Doação de leite é um ato de amor

Para você é leite, para a criança é vida. Doe leite, a vida agradece. Com este slogan, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH) recebe a jogadora de vôlei de praia Renata Trevisan, 4.º lugar nos Jogos Olímpicos de Pequim, como madrinha da campanha pela doação de leite humano.

A iniciativa ganhou destaque no dia 1º de outubro, quando foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, mas a atleta olímpica ressalta que não existe dia certo para a solidariedade.

Para Renata, a doação de leite humano é um ato de solidariedade praticado de mãe para mãe.

“Todas somos comovidas pela fragilidade de nossos bebês, que dependem de nós para tudo, assim poder ajudar um recém-nascido a alimentar-se da melhor maneira possível, com o leite materno, é gratificante”, incentiva a madrinha da campanha, mãe de Felipe, de apenas 4 meses. Ciente dos benefícios em definir o aleitamento materno como alimento exclusivo até os seis meses de idade, a mamãe olímpica conta que, apesar da atribulada rotina de treinos e competições, não abre mão da saúde de seu filho. “A partir do sétimo mês, Felipe passará a ingerir outros alimentos, mas a amamentação ainda vai continuar por muito tempo”, garante Renata.

Os benefícios da amamentação são velhos conhecidos da ciência, da medicina, de mães e bebês. Diversas pesquisas demonstram a importância do aleitamento materno como fonte de alimentação exclusiva até o seis meses de idade e comprovam seu impacto positivo na formação do sistema imunológico, prevenção de infecções e doenças diarréicas e no desenvolvimento cognitivo da criança.

Participação das mães

O engenheiro de alimentos João Aprígio Guerra de Almeida, coordenador da RedeBLH e chefe do Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano do Brasil, explica que os bancos de leite humano criados no Brasil constituem hoje estratégia internacional para erradicar a mortalidade infantil, com ênfase na preservação da vida e da saúde de bebês. Para que os bancos de leite humano funcionem, é essencial a participação de mães em fase de amamentação.

João Aprígio informa que para se tornar doadora, além de ter excesso de leite, é preciso estar bem de saúde, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente.

Em Curitiba, na UTI Neonatal do Hospital Universitário Evangélico, por exemplo, ficam internados 25 bebês que recebem em média 4 litros de leite por dia, um número significativo que necessita de muita dedicação dessas doadoras.

Segundo a nutricionista, as mães dessas crianças internadas, normalmente, diminuem a produção de leite porque um dos maiores estímulos da lactação é o contato pele a pele com o filho.

“Devido ao estresse vivido por essa mãe com o choque de ver seu bebê em uma situação difícil e longe dos seus braços pode levar ao bloqueio da glândula hipófise, responsável pelos hormônios que produzem o leite”, avalia a nutricionista Luciana Holzbach, coordenadora do Banco de Leite.

Iniciativa

Para a coordenadora, algumas dificuldades também podem ser encontradas para doação. Uma delas é a dedicação necessária para a ordenha do leite no domicílio. Muitas mães reclamam de ter pouco tempo livre para coletar o leite, e outro fator que dificulta a doação é o medo que elas têm por acreditarem que, doando, falte leite para o seu filho.

“Na verdade, quanto mais a mama é estimulada, mais leite produz”, explica a especialista, acrescentando que o leite pode variar de cor e às vezes até ser transparente, mas todo leite é adequado às necessidades do bebê.

Taciana Tamila Guerius tomou a iniciativa de doar seu leite logo na primeira semana de amamentação. “Percebi que tinha muito leite e estava até jogando fora, o que é um grande desperdício. Entrei em contato com o Evangélico e recebi orienta&c,cedil;ões de como tornar uma doadora e ajudar os bebês que ficam internados”, comenta. A doadora entrega de 3 a 4 frascos por semana e já chegou a entregar 5 frascos na semana. “Enquanto tiver leite e puder colaborar serei doadora”, conclui.

Como doar

O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias. É importante estar atenta às seguintes recomendações de higiene:

* Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais
* Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço
* Utilize máscara ou fralda para cobrir o nariz e a boca e evite conversar durante a retirada do leite
* Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque-os em uma toalha limpa

Como armazenar o leite

* Separe um frasco de vidro com tampa plástica e retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa
* Lave o frasco com água e sabão, enxaguando bem
* Em uma panela, cubra o vidro e a tampa plástica com água e ferva-os por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura)
* Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar em um pano limpo, com a boca voltada para baixo
* Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue, deixe secar naturalmente

Serviço

O Banco de Leite do Evangélico está realizando uma campanha para arrecadar frascos de vidro com tampas plásticas. As doações devem ser entregues na Alameda Augusto Stelfelld, 1908, Bigorrilho. Informações: 3240-5117

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O frasco com leite humano deve ser armazenado no congelador ou freezer por até 15 dias.