Muito além da cura

Às vezes, as pessoas pensam que a medicina é algo como: ?ligue os pontos?. Sintoma A mais sintoma B deve ser igual à doença C. Em alguns aspectos, é assim mesmo, o corpo humano é uma fábrica lógica e mecânica, que funciona por meio da constante realização da mesma rotina. Embora se tenha conhecimento sobre grande parte do funcionamento do corpo humano, às vezes os operários da fantástica fábrica fazem uma pausa ou decidem fazer algo diferente, como se revoltar e bagunçar toda a linha de produção.

É aí que, por vocação ou por opção, entram em cena os médicos, aqueles profissionais que dedicam suas vidas para tentar amenizar o sofrimento das pessoas e a curar os organismos enfermos. É possível que o conceito de vocação médica seja tão abstrato que comprometa o seu total entendimento, ou seja, estaria incluído na categoria dos conceitos inexplicáveis, que ninguém é capaz de definir, só se contentando em descrever as situações em que se tornam presentes.

A grande dificuldade que enfrentam para serem aprovados no vestibular já demonstra, nos acadêmicos, a existência de uma forte determinação para estudar medicina. Evidentemente, tal quesito não garante que todos sejam possuidores de vocação médica. Uma pesquisa realizada entre os acadêmicos de primeiro ano dos cursos de Medicina, em São Paulo, mostra que aproximadamente 63% dos alunos têm algum médico na família. Em geral, alunos de ambos os sexos optam pela medicina precocemente, enquanto que um número maior de homens se identificou com alguém para a escolha da profissão.

Elas, sensíveis; eles, práticos

Quanto às motivações conscientes para a escolha da profissão, alunos e alunas destacaram o altruísmo, o interesse pela relação humana e o perfil da profissão. A maioria procurou obter informações sobre o curso médico antes do vestibular, enquanto 1/3 foi desencorajado a tentar a carreira por familiares ou amigos, mas não desistiu. Embora apenas 10% possuam uma imagem inteiramente favorável da profissão, a maioria acredita que terá a vida privada afetada pelo cotidiano profissional.

Também acham que, durante o curso, terão dificuldades em relação ao tempo, a complicada relação médico-paciente, ao excesso de matérias, ao estudo, ao estresse e ao exame de residência. Para eles, o bom médico deve ser altruísta em primeiro lugar. Além de humano, esforçado, responsável, humilde, calmo e honesto, também deve ser habilitado tecnicamente, ter boa relação com o paciente e gostar da profissão.

O teste de personalidade mostrou que as alunas tendem a ser mais sensíveis, delicadas e empáticas, enquanto os alunos são mais práticos, independentes, objetivos e criativos. Porém, quando se leva em conta todos os fatores de personalidade estudados, não há diferença entre os dois grupos.  Ambos apresentaram poucas diferenças e demonstraram que possuem uma verdadeira predisposição altruísta hipocrática, que os levou à escolha da profissão médica.

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