Medicina fetal: As malformações sob controle

A descoberta precoce de algumas doenças durante a gravidez aumenta substancialmente as chances de sobrevivência do bebê, além de ajudar no planejamento das intervenções logo após o parto, reduzindo assim os riscos para a mãe e para a criança. Este é objetivo principal da medicina fetal, que aparece como um importante aliado na prevenção de doenças, garantindo a qualidade de vida da mãe e do bebê.

Um dos exemplos da nova etapa dos exames fetais é um exame ultra-sonográfico que detecta precocemente a síndrome de Down. Realizado no período inicial da gravidez, o exame utiliza uma técnica mundialmente conhecida e já disponível no Brasil. A investigação avalia o osso nasal do feto entre a 11.ª e 14.ª semana de gestação. Especialistas confirmam que qualquer anormalidade encontrada nesse estágio da gestação está altamente relacionada com a incidência da doença. O exame traz mais tranqüilidade para as futuras mamães, e deve ser indicado pelo médico que acompanha o seu pré-natal.

Avaliação precoce

Segundo Rosangela Trovo Hidalgo, médica radiologista do DAPI – Diagnóstico por Imagem, o exame do osso nasal tem se mostrado eficaz na redução de procedimentos invasivos, diminuindo cerca de cinco vezes o número de abortamentos em função das punções até então utilizadas para a investigação precoce da doença. Segundo a médica, esse tipo de exame é um procedimento comumente realizado no segundo trimestre da gestação, por ocasião da ultra-sonografia morfológica. "Porém, avaliar fetos mais precocemente, no primeiro trimestre, e não ficar esperando por uma avaliação mais tardia, traz benefícios consideráveis", avalia.

O aprimoramento tecnológico que os aparelhos de ultra-som receberam na última década, aliado ao conhecimento dos profissionais médicos, acumulado nas últimas três décadas, acerca do desenvolvimento normal e anormal da gestação, permite que atualmente seja possível avaliar, de forma não invasiva, o adequado desenvolvimento da gestação. Nos casos em que há a detecção de algum problema com o bebê ainda no útero da mãe, é à medicina fetal que os pais devem recorrer.

De acordo com os médicos, quando o especialista nessa área acompanha um caso complicado, é fundamental ter à sua volta uma equipe multidisciplinar composta por profissionais das mais diversas especialidades, cada um com sua área específica de atuação. Dessa forma, é possível assessorar os pais da forma mais completa e global possível, declaram.

 ALGUNS EXAMES DE MEDICINA FETAL

Viabilidade Embrionária (5 a 10 semanas) – É possível verificar se o embrião está se desenvolvendo normalmente dentro do útero.

Translucência Nucal (11 a 13 semanas) – Investiga a probabilidade da presença de doenças cromossômicas (síndrome de Down e outras), algumas doenças cardíacas e síndromes genéticas.

Biópsia do vilo-coral – BVC (11 a 13 semanas) – Quando o risco para as doenças cromossômicas estiver aumentado, realiza-se a BVC, que é a coleta de pequeno fragmento da placenta, para ser enviado a laboratório especializado.

Amniocentese para Estudo Cromossômico (15 a 20 semanas) – Embora realizada mais tardiamente que a BVC, é uma outra opção para detectar anomalias cromossômicas.

Amniocentese para Diagnóstico de Infecções Fetais (após 15 semanas) – Através da análise no líquido amniótico (PCR) é possível saber se o feto está infectado por infecções maternas, entre elas, a rubéola, citomegalovírus e a toxoplasmose.

Cordocentese (após 20 semanas) – É a punção do cordão umbilical para a coleta do sangue fetal. Possibilita a realização de inúmeros exames laboratoriais.

Exame Morfológico Fetal (18 a 24 semanas) – Em torno de 20 semanas de gestação é a melhor época para se realizar a ultra-sonografia com finalidade de detectar anomalias físicas, maioria das doenças cardíacas e rastreamento de mais 20 marcadores que podem sugerir anomalias cromossômicas. É um exame muito importante, recomendado a todas as gestantes.

Dopplervelocimetria (após 20 semanas) – Com o mapeamento a cores das artérias uterinas é possível prever, com bastante precisão, se a gestante irá apresentar, no futuro, alterações circulatórias ao nível da placenta, com alto risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia e insuficiência placentária.

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