Importância da qualidade do sono é pouco defundida

Quando se fala em saúde, os primeiros assuntos que surgem são com relação à alimentação, exercícios físicos e os maus hábitos da população – como excesso de bebida e cigarro. Um fator primário e que quase sempre é esquecido nas discussões sobre saúde é a qualidade do sono. Uma boa noite de sono é essencial para um saúde adequada e qualidade de vida de todo ser humano. O repouso proporcionado pelo sono permite que o cérebro mantenha seu bom funcionamento e que o corpo relaxe para os compromissos do dia seguinte.

Vários estudos relacionados ao assunto foram apresentados na última semana durante o 9º Congresso Brasileiro de Estudos do Sono, em Vitória, no Espírito Santo. De acordo com as pesquisas apresentadas, os distúrbios do sono estão se tornando um dos principais problemas de saúde entre a população mundial. A insônia afeta todo o organismo de uma pessoa. A falta de sono pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, hipertensão arterial, problemas pulmonares, depressão e impotência. “Por muito tempo, não houve os estudos necessários sobre os distúrbios do sono e o que eles acarretam para uma pessoa. É necessário promover uma conscientização sobre o assunto, que é realmente sério. As pessoas têm que ter conhecimento do males que isso pode causar”, alerta o médico pneumologista Sérgio Barros.

Dos 93,7% de brasileiros que afirmaram ter distúrbios de sono, 53% não tomam nenhuma providência para resolvê-los. A médica neurologista, Dalva Lúcia Poyares reforça a gravidade do problema. “Deveriam existir iniciativas educacionais tanto para os pacientes quanto para os médicos. Em muitos casos, o médico não ouve as indagações do paciente e acaba não descobrindo o que realmente está acontecendo. Um problema de saúde pode naturalmente ter surgido por causa de um sono de má qualidade”, diz.

Na sociedade

A insônia influencia negativamente no o dia-a-dia das pessoas. Segundo os dados apresentados no congresso, 41,1% dos trabalhadores que sofrem de insônia acabam faltando ao emprego. Outro dado relevante é sobre o impacto do problema na vida social. 13% da população que possui dificuldades para dormir não têm um bom relacionamento com a família e amigos.

O número sobe para 30% quando se trata do relacionamento com o cônjuge. “A insônia ataca a grande maioria da população. Alguns são ocasionais, mas uma boa fatia da população sofre com a insônia crônica, que é mais frequente. Essa questão deveria ser tratada como um problema de saúde pública”, indaga a Dalva.

Dados da pesquisa também mostram que, do total de brasileiros com problemas de sono, 19% sofrem há aproximadamente 7 anos. “Muitas pessoas não vão até o médico com medo de pegarem uma receita de um medicamento que possa ocasionar dependência. Outros por não acharem tão importante ou até mesmo por estarem envergonhados de discutir com o médico um assunto que ainda é pouco divulgado”, completa Sérgio Barros.

Medicamentos e ações que podem evitar insônia

Tomar um medicamento sem o risco de dependência. Esse é o maior medo das pessoas que têm problemas com sono. Durante o encontro com especialistas brasileiros, o professor Göran Hajak, da Universidade de Regensburg, Alemanha, discutiu um novo esquema de dosagem para o uso de medicamento para o sono, com maior segurança e menor risco de dependência.

O professor apresentou os resultados de um ensaio clínico realizado com um novo indutor de sono, chamado “Zolpidem”, no Brasil conhecido como STILNOX(r), e que é desenvolvido pelo laboratório Sanofi-Synthébalo, para o uso como tratamento de pacientes com insônia.

“Fizemos um ensaio clínico com 6.000 pacientes de todo o mundo. Eles realizaram oito ensaios clínicos, e pudemos concluir ao final dos testes que o novo medicamento, prescrito quando necessário e de forma não contínua, seria uma escolha ideal para os pacientes que não sofrem de insônia todas as noites”, completa.

A maioria dos insones não apresenta problemas todas as noites. Esse tipo de tratamento, alternando os dias de ingerir o medicamento, reduz o risco de dependência. “O programa geral de tratamento com a nova medicação confirma que, sob supervisão médica, o uso alternado da substância é seguro e eficaz” afirma Hajak.

Sono melhor

Apesar do novo medicamento, Goran destaca alguns cuidados podem ser tomados pelas pessoas que têm insônia. Segundo o professor, “cada um deve conhecer o seu próprio organismo antes de decidir o que tomar e o que mudar na sua rotina. Só assim poderá ser resolvido o problema de insônia, seja ele crônico, ou apenas ocasional”.

De acordo com Goran, a mudança no hábito é um ponto fundamental. “Trabalhar em horário que não atrapalhe o tempo de sono, dormir mais cedo e não se alimentar perto da hora de deitar já ajudam a melhorar o sono”, diz.

Outro ponto citado pelo professor foi com relação aos estímulos de controle de sono. “A pessoa não está com sono e, mesmo assim deita na cama. Caso comece a refletir sobre o seu dia, pensar nos problemas e nas atividades do dia seguinte, levante e saia do quarto. Só volte para a cama quando perceber que está com sono. Se não conseguir dormir, repita tudo de novo”, alerta.

Conseqüências da insônia

– Mudanças de humor constantes

– Irritabilidade

– Alternância entre euforia e depressão

– Falta de interesse pelo meio em que se vive

– Problemas com a visão (ardência nos olhos, alucinações, dificuldade de responder alguma pergunta e amnésia de fatos recentes

ALERTA

A insônia é fator de risco para doenças psiquiátricas

O risco de depressão é 4 vezes maior em uma pessoa com insônia, do que naqueles que não tem dificuldade para dormir.

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