Genéricos: muito a comemorar

A preocupação em solicitar a indicação de medicamentos genéricos em substituição aos remédios de referência tem passado longe da publicitária Jordhana Lima. É que seu médico, ao prescrever algum tratamento, já indica tal opção na receita que ela leva à farmácia. Mas nem todos os médicos agem dessa maneira, muitos ainda confiam somente nos medicamentos de referência ou de marca, como também são conhecidos. Mesmo assim, ano após ano, o mercado de genéricos vem ganhando mais espaço. Em 2005, por exemplo, a sua participação no mercado de medicamentos saltou de 11,01% para 12,64%, um crescimento de 9,32%.

Nesse período, os brasileiros consumiram 23,2% mais medicamentos genéricos em relação ao ano anterior, índices que levaram as empresas do segmento a ter um movimento 56,5% maior no ano, conforme dados do IMS Health, empresa responsável por auditorias nesse setor. Apesar disso, tal evolução nas vendas ainda não convenceu o diretor de arte Rafael Russo, que prefere os medicamentos de referência. ?No meu caso, os analgésicos e, até mesmo, os antibióticos genéricos, demoram mais tempo para fazer efeito?, frisa.

O hematologista e vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Paraná, Cleverson Krum, lembra que a composição do medicamento genérico é a mesma daqueles de marca. ?Muitas vezes, a confusão se dá na comparação com medicamentos similares, cuja eficiência não é comprovada?, esclarece. Para resolver esse imbróglio, o dirigente alerta para que os consumidores solicitem ao balconista a substituição por genéricos, não aceitando de maneira alguma a troca por remédios similares na dispensação do medicamento.

Confiança e economia

Se para quem vai pouco à farmácia a opção dos medicamentos genéricos já representa uma economia significativa, para quem precisa seguir algum tratamento médico e é obrigado a comprar mensalmente determinado tipo de medicamento só trouxe benefícios, afinal, na maioria das vezes é sempre difícil arcar com os elevados custos dos remédios. ?Entre 40% e 50% mais barato do que o medicamento de marca?, ressalta Krum. Sem contar que, além de aliviar o bolso dos consumidores, os genéricos contribuem para pressionar para baixo os preços dos próprios remédios de referência. Conforme especialistas do setor, a competição levou a uma queda de quase 8% no preço dos remédios em 2005.

A diretora-executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), Vera Valente, está otimista em suas estimativas para este ano, em especial por causa do vencimento, a partir de 2006, de patentes importantes, com potencial de vendas de mais de US$ 330 milhões nos próximos cinco anos. Também pela possibilidade de abertura do mercado de contraceptivos e hormônios aos genéricos, já que o prazo para consulta pública das normas foi encerrado em janeiro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), faltando agora apenas a sua publicação.

Segundo a dirigente, o crescimento também resulta de uma maior conscientização do consumidor, "que aprendeu a confiar na eficácia do genérico e aproveitar o seu baixo custo?. Para Cleverson Krum, os farmacêuticos também estão percebendo que os genéricos proporcionam negócios rentáveis e reservam cada vez mais espaços em seus pontos-de-venda para agradar a seus consumidores.

NÚMEROS QUE VALEM

* Existem 1.847 medicamentos genéricos registrados na Anvisa.

* 310 são os princípios ativos utilizados por esses medicamentos.

* No Brasil, 66 laboratórios detêm o registro oficial para fabricação de tais medicamentos.

* 34% dos genéricos comercializados são indicados para infecções.

* 23% são para dores e inflamações.

COMPARE

Referência* Genérico*

Analgésico ? cartela com 10 comprimidos R$ 5,78 R$ 2,81

Antibiótico 500 mg R$ 29,71 R$ 15,86

Expectorante R$ 20,58 R$ 10,67

Redutor de colesterol e triglicerídeos R$ 23,85 R$ 14,60

(*) preços médios

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