Férias: Carona indesejada

De uma simples diarréia (mal mais comum entre os turistas) a casos de dengue ou malária, nenhum viajante está livre de ficar doente fora da sua cidade. Como não sabe a quem recorrer, os transtornos podem se tornar ainda maiores. Febre amarela, hepatite A, febre tifóide, meningite meningocócica, raiva são outras doenças que podem ser contraídas em lugares com pouca infra-estrutura sanitária e evitadas com a aplicação de vacinas.

Para cuidar da prevenção ou diagnosticar qualquer problema de saúde que aconteça em decorrência de uma viagem, um ramo da medicina, basicamente preventivo, vem ganhando importância considerável: a medicina do viajante, que vem se firmando como uma área de atuação médica, interdisciplinar, que visa a atender as necessidades de um número cada vez maior de pessoas.

?As doenças cardiovasculares ainda são as que mais atingem os viajantes, seguidas das doenças infecciosas e tropicais?, explica Jessé Alves, representante brasileiro da Sociedade Latino-Americana de Medicina dos Viajantes.  Segundo estimativas, as diarréias representam em torno de 65% dos problemas de saúde desse grupo, seguidos das infecções respiratórias (mais de 20%) e de febre (15%).  

Durante e após as viagens

De acordo com a infectologista Luzilma Martins, o objetivo da prevenção é diminuir os riscos de aquisição de doenças durante viagens. A médica explica que estamos acostumados a bactérias e vírus comuns no ambiente em que vivemos. ?Ao viajar, entramos em contato com tipos diferentes para os quais nossa defesa pode demorar a responder, ficando mais suscetíveis a doenças?, explica.

Atualmente, pela facilidade de meios de transporte e pela acessibilidade do turismo, mais e mais indivíduos se deslocam para regiões distantes, o que aumenta a possibilidade da transmissão de doenças. ?Por isso a necessidade de proteção principalmente por meio das vacinas disponíveis?, afirma a médica.

Para evitar problemas de saúde, o médico dedicado a esse segmento avalia as condições físicas do paciente antes da partida, daí prescreve um programa de vacinação e informa quais as precauções a serem tomadas. De acordo com o infectologista Jaime Rocha, o trabalho se desenvolve a partir do local da visita, tempo de permanência, época do ano, meio de transporte, hábitos locais, tipo de turismo desenvolvido (de lazer, negócios, ecoturismo) e características do viajante (origem, idade, doenças preexistentes).

DOENÇAS EVITADAS COM VACINAS   

O calendário oficial de vacinas no Brasil inclui a maioria das vacinas indicadas para os viajantes, principalmente para crianças (sarampo, caxumba, rubéola, difteria, tétano, coqueluche, tuberculose, poliomielite, hepatite B, Haemophilus influenzae tipo b – Hib). Entretanto, certas particularidades devem ser observadas:

Sarampo, caxumba e rubéola – Muitas pessoas chegaram à fase adulta sem terem sido imunizadas, por isso se recomenda a vacinação de jovens e adultos. Os pais devem antecipar a vacina para crianças que vão para áreas com altas taxas de sarampo.

Difteria-tétano – As crianças já são imunizadas, mas os adultos e os idosos devem ficar atentos se já receberam a dose de reforço dupla adulto (dT),  tomada a cada 10 anos.

Febre-amarela – Existente na África e na América do Sul, esta doença prevalece nas regiões norte e centro-oeste do Brasil e está disponível nos postos de saúde. Deve ser tomada 10 dias antes da viagem e necessita de dose de reforço a cada 10 anos.

Meningite meningocócica – A imunização é indicada para aqueles que se dirigem para a região da África, conhecida como “cinturão da meningite” e para peregrinos que vão à Meca.

Varicela (catapora) – A vacina pode ser administrada a partir de 12 meses de idade. É recomendada a pessoas que nunca contraíram a doença em qualquer viagem e localidade.

Gripe (influenza) – O turista deve se imunizar contra o vírus, junto com a vacina contra pneumococo, principalmente os idosos.

Raiva – A vacinação profilática pré-exposição contra raiva é indicada para países da África e do sul e sudeste da Ásia. Praticantes de ecoturismo devem ser vacinados, porque o vírus é disseminado por animais selvagens.

Hepatite A – Por se tratar de uma doença transmitida via alimentos e água contaminada, recomenda-se a vacinação, principalmente para locais com saneamento básico precário.

Febre tifóide – A vacina é indicada para quem viaja a países em desenvolvimento da Ásia, África e América do Sul.

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