Exame ginecológico apresenta elevado índice de erro no resultado

Papanicolau

Ele é tecnicamente chamado de citologia oncológica, mas é popularmente conhecido como papanicolau. O exame ginecológico, utilizado para detectar a presença de alterações nas células do colo do útero que sinalizam doenças como o câncer de colo de útero e o HPV, faz parte da rotina de saúde preventina da mulher.

A recomendação é que seja feito pelo menos uma vez por ano para afastar o risco das alterações. A medida ganhou mais força após um dado divulgado recentemente pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) de que o papanicolau pode apresentar erro de até 60% em seu diagnóstico final.

A explicação para as falhas significativas seria por conta do processo de análise ser praticamente artesanal. Durante as etapas do exame, ocorre a perda natural de parte das células coletadas e isso faz com que o resultado fique comprometido. “Não é o médico ou o laboratório que erra na hora da análise. É o próprio processo utilizado, o principal causador das adulterações no resultado final, por isso é recomendável que as mulheres façam o papanicolau todos os anos. Assim, se passou alguma coisa em branco, dá para ver no ano seguinte”, explica a ginecologista Luciana Crema.  

Como funciona o exame
-Primeiramente, coleta-se uma amostra de células do colo do útero da paciente com uma “colher de raspagem”

– Depois, esta amostra é retirada da colher e colocada em uma lâmina onde será fixada e, a seguir, é colocada em uma solução que irá conservá-la durante o transporte até o laboratório

-No laboratório, a amostra sofre a ação de um corante chamado papanicolau (daí o nome popular do exame), que aponta as células alteradas

-O especialista faz a leitura microscópica das lâminas e obtém o diagnóstico final  

Motivos das falhas
O resultado adulterado acontece quando ocorre a perda de um número significativo de células doentes na hora de analisar a amostra. “Dessa forma, o laboratório pode detectar somente as células saudáveis, dificultando a identificação de doenças como o HPV e o câncer de colo de útero”, explica a ginecologista.

O mesmo pode acontecer quando a amostra sofre uma baixa no número de células saudáveis. “A paciente vai receber a notícia de que precisa fazer outros exames, porque o papanicolau detectou alterações sugestivas de alguma doença, de modo que se o procedimento estivesse correto não seria necessária de outra intervenção”, diz Luciana. 

Técnicas alternativas
– Atualmente, os laboratórios optam pela execução do processo sem a transposição do material colhido da colher para a lâmina, assim, o risco de perda de material é menor.

– Outra alternativa confiável é combinar o papanicolau com outro exame bastante importante na detecção de doenças, a coloscopia, que, através da ação do ácido acético, funciona como uma espécie de lupa de aumento, possibilitando uma melhor visualização das células alteradas. 

No caso de HPV
O exame de papanicolau é preventivo e não curativo, porém, no caso do HPV, embora ele possa indicar alterações que sugerem a presença do vírus não é capaz de dar indícios confiáveis deste diagnóstico, por isso, a alternativa mais eficiente para detectar o vírus é associar o papanicolau a uma pesquisa viral nas células, que é mais eficiente que o uso isolado do papanicolau.

Por que continuar a fazer o exame?
A ginecologista Luciana Crema explica que, embora falhe, o papanicolau ainda é o método mais eficiente na detecção de doenças graves, com o câncer de colo de útero, que se diagnosticadas a tempo, têm as chances de cura elevadas. “Apesar de apresentar falhas, o exame ainda é a melhor maneira para evitar doenças mais graves. Quando feito todos os anos, seus índices de erro diminuem e, por isso, deve ser feito regularmente”, finaliza Luciana.