Câncer de boca apresenta difícil tratamento

O fumo e a ingestão frequente de bebidas alcoólicas, aliados à falta de cuidados com a higienização bucal se transformam em um coquetel infalível para fazer crescer as possibilidades de surgimento de câncer de boca.

Só que esse tipo de neoplasia tem cura. Basta que as pessoas ajudem, realizando periodicamente o autoexame da boca e consultando o dentista regularmente.

Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), este tipo de tumor é o oitavo de maior incidência no Brasil. A cada ano surgem quase 15 mil novos casos da doença.

Entre homens, no Paraná, por exemplo, a incidência é de 15,41 casos para cada 100 mil homens. Entre as mulheres, esse índice cai para 3,94 por cada 100 mil.

Como em outros tipos de cânceres, o diagnóstico precoce é a melhor arma para reduzir o número de vítimas. Se você nunca se preocupou com isso, é bom prestar mais atenção, pois, cerca de 40% dos registros de câncer da cavidade bucal acabam em morte.

“Isso acontece porque 70% dos diagnósticos são feitos quando a lesão atingiu um estágio avançado”, se preocupa Laurindo Moacir Sassi, do Serviço de Cirurgia Buco Maxilo Facial do Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba.

Sintomas e sinais

Cada vez que um paciente chega ao hospital com diagnóstico dessa neoplasia, o desapontamento é geral, já que o câncer da cavidade bucal é o mais fácil de ser investigado, quando os malefícios ainda não são tão graves.

De acordo com Sassi, quando aparecerem feridas que não cicatrizam (manchas, caroços ou inchaços) em qualquer região da boca e, que não desaparecem em quinze dias, a pessoa deve, imediatamente, buscar auxílio de um dentista. “Depois de constatado algum problema grave, um oncologista deve ser procurado”, alerta.

Outros sintomas da neoplasia são ulcerações superficiais com menos de dois centímetros de diâmetro e indolores, que podem sangrar ou não, e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal.

De acordo com os especialistas, a dificuldade de fala, mastigação e deglutição, além de emagrecimento acentuado, dor e presença íngua no pescoço também podem ser sinais de câncer de boca em estágio avançado.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), geralmente desenvolve câncer bucal o indivíduo do sexo masculino, trabalhador, acima dos 30 anos, fumante, consumidor de bebidas alcoólicas e de classe social menos favorecida.

Além do uso do álcool e do fumo, esse fenômeno estaria associado às más condições de vida das pessoas que, segundo Gilberto Pucca coordenador de saúde bucal do MS, altera o sistema imunológico e torna os pacientes mais debilitados.

Sobrevida

Para o coordenador, o auto-exame da boca funciona como uma ferramenta eficaz no diagnóstico precoce da doença. Deve ser feito em um local bem iluminado, diante do espelho.

Com o autoexame é possível observar evidências, como mudança na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroços, feridas, inchaços, áreas dormentes e dentes quebrados ou amolecidos. “É importante que o paciente esteja atento a esses sinais e busque o diagnóstico o mais rápido possível”, aconselha Pucca.

O uso cotidiano e regular do álcool e do cigarro, má higiene bucal, próteses dentárias mal-ajustadas e deficiências imunológicas se constituem nos principais fatores que levam ao câncer de boca.

O auto-exame da boca funciona como uma ferramenta eficaz no diagnóstico precoce da doença. Deve ser feito em um local bem iluminado, diante do espelho. Com o auto-exame é possível observar evidências, como mudança na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroços e feridas.

Os oncologis,tas ressaltam a importância de se ficar atento a esses sinais e, assim, buscar o diagnóstico e o conseqüente tratamento o mais rápido possível. A sobrevida dos pacientes com câncer de boca está diretamente relacionada com a extensão da doença quando o diagnóstico é precoce e o tratamento especializado é aplicado.

Tratamento e cura

O tratamento dos casos com tumor em estágio inicial, de forma geral, é o cirúrgico. Segundo o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço Luiz Paulo Kowalski, os esses procedimentos apresentam boa taxa de cura, causando mínimos problemas funcionais.

“A radioterapia, embora apresente taxas de cura também altas, não é a primeira opção por ser mais cara e deixar seqüelas”, avalia o médico. Quando o câncer está em estágio avançado, o tratamento é feito pela cirurgia radical associada à radioterapia pós-operatória.

Quem possui tumores iniciais é capaz de retomar suas atividades profissionais e sociais após o tratamento. No entanto, conforme Kowalski, portadores de tumores avançados podem apresentar dificuldades para mastigação, deglutição e fala, além de alterações estéticas significativas.

O médico completa que hoje muitos dos efeitos do tratamento mais radical podem ser minimizados por reconstruções sofisticadas da face. Para isso, é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar com médicos, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.

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