Doença vascular diminui expectativa de vida

Sem conseguir dar mais um passo, eles disfarçam, param em frente às vitrines, fazendo de conta que se interessaram por algum produto ali exposto. Esse ?disfarce? acontece, geralmente, entre as pessoas com mais de cinqüenta anos, vítimas do que os médicos convencionaram chamar de ?síndrome dos observadores de vitrines?. Oficialmente, a doença tem nome e sobrenome: doença arterial obstrutiva periférica, mas pode chamar de DAOP. Muitas vezes, a doença é confundida com problemas musculares ou reumatismo, pois os seus sintomas são muito parecidos: dores e formigamento nas pernas.

Especialistas acreditam que as estatísticas de prevalência do distúrbio são subestimadas, já que uma parcela significativa dos pacientes não percebe nenhum sintoma nos estágios iniciais da doença. Além disso, por seu aspecto intermitente, muitos deixam de relatar tais sintomas ao médico por considerá-los normais e decorrentes do envelhecimento. O aposentado J. A. S., de 69 anos, luta contra a doença há quase 10 anos e já passou por uma cirurgia para a desobstrução de uma artéria da perna. ?Mesmo fazendo fisioterapia duas vezes por semana, ainda sinto dor ao caminhar. Mesmo assim, me sinto melhor com os exercícios, principalmente depois que larguei o cigarro?, reconhece.

Para o angiologista e cirurgião vascular Júlio Siqueira, é cada vez mais comum encontrá-los pelas ruas das cidades. Só que a DAOP não é um distúrbio tão simples, já que mais de 60% dos pacientes correm um elevado risco de sofrer um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, quem já passou por essa situação deve insistir na busca pelo diagnóstico correto da doença, por meio de auxílio especializado. ?Se o paciente, além desses sintomas, se alimentar mal, abusar do cigarro e ser adepto do sedentarismo, os riscos são ainda maiores?, adverte o especialista.

Obstrução nas artérias

A doença arterial obstrutiva periférica diminui significativamente a expectativa de vida de seus portadores. Os tratamentos têm caráter preventivo, pois ainda não existe cura, tornando-se, assim, uma doença crônica. ?Os riscos assustam, porém a DAOP é de fácil diagnóstico?, observa Siqueira. Basta o especialista apalpar as veias das pernas para identificar a presença da doença.

O especialista explica que o paciente sente dor, devido a alguma obstrução das artérias que levam oxigênio para os membros inferiores ou periféricos. Assim, quando ele caminha, as pernas necessitam de uma maior quantidade de oxigênio. Como a artéria se encontra obstruída, começa a ?formigar? e a doer, só amenizando quando se está em repouso. O médico adverte que, nesse momento, surge um novo complicador: ?Por não ter condições normais de andar, a pessoa se torna sedentária, correndo ainda mais riscos de complicações?, comenta.

Pelo menos no que diz respeito às pernas, a maioria das pessoas afetadas pode estar certa de que a situação geralmente toma um rumo benigno. Nos casos mais complicados, pode ser necessário passar por uma cirurgia. Naqueles em que o paciente corre risco de morte, pode ser necessária a amputação do membro afetado.

Apesar de não existir cura para a doença, sua evolução pode ser controlada com o tratamento voltado principalmente ao controle dos fatores de risco, que são parecidos com os das doenças cardíacas: tabagismo, diabete, pressão e colesterol altos. No entanto, o cigarro destaca-se como decisivo no desenvolvimento da ?síndrome dos observadores de vitrines?.

Principais cuidados

Além de passar por um exame regularmente, é importante modificar os hábitos de vida para evitar ou minimizar os efeitos da doença.

* Consumir alimentos com pouco sal, baixa gordura saturada e baixo teor de colesterol

* Evitar ficar com o peso muito acima do adequado

* Parar de fumar

* Fazer exercícios físicos

* No caso de diabéticos, controlar a doença com acompanhamento médico

* Realizar atividades que reduzam os níveis de estresse

Fatores de risco

Diabetes

Tabagismo

Sedentarismo

Colesterol alto

Hipertensão

Estresse

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