum. Utilizar a carne em pequena quantidade e apenas cozida, apesar de ser menos nociva do que o seu uso como churrasco, frita, assada, ou como embutidos (salame, presunto) – formas comprovadamente promotoras de câncer – não é uma garantia de que isso seja mais saudável do que não comê-la. Caso essa seja sua opção, saiba que está fazendo uma experiência com você mesmo.

A pirâmide de Harvard, baseada nessas informações, colocou a carne vermelha no topo, juntamente com os óleos e doces. Isso significa: se comer, consuma o mínimo possível. A Associação Dietética Americana e nutricionistas do Canadá são muito claros na orientação de que os profissionais da área da nutrição têm o dever de apoiar e encorajar os que desejam se tornar vegetarianos.

Eric Slywitch, coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira, especialista em nutrologia.

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