Doação de sangue salva vidas

O Ministério da Saúde lançou uma nova campanha de incentivo à doação de sangue. Com o lema “Doe sangue, faça alguém nascer de novo”, ela conta com o depoimento de pessoas que tiveram suas vidas salvas graças à transfusão de sangue. A campanha está na TV e também em outras mídias, como jornal, rádio e propagandas de rua. Mas para que tanta mobilização?

Cada vez mais a demanda por sangue aumenta nos hemocentros – e ultimamente os estoques têm baixado. O aumento de 58,3% nos transplantes nos últimos seis anos (de 2003 a 2009) e o crescimento da população estão entre os fatores que fazem o país precisar cada vez mais de sangue para transfusão, de acordo com o Ministério. São coletadas por ano 3,5 milhões de bolsas de sangue no Brasil, sendo que a quantidade necessária é 5,7 milhões.

Apenas 1,9% da população é doadora de sangue no país. Mesmo estando este porcentual dentro do parâmetro da Organização Mundial de Saúde (OMS) – de 1% a 3% da população – é urgente e possível aumentar o número de doadores: se cada pessoa doasse duas vezes ao ano, não faltaria sangue para transfusão no país, segundo o Ministério da Saúde. 
De acordo com a coordenadora do hemocentro da Unifesp, em São Paulo, Rudneia Alves, a baixa está se agravando nos últimos meses devido, principalmente a alguns fatores. O frio, que somado às vacinações da gripe comum e da H1N1, retardam as doações (tendo em vista que a vacina da gripe exige que a pessoa não doe sangue em 30 dias e a da H1N1, 48 horas). Além da Copa do Mundo, que esvazia totalmente os hemocentros nos dias de jogos. “Temos percebido uma queda de, em média, 20% nas doações nestes últimos meses”, explica Rudneia.
Não custa nada e vale muito

A falta do estoque de sangue em um hospital pode levar ao cancelamento de cirurgias e de procedimentos. Um exemplo é o doente que faz quimioterapia, já que, caso não receba o suporte de transfusão, poderá não resistir ao tratamento. “Além disso, pode ser um enorme prejuízo ao paciente o adiamento de cirurgias cardíacas, de transplantes de rim, de fígado, de medula óssea, entre outros procedimentos que necessitam de sangue e de plaquetas”, diz a biomédica Cinthya Duran. Uma pessoa adulta possui em média cinco litros de sangue e em uma doação são coletados no máximo 450 ml. Ou seja, é menos de 10% de todo seu sangue. Existe, antes da doação, uma entrevista que tem o objetivo de detectar alguns impedimentos, como doenças, para a doação. A entrevista é particular e os dados são mantidos sob total sigilo.

De acordo com Rudnéia, é importante desmistificar a crença de que a doação de sangue é útil para saber suas condições de saúde, por conta dos exames que são feitos. “O doador deve estar com um espírito totalmente altruísta?, diz ela. ?Se a pessoa possui qualquer suspeita de ter algum problema de saúde, não deve tentar resolver isso doando sangue, pois, apesar de cômoda, essa atitude pode representar um risco a quem vai receber a transfusão. Recomendamos que ela consulte um médico e faça os exames necessários”.

Cinthya explica que em uma única doação é possível salvar até quatro vidas, uma vez que o material é separado em diferentes hemocomponentes concentrado de hemácias (glóbulos vermelhos), concentrado de plaquetas, plasma e crioprecipitado que podem ser utilizados em diversas situações clínicas.”De qualquer modo, é necessária a conscientização de que a doação de sangue precisa ser feita não apenas em épocas de campanhas para o reabastecimento de baixo estoque, mas durante todo o ano. O sangue doado tem sempre utilidade e nunca sobra, pelo contrário, faz falta”, completa a especialista.