Fobia: Sem medo de comandar a “boléia”

Só de se imaginar no meio do trânsito, guiando um carro, dá um frio na barriga? Do que você sente medo? Bater o carro, machucar alguém ou de fazer algum tipo de "barbeiragem" que todos vão perceber e criticar? Tenha calma. Nem tudo está perdido. Existem muitos tratamentos que ajudam a superar essa fobia. E tenha certeza: você não é a única pessoa a passar por esse trauma. A procura por especialistas nessa área cresce cada vez mais e cerca de 80% das pessoas que buscam auxílio profissional são mulheres.

Mais grave do que se supõe, essa fobia compromete a auto-estima em níveis elevados, causando enormes transtornos aos seus portadores. "Me sinto sem liberdade para ir e vir e, às vezes, até sonho que estou dirigindo na sala da minha casa", depõe a secretária Daniele, que é proprietária de um autêntico "carro de garagem". O seu trauma vem de um acidente banal dentro do estacionamento. "Tentei várias vezes superar essa fobia, mas quando entro no carro, trava tudo", resigna-se.

Quem não dirige, passa a depender de amigos, táxis ou do desgastante transporte público. Para a psicóloga comportamental Neuza Corassa, especializada em medos e fobias, o medo de dirigir poda a liberdade das pessoas e interfere na sua liberdade. "Na maioria dos casos, a fobia atinge pessoas extremamente responsáveis, detalhistas e com um elevado padrão de exigência, que invariavelmente não gostam de ser criticadas", reconhece, citando os comentários (quase sempre maldosos) pelos quais uma pessoa recém-habilitada está sujeita no trânsito.

Ajuda qualificada

O primeiro passo para superar a fobia é não ter vergonha de admitir que convive com esse tipo de medo. Diversos motivos levam a esse comportamento, entre eles fatores históricos, culturais, o medo do desconhecido e as inovações tecnológicas. Outras razões dizem respeito ao inconsciente, provocadas por sensações não resolvidas. "A resposta está no histórico de cada um. É preciso identificar o contexto em que essa fobia foi adquirida e enfocar as circunstâncias associadas a ela", explica a terapeuta, salientando que procurar uma ajuda qualificada é o primeiro passo para fazer as pazes com o volante.

Um bom combustível para acabar com o problema é a necessidade. A primeira coisa a ser considerada é visualizar as transformações que ocorrerão quando você guiar seu próprio carro. A sensação de liberdade, o acréscimo na autoconfiança e o aproveitamento maior do tempo, longe das "caronas", dos táxis e coletivos. "Reconhecer quem toma conta do volante da sua vida é uma atitude essencial para se dar bem no volante do carro", preconiza Neuza Corassa. Repensando o ato de dirigir e mudando de atitude perante os automóveis será possível recolocar o seu destino em marcha novamente, completa.

Algumas dicas práticas para melhorar a sua relação com o volante

· Não brigue com o medo de dirigir. Vá conquistando-o etapa por etapa. Desde ligar o carro, dominar sua garagem, depois seu bairro e, na seqüência a sua cidade.

· Aprenda a identificar os sinais de trânsito. Mesmo aqueles que já dirigem precisam deles para se orientar.

· Não existe mágica que faça alguém acordar e sair guiando por aí. É necessário dedicar um certo tempo para aprender, como qualquer outra fase da vida.

· Vencer o medo de dirigir não depende de força de vontade e, sim, de mudança de comportamento. No trânsito não existe doutorado. Quando você finalmente domina o carro, você já passa a fazer parte do mundo dos motoristas.

· Descomplique. Não fique pensando em todos os lugares que você quer ir, ao mesmo tempo. Comece resolvendo um de cada vez.

· Não precisa dirigir para todos os lugares. Dirija apenas quando quiser ou precisar.

· Não precisa guardar nomes de ruas, oriente-se por pontos de referência.

· Desacelere. Não fique se imaginando como reagiria no lugar dos outros, no trânsito. Calma, tudo tem seu tempo.

· Quando estiver dirigindo, olhe em volta e veja que os outros motoristas são iguais a você, assim não se sentirá um (a) intruso (a) no trânsito.

· Dirigir é uma tarefa de movimentos repetitivos, portanto não menospreze a sua capacidade de fazê-lo.

· Coloque o ato de dirigir na sua lista de prioridades.

· Procure saber o que fazer no caso de se envolver em algum acidente. Não tenha medo, todos estão sujeitos a isso.

· Não dirija para satisfazer a expectativa dos outros e sim a sua própria necessidade.

· Acredite que você tem capacidade para tocar o seu barco. Segure o volante e não deixe ao acaso a condução da sua vida.

Fonte: Livro "Vença o medo de dirigir – Como superar-se e conduzir o volante da própria vida".

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