DSTs podem entrar no currículo escolar

Um levantamento feito pela Associação para Tratamento e Prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), junto às secretarias de Educação e Saúde de 2.138 municípios brasileiros, demonstrou um aumento nas atividades preventivas nas escolas. Saltou de 19% em 1998 para 66% este ano. Porém, esses números não são significativos quando comparados com outros dados do Ministério da Saúde (MS), que apontam que mais de 70% dos casos de aids no País estão concentrados na população com faixa etária entre 10 e 19 anos.

Além disso, o início da vida sexual do brasileiro está acontecendo de forma precoce, com 14,5 anos entre os meninos e 15,5 entre as meninas. Outro dado do MS é que o número de partos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre os anos de 1999 a 2003 foi superior a 210 mil, e as curetagens por aborto, no mesmo período, chegaram perto de 220 mil. “Isso demonstra que ainda é preciso investir muito mais em educação e saúde entre os adolescentes”, afirma a coordenadora do Programa Estadual de Prevenção de DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde, Rita de Cássia Esmanhoto.

E a possibilidade de incluir a disciplina de Educação Preventiva na grade curricular dos ensinos fundamental e médio será discutida durante um encontro nacional de educadores para a prevenção de DST/Aids, que está começando hoje em São Paulo. Para Rita, a proposta é interessante, já que irá atingir de forma mais efetiva essa parcela da população que se considera imune à epidemia: “O adolescente tem grande vulnerabilidade, porque acha que nada o atinge. Ignora que existe uma epidemia de aids e que só através da prevenção ele poderá ser protegido”. Para a coordenadora, a escola é o local de cidadania, e é para ela que muitos pais transferem a responsabilidade de trabalhar a educação sexual. Ela salienta ainda que professor acaba sendo a referência do adolescente na hora de tirar dúvidas sobre a sexualidade.

Desde agosto de 2003, quatorze escolas de Curitiba estão participando do programa Saúde e Prevenção, proposto pelo Ministério da Saúde, que trabalha com a orientação sexual e disponibilização de preservativos para os estudantes. A capital paranaense foi uma das cinco cidades brasileiras escolhidas como piloto para o programa.

A coordenadora da DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde, Mariana Thomaz, diz que a primeira avaliação do programa demonstrou que, dos 4,5 mil alunos atingidos pela iniciativa, 30% deles pegavam o preservativo. “Isso responde a crítica que o programa recebeu, quando muitas pessoas pensavam que seria uma distribuição de camisinhas. Os dados revelam que o adolescente está primeiro buscando informações antes de se iniciar na vida sexual”, acredita.

Consciência

Outro dado demonstra que nas escolas onde o programa foi implantado, a taxa de gravidez na adolescência caiu 3%. Outras nove escolas estão sendo capacitadas para integrar o programa, e o grande avanço, segundo Mariana, é que muitas estão solicitando essa inclusão. (Rosângela Oliveira)

Números da aids no Paraná

*Desde 1984 – ano em que a epidemia de aids foi confirmada no Brasil – até 2003, foram confirmados 12.412 casos no Paraná. Desses, cerca de 50% já faleceram.

*34% dos casos estão entre a população mais jovem:

*de 15 a 19 anos – 302 casos

*de 20 a 24 anos – 1.389 casos

*de 25 a 29 anos – 2.541 casos

Fonte:

Secretaria Estadual da Saúde

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