Mal de Alzheimer e longevidade

Sendo uma doença pouco conhecida pela maioria das pessoas, o Mal de Alzheimer é responsável por mais de 50% dos casos de demências, comprometendo a qualidade de vida de mais de um milhão de brasileiros. A tendência é de aumento dessas cifras, devido à maior longevidade da população, ocorrendo em 30% das pessoas com mais de 80 anos e mais da metade das pessoas com mais de 90 anos.

Doença degenerativa do cérebro, de evolução lenta e progressiva com tendência para a cronicidade e incapacidade, tem a morte dos neurônios acelerada pelo acúmulo de proteínas, sendo a mais comum a beta-amilóide. Entre as supostas causas da doença, a mais aceita é a da deficiência do neurotransmissor acetilcolina. Outras hipóteses são: a genética ligada ao cromossomo 21, o mesmo da Síndrome de Down, a teoria infecciosa, do trauma por ser mais freqüente em pessoas com história de traumatismo de crânio, como pugilistas, e a teoria dos radicais livres de oxigênio que, pelo seu alto grau de reatividade química, determinam lesões nos neurônios.

Dos sintomas, o primeiro que chama a atenção dos familiares e amigos é a perda da memória, principalmente para fatos recentes, muitas vezes confundida com o próprio processo de envelhecimento. Na evolução, surgem dificuldades nas atividades do cotidiano, dificuldades no raciocínio, uso incorreto de palavras, ficar confuso em relação ao local, dia ou horário, alterações de humor e do comportamento, como agitação e agressividade, alterações do sono, porém com a característica de sempre permanecer alerta.

Na fase avançada, o paciente passa a depender totalmente dos familiares e cuidadores, ocorrendo a morte por complicações decorrentes da imobilização, como ocorreu, recentemente, com o ator Charles Bronson, que, portador do Mal de Alzheimer, morreu de pneumonia. O diagnóstico provável continua sendo clínico, baseado na história e na aplicação do mini-exame do estado mental.

Os exames de laboratório e de neuroimagem, como a ressonância nuclear magnética do crânio, servem para afastar outras causas de demências, algumas passíveis de tratamento com melhora do quadro clínico. A duração média da doença é de 8 a 10 anos, afetando a saúde dos familiares e cuidadores. Ocorre um aumento da expectativa de vida com a introdução de novos medicamentos, que, embora não determinem a cura, fazem com que os pacientes vivam melhor.

Os familiares e cuidadores contam com o apoio da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer, doenças similares e idosos de alta dependência), orientando sobre as várias fases da doença; como manuseá-las, respeitando sempre o paciente; corrigir idéias erradas que existem sobre a doença, além de dar ênfase aos aspectos preventivos.

O tratamento é sempre multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, musicoterapeutas, odontólogos, pedagogos e a pastoral da saúde. O sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce.

Luiz Bodachne

é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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