Estudo mostra eficácia de anticoncepcionais contra cólicas

Quem pode se dar ao luxo, hoje em dia, em ficar de cama durante uma semana, todos os meses? Provavelmente, pouca gente. Mas muitas mulheres (muitas mesmo, cerca de metade das mulheres em idade fértil) gostariam ou precisariam desse repouso, pois sofrem de cólicas menstruais. Além de atrapalhar a qualidade de vida, as cólicas menstruais podem ser muito mais arrasadoras em alguns casos, pois deixam a mulher completamente indisposta para trabalhar ou para simplesmente sair de casa. Para elas, uma boa opção de tratamento pode ser a pílula anticoncepcional de uso contínuo, cuja eficácia foi comprovada em recente estudo clínico realizado no Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (CEPARH), em Salvador (BA).

O coordenador do estudo, Dr. Hugo Maia Filho, professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e diretor de pesquisas do CEPARH, explica: “O

uso de anticoncepcionais orais bloqueiam o ciclo hormonal natural e a ovulação, o que impede a produção excessiva das prostaglandinas. Esta substancia, produzida pelo endométrio (parte interna do útero que se descama durante a menstruação), a partir do estímulo dos hormônios ovarianos, em excesso, está relacionada com o aparecimento das cólicas menstruais dolorosas”. O estudo revelou que o uso contínuo da pílula Gestinol 28 (gestodeno associado ao etinilestradiol) reduz em mais de 80% os níveis de prostaglandinas no sangue menstrual, comprovando sua eficácia no tratamento das cólicas.

Segundo o médico, o excesso de prostaglandinas também afeta outros órgãos. “Por isso, as cólicas menstruais são freqüentemente acompanhadas de sintomas como dor de cabeça, dor nas costas, náusea e vômito, tontura e diarréia. Por esta razão, a supressão da menstruação, através do uso do contraceptivo contínuo, também ajuda a diminuir esses outros incômodos da menstruação”, afirma Dr. Hugo.

Tendência da mulher moderna

Segundo uma pesquisa realizada por ginecologistas da Universidade de Frankfurt, apenas um terço das 1.195 mulheres consultadas deseja menstruar mensalmente. Esse resultado mostra a tendência da mulher moderna em aceitar a supressão da menstruação.

Muitas mulheres, porém, ainda têm dúvidas sobre a necessidade da menstruação. As justificativas mais comuns entre aquelas que acham necessário o sangramento mensal são: tentar aproximar ao ciclo menstrual natural, “limpar” o organismo dos hormônios, certificar que não engravidou e prevenir o sangramento inesperado. No entanto, segundo o Dr. Hugo Maia, nenhuma dessas razões têm comprovação científica. “Por isso o conhecimento sobre ação hormonal dos contraceptivos é primordial para a mulher decidir se irá suspender a menstruação”, declara o médico.

Diferentemente da menstruação natural, o sangramento mensal de quem usa a pílula anticoncepcional é resultante da pausa do consumo do medicamento e não da flutuação hormonal que ocorre no ciclo menstrual natural. A usuária de pílula recebe diariamente a mesma quantidade de hormônio que impede a ovulação e, por conseqüência inibe a proliferação do endométrio (parede interna do útero). Quando a mulher pára de tomar a pílula, ocorre um pequeno sangramento proveniente da descamação do endométrio, mas que não pode ser considerado menstruação, pois não houve ovulação nem preparação do útero para receber o óvulo fecundado. Com isso, o sangramento é bem menor, porém, para algumas mulheres, com os mesmos efeitos colaterais de uma menstruação natural.

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