Hepatite, doença com alta prevalência

Há vários tipos de hepatite. No Brasil, os mais conhecidos são originários dos vírus A, B e C. Os mais complicados são E e C. A maior incidência da doença é a hepatite B, mas o vírus C, só descoberto na década de 1980, é considerado, nos dias atuais, como um verdadeiro flagelo da humanidade. É importante ter consciência que a hepatite viral é doença infecciosa e com grande possibilidade de transmissão.

Em relação ao tratamento dessas enfermidades, foram descobertas novas drogas, apesar de algumas delas serem caras. Para a hepatite C, foi desenvolvida nova forma de Interferon, que aumenta sobremaneira a erradicação precoce do vírus e a cura do doente. Na hepatite B, a droga descoberta mais recentemente é o Lamivudina. Atualmente, a recomendação é o diagnóstico individual para os diferentes vírus de hepatite e outras doenças bacterianas que precisam ser tratadas com antibióticos. Às vezes, os sintomas da hepatite se confundem com os da gripe, principalmente a hepatite A.

O índice de cronificação da hepatite B chega perto de 10% dos pacientes; os outros 90% eliminam o vírus por si sós, mas quem adquire o vírus C não tem a mesma sorte: de 80% a 90% vão cronificar. “Muitos pacientes portadores de hepatite C que procuram o médico já apresentam complicações, como a cirrose hepática. Nesta fase, o tratamento é mais difícil, e pode necessitar de transplante de fígado, por exemplo.”(Médico gastroenterologista Mauro Roberto Duarte Monteiro.)

Somente 20% dos pacientes com hepatite C são curados. Dentre os 80% a 90% que cronificam, muitos desenvolvem hepatite crônica e podem, em prazo de 20 a 25 anos, desenvolver cirrose e câncer de fígado.

Normalmente, o paciente infectado por algum tipo de vírus da hepatite, quando chega ao consultório médico ou ao hospital, reclama de fraqueza, mal-estar e apresenta febre, manifestações comuns das doenças virais.

A hepatite A é doença própria de crianças e adolescentes. Em adultos, a ocorrência de sintomas é prolongada, como amarelão por 6 meses. Não são necessários cuidados especiais em relação à alimentação e repouso.

Nas transfusões, a transmissão das hepatites B e C é bem superior à da aids.

Do ponto de vista epidemiológico, há pessoas com maior chance de ser infectadas pela hepatite B, os chamados grupos de risco, incluindo médicos, enfermeiros, bioquímicos que coletam sangue e todos que têm contato com sangue ou secreções de pacientes doentes ou portadores do vírus da hepatite B. Por isso, é obrigatório que os médicos sejam vacinados contra a hepatite B.

A transmissão da hepatite A é por via oral, por intermédio de água e alimentos contaminados, e por fezes em locais onde desemboca a rede de esgoto. Não há contaminação interpessoas. O vírus A fica no sangue por um período curto, não cronifica e, na maioria das vezes, passa despercebido. Em 0,5% das pessoas, pode manifestar reações anormais, que matam o paciente de maneira fulminante, destruindo o fígado. Nos meses de verão, aumentam os casos de hepatite A, principalmente em pessoas que tomam banho em locais impróprios nos rios, lagos e praias com águas contaminadas.

Dependendo da região, 2,8% da população é infectada pelo vírus C. As hepatites B e C são doenças especialmente vinculadas por sangue, transfusão, relações sexuais, quando não são usadas medidas preventivas, e pelo compartilhamento de seringas e agulhas quando do uso grupal de drogas injetáveis. A transmissão da hepatite C ocorre principalmente por via sangüínea. Por isso, hoje são redobradas as atenções nos bancos de sangue e transfusões. Para as hepatites A e B, já existe vacina preventiva. Quem for fazer tatuagem e usar piercing cuide bem da segurança e esterilização dos materiais utilizados.

A ocorrência de cirrose hepática como conseqüência da evolução da hepatite C é maior que nas demais formas de hepatite viral, portanto, a necessidade de transplante hepático é superior aos demais tipos de hepatite provocados por outras variedades de vírus. Porém, os pacientes transplantados não ficam livres do vírus da hepatite C, pois a realização do transplante de fígado não possibilita a retirada do vírus do sangue ou de outros órgãos.

Marcos Kleinner e José Luiz de Andrade Neto são médicos e professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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