Bioética (V) – Qualidade de vida

O mundo todo está voltado para Joahnnesburgo, África do Sul, onde está sendo realizado o encontro patrocinado pela ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10). Mesmo os países que se omitiram ou se recusaram a aderir ao Tratado de Kioto, no Japão, sobre a contaminação do meio ambiente, muito especialmente a poluição atmosférica, estão atentos.

O noticiário nos meios de comunicação enfatiza as principais prioridades a serem discutidas no importante evento.

A Bioética, já foi assinalado, é um disciplina ética, que assume todos os problemas morais que se relacionam, diretamente ou não, com a vida física e com a vida psico-espiritual. Portanto, tudo quanto vem sendo analisado no Encontro de Johannesburgo é do interesse da Bioética, pois contribui expressivamente para a qualidade de vida.

Todas as prioridades relacionadas interligam-se e são importantes para a qualidade de vida:

A Água – elemento essencial à vida, formada por hidrogênio e oxigênio, na proporção de dois átonos para cada oxigênio, existe em abundância na natureza, nos três estados físicos: sólidos, líquido e gasoso. É de tal forma distribuída que é capaz de atender às necessidades e o equilíbrio do Planeta e dos seres que o habitam. Tudo foi concebido de forma harmoniosa. Lamentavelmente, o ser humano é o maior responsável pela deterioração desse recurso vital. É paradoxal o comportamento humano diante da natureza. Dotado da capacidade de raciocínio, condição que o distingue dos outros animais, deveria primar pela convivência harmoniosa com o meio ambiente. No entanto, é o maior predador.

Em que pese todas as normas e regras de vida concebidas no decorrer dos tempos, a agressão à natureza persiste em nossos dias. O mau uso dos recursos naturais, com predominância da água, ameaça cada vez mais o equilíbrio original. E a água, apesar da abundância, está com o seu aproveitamento comprometido. A destruição de florestas é responsável pelo desaparecimento de fontes e de mananciais, rios e lagos, com graves conseqüências sobre a qualidade de vida, não só do ser humano, como de todos os demais seres vivos.

A água em estreita ligação com as demais prioridades estabelecidas pelos estudiosos no encontro de Jahannesburgo: Energia, Saúde, Agricultura e Biodiversidade.

Energia – no contexto do evento, diz respeito à energia como sistema físico, em condições de realizar trabalho. No Brasil, mais do que em outros em outros países, a produção de energia a partir da água como fonte geradora é extremamente significativa. Mas, apesar da imensa potencialidade, existe carência de energia, comprometendo a qualidade de vida.

Saúde – A saúde é o estado de equilíbrio físico e psíquico do organismo. Esse equilíbrio, esse estado hígido, não existiria sem a água, que se faz presente com a maior proporção na constituição dos seres vivos.

Agricultura – É a atividade que consiste em cultivar o solo para a produção de alimentos, tanto ao ser humano como aos animais. As iniciativas agrícolas serão tanto mais eficientes na medida em que forem utilizadas as riquezas da terra, com respeito e preservação do meio ambiente. Dessa maneira estará sendo assegurada a qualidade de vida.

Biodiversidade – Conceito relativamente moderno, empregado para definir o conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes na Biosfera. E o que é Biosfera? É o conjunto de ecossistemas existentes em nosso planeta.

A todo instante comenta-se a prodigalidade da biodiversidade em nosso País: Região Amazônica, Cerrados, Mato Atlântica, etc.; cada um com suas peculiaridades, constituem incalculável riqueza, que, adequadamente usada, propicia as melhores qualidades de vida.

O conceito de Qualidade de Vida teve início no mundo ocidental por volta dos anos 50 do século XX, como fruto da melhoria global das condições de vida.

A precariedade de meios e a incidência de doenças infecciosas atingia grandes faixas da população mundial, em proporções endêmicas. A malária e a tuberculose causaram incontáveis perdas de vidas humanas. A mortalidade infantil apresentava níveis elevados. A média de vida no início do século XX não ultrapassava os 50 anos. A medicina só dispunha de recursos muito precários. Foi a partir dos anos 40, com o início da era dos antibióticos, começando pela penicilina, descoberta por Alexander Flening, que surgiram promissoras perspectivas.

Uma série de iniciativas e de acontecimentos marcou, na segunda metade do século XX, expressiva melhoria das condições de vida. Como exemplos:

a cultura da paz, desenvolvida por grupos pacifistas, logo após a 2.ª Grande Guerra (19939-1945);

o protesto dos jovens contra a guerra do Vietmã;

o processo de saneamento econômico durante os anos 60;

diminuição significativa da mortalidade infantil, graças à descoberta dos antibióticos; preparo e aperfeiçoamento de vacinas para a prevenção e controle de epidemias e das doenças infecciosas;

grandes conquistas científicas e tecnológicas, dotando a Medicina dos mais requintados recursos; surgimento da engenharia Médica, integrando a tecnologia às necessidades da prática médica, propiciando excelentes recursos de diagnósticos e tratamento;

desenvolvimento das Ciências Humanas, contribuindo eficazmente para a compreensão e mais adequada evolução psicológica do ser humano e a sua integração social; – maior atenção e assistência à criança e a sua inserção na cultura dos diversos ambientes étnicos e sociais; – as Ciências Ecológicas surgem como decorrência da compreensão ser humano e da conscientização de que é parte integrante do meio ambiente; – as atividades recreativas e culturais abrem novos horizontes, mediante a integração turística, desportiva e pelo cultivo da música, do teatro, do cinema;

melhor das condições de trabalho, propiciando aos trabalhadores o sentido de realização profissional, estimulando a corresponsabilidade na produção, condicionando melhores níveis salariais.

Eis alguns exemplos dos muitos fatores que contribuíram para a qualidade de vida!

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