O desafio para uma boa saúde é a prevenção

Parece cair por terra a afirmação de que as mulheres se preocupam mais com a saúde, enquanto os homens parecem focar apenas nas preocupações cotidianas, como o trabalho, por exemplo.

A constatação vem de uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada na quinta-feira, 3 de março. O levantamento revelou que, apesar de 40% das mulheres estarem sempre de dieta, menos de 30% optam por alimentos light e diet nos supermercados. Além disso, mais da metade das entrevistadas admitiram não se cuidar como deveriam.

No estudo, outra estimativa também não se sustenta: a de que elas preocupam-se mais com exames e fazem consultas médicas com mais frequência do que os homens. Os dados dessa última pesquisa apontam que quase 60% confessaram que só vão ao médico quando estão realmente doentes.

Que as mulheres se preocupam em manter a forma, todo mundo sabe, mas poucas são as que conseguem preparar refeições saudáveis e praticam exercícios físicos regularmente.

O que mais preocupa os médicos é que elas estão deixando de fazer a prevenção. Dizem que dariam tudo para ter saúde, mas admitem que só buscam o médico quando é realmente necessário.

Ela tem as preocupações com o trabalho, tem que cuidar do marido, dos filhos e acaba faltando tempo para cuidar dela. “A saúde fica em último plano”, afirma Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia, que executou o levantamento.

De olho na prevenção

A especialista também destacou o baixo uso de preservativos entre as mulheres: só 49% disseram utilizar camisinhas em novos relacionamentos.

“O baixo índice é preocupante. Isso é um risco para elas mesmas”, ressalta a pesquisadora.

O estudo também apontou que 65% das mulheres fogem da dieta pelo prazer de comer alimentos que não fazem bem à saúde e que só 34% praticam esportes pelo menos uma vez na semana.

O levantamento foi feito entre agosto de 2009 e julho de 2010 em 10 capitais – entre elas Curitiba – e municípios do Sul e Sudeste. Cerca de 20 mil pessoas entre 12 e 64 anos participaram do estudo.

Menopausa, depressão, tensão pré-menstrual (TPM), câncer de mama, osteoporose, HPV. Esses são apenas alguns dos distúrbios que deixam as mulheres de cabelos em pé, quando a questão é a manutenção de uma vida saudável.

Isso sem falar da celulite, das estrias, da gordura localizada e do envelhecimento precoce. Mesmo com todas as aflições causadas pelas doenças predominantemente femininas e, nem sempre, fáceis de resolver, o desafio delas é manter funcionando essa máquina engenhosa que é o corpo da mulher.

A boa notícia é que, nos dias de hoje, os avanços da medicina fazem com que a prevenção e o tratamento de diversas doenças e a resolução das principais questões de saúde estejam, praticamente, ao alcance de todas.

Essas conquistas ajudam a mulher a cuidar-se melhor. Além disso, nunca elas receberam tantas informações sobre hábitos preventivos, muitos deles bastantes simples, mas que, no fim das contas, resultam em grandes benefícios na tão desejada qualidade de vida.

Cuidados em todas as idades

Ao longo da vida, a mulher passa por profundas transformações, físicas e emocionais. Cada fase tem suas necessidades específicas. Por isso, adotar hábitos saudáveis pode fazer a diferença para que elas vivam mais e melhor.

Aos 20 anos – Período ideal para adquirir hábitos saudáveis para a vida inteira. Nessa etapa, o ginecologista deve receitar o anticoncepcional q,ue mais se adapte ao seu organismo.

Época de produção hormonal intensa. Não se deve deixar sintomas genitais sem tratamento. É nessa época também que o organismo responde rápido a dietas e exercícios. É bom iniciar os autoexames das mamas.

Aos 30 anos – A prática de exercícios nessa faixa etária ajuda a não desenvolver doenças relacionadas com os fatores hereditários, como diabetes e hipertensão. É época de começar a prevenir a osteoporose.

A partir dos 30 anos a mulher deve começar a medir com mais assiduidade, os seus níveis de colesterol, triglicerídeos, hormônios e glicose. A visita anual ao ginecologista é indispensável.

Aos 40 anos – O climatério começa a se manifestar por meio das irregularidades menstruais. O processo de envelhecimento se anuncia com mais nitidez. É hora de saber tudo sobre a reposição hormonal.

Exames complementares, como o eletrocardiograma de esforço, para diagnosticar arritmias cardíacas e obstruções nas artérias, devem fazer parte da rotina anual. Época de passar por uma densitometria óssea para detectar a osteoporose.

Aos 50 anos – Tempo de ficar preocupada com os efeitos do tempo sobre corpo e mente. Não deixar de ir ao oftalmologista anualmente. Investir em uma dieta saudável.

Consulte um dermatologista para avaliação das manchas que começam a surgir e de eventuais lesões permanentes. Mantenha a rotina anual dos seus exames de sangue, que devem incluir testes de glicemia, tireóide e hormônios.

Aos 60 anos – Fique atenta aos sinais da depressão, que costumam ser comum nessa idade. Hora de reavaliar os medicamentos até então em uso. Aumentam as possibilidades de catarata e glaucoma, portanto, reforce os cuidados com a visão.

Prefira os alimentos ricos em cálcio, desnatados, menos gordurosos. Se já passou dos 65, vacine-se anualmente contra a gripe e, se houver necessidade e assim o médico prescrever, contra a pneumonia. Atenção às quedas, fraturas e manchas.  

A partir dos 70 anos – Continue mantendo os cuidados pessoais, evite situações que possam levá-las ao estresse e à depressão. Continue com as caminhadas. Fique de olho nas pintas que mudam de cor ou que aparecem, inesperadamente, de forma saliente. Medir a pressão arterial constantemente. Atentar para possíveis sinais de demência, incontinência urinária, déficits de percepção (audição, visão).

Fonte: José Alexandre Portinho, ginecologista.