Informação reduz sofrimento dos pacientes

A luta contra o câncer vem sendo acompanhada por grandes avanços e mudanças no tratamento oncológico.

Anos atrás, quando um paciente era diagnosticado, a maior preocupação dos médicos especialistas era em relação à sobrevivência desse paciente.

Hoje, no entanto, o médico também está voltado para a qualidade de vida que o paciente terá durante e após o tratamento do câncer. Os preconceitos, tabus e a falta de conhecimento sobre o câncer e os tratamentos que fragilizam e podem paralisar o paciente diante de tantas novidades.

Pensando nisso, um crescente número de clínicas oncológicas e hospitais do Brasil estão investindo na criação de serviços especializados de orientação multidisciplinar e apoio aos pacientes que irão iniciar o tratamento, desmistificando assim o câncer e em especial, a quimioterapia.

As dúvidas mais freqüentes dos pacientes que vão iniciar a quimioterapia são em relação à adaptação do tratamento ao seu dia-a-dia. Eles querem saber o que podem e o que não podem fazer durante o tratamento.

“Alguns pacientes não sabem que é possível levar uma vida normal durante a quimioterapia, aliás, muitos podem continuar trabalhando durante esse período”, enfatiza a enfermeira especialista em oncologia, Cristina Ito.

Efeitos colaterais e nutrição

Apesar dos avanços na medicina ainda não é possível afirmar que o tratamento quimioterápico não apresenta efeitos colaterais. Só que a cada dia tais desconfortos e distúrbios são menos recorrentes, com as reações adversas ao tratamento apresentando-se em escalas menores, com importantes possibilidades de serem controladas.

Os efeitos colaterais mais freqüentes que os agentes quimioterápicos provocam são: náusea, vômitos, falta de apetite, constipação, diarréia, queda de cabelo e queda da imunidade do corpo.

“A queda da imunidade (diminuição das plaquetas, leucócitos e hemoglobina) é uma das principais vilãs nesta fase podendo desencadear, quando não controlada, uma série de complicações”, alerta a enfermeira.

Durante essa etapa, o paciente precisa rever seu conceito de urgência, ou seja, o momento de entrar em contato com o médico ou equipe de suporte deve ser sempre antes do que ele estava acostumado a fazer e por conta disso, alguns cuidados especiais são sempre necessários.

A nutrição adequada é especialmente importante para os pacientes que estão sendo submetidos ao tratamento de câncer, tanto para melhorar os resultados destes tratamentos, como a sua qualidade de vida.

Para a nutricionista, Satiko Watanabe, ações extremas nunca são recomendáveis. “O paciente chega com uma carga de ansiedade muito grande e com inúmeras dúvidas sobre o que ele poderá ou não comer”, reconhece a nutricionista.

Assim, deixar de comer algo não é indicado. Uma alimentação equilibrada faz parte do processo de recuperação de qualquer pessoa doente.

Bem nutrido, o corpo reage melhor às medicações, ganha energia para enfrentar as terapias, é capaz de driblar eventuais infecções que possam aparecer. “Além de minimizar a perda de peso e favorecer a recuperação do estado geral”, acrescenta a especialista.

Informação é tudo

A fim de proporcionar bem-estar a quem vive com câncer, uma poderosa arma é a informação. A importância da orientação desde o momento do diagnóstico assim como durante todo o tratamento aumenta a segurança do paciente.

De acordo com a psico-oncologista, Luciana Holtz de Camargo Barros, a informação prepara e evita que o paciente seja pego de surpresa, modificando a forma como ele se posicionará durante o tratamento.

“Na minha experiência como psicóloga percebo que o paciente informado assume uma postura mais ativa diante do s,eu próprio tratamento”, avalia a terapeuta, ressaltando, ainda, que é muito importante que o paciente saiba que é possível ter qualidade de vida nessa etapa.

“Quando falamos em qualidade de vida, estamos abordando todos os aspectos que envolvem a vida desse paciente, ou seja, bem estar físico, emocional, social, familiar, espiritual enfim, uma série de preocupações que às vezes são deixadas de lado durante o tratamento”, finaliza completa Luciana Barros.