Fibromialgia: A doença invisível que só faz doer

?Se você não tem dor, não tem fibromialgia?, enfatiza o médico Eduardo Paiva, chefe do Ambulatório de Fibromialgia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Ele define essa síndrome dolorosa crônica como um ?dor no corpo todo, gerada pelo próprio sistema nervoso central, medula e nervos?. O especialista explica que, além da dor, a doença se caracteriza por fadiga, alteração do sono, intolerância ao exercício e, ainda, pela depressão.

Para a bancária Adriana Mello, a doença é a responsável pelos piores anos da sua vida. Afastada do emprego, tem sofrido dores insuportáveis, além de ter perdido parte dos movimentos da mão. ?Já tive diversas crises nervosas e fiquei duas semanas sem sair da cama?, declara. É nesta situação que se encontram muitas das vítimas da fibromialgia que, desacreditados ou confundidos com hipocondríacos, acabam, muitas vezes, necessitando acompanhamento psicológico especializado.

Pacientes desacreditados

Crônica, incapacitante e muitas vezes progressiva, a fibromialgia é uma doença reumática, para a qual ainda não existe cura. Provoca dores em várias partes do corpo, além de uma fadiga incessante que nem mesmo o descanso consegue amenizar. A enfermeira Alice Ferreira também padece das dores ocultas da fibromialgia. "Por norma, as pessoas não acreditam em nós", queixa-se, enquanto explica que a doença traz "efeitos destruidores".

O médico Eduardo Paiva concorda com a enfermeira, acrescentando que, devido ao desconhecimento das causas que provocam o distúrbio, a inexistência de sintomas visíveis e o difícil diagnóstico, os doentes são freqüentemente desacreditados. ?Até mesmo muitos médicos não reconhecem a doença prontamente?, avisa. Por isso, consultar vários clínicos até encontrar alguém que se mostre sensível à doença é uma prática freqüente entre os fibromiálgicos.

A dor é real, não psicológica

A fibromialgia faz parte de um conjunto de patologias, que, mesmo sem razões aparentes, identificam a síndrome da fadiga crônica. É uma doença crônica, manifesta-se por meio de cansaço generalizado e dores em várias partes do corpo, concentradas sobretudo nos pés, ombros, coluna e pernas. A pessoa sente um ardor que invade o corpo, acompanhado de espasmos musculares. A doença é confirmada quando 11 dos 18 pontos dolorosos previamente investigados causam algum tipo de dor.

Os diversos estudos efetuados tendem para relacionar a fibromialgia com o déficit das substâncias que normalmente protegem os seres humanos da dor: a noradrenalina e a serotonina. Daí a explicação pelo surgimento de quadros depressivos, já que essas substâncias também são reguladoras do humor.

Assim como não há uma causa específica para o seu surgimento, também não existe um tratamento exclusivo para a doença. Sabe-se apenas que alguns fatores de risco podem desencadear ou piorar o quadro, entre eles a ansiedade, a depressão, as doenças inflamatórias, musculares e articulares e os distúrbios hormonais, particularmente os de tireóide.

Segundo Eduardo Paiva, o tratamento baseia-se na aplicação de relaxantes musculares e analgésicos, além dos medicamentos antidepressivos. Ele acrescenta que a atividade física regular e o sono reparador são conquistas importantes para se conseguir progressos no tratamento. O especialista afirma que a fibromialgia não é uma doença psicológica, já que, segundo ele, diversos estudos comprovam que a dor que o paciente está sentindo é real. Essas pesquisas são realizadas com o líquor, líquido que banha a medula óssea e o cérebro, investigando, por meio de exames de imagem, como o cérebro está funcionando. Por outro lado, Paiva salienta que toda dor é uma experiência sensorial e emocional. ?As dores crônicas, então, geram mais resposta emocional do que as dores agudas, mesmo quando incidem em menor intensidade?, completa.

Como é difícil conviver com a fibromialgia

– Dores pelo corpo todo.

– Cansaço excessivo.

– Distúrbios do sono.

– Imobilidade.

– Falta de concentração.

– Depressão.

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