AVC no BBB

EMERGÊNCIA

Por essa os mentores do Big Brother Brasil ou seus telespectadores não esperavam. Se faltava alguma dramaticidade para alavancar os índices de audiência do programa nada melhor do que um episódio de AVC (acidente vascular cerebral) transmitido ao vivo para todo o Brasil. A vítima foi a participante Marielza de Souza Dantas, de 47 anos de idade, que se sentiu mal e foi socorrida pela produção do programa. Levada ao serviço de emergência de um hospital com pressão arterial elevada, dor de cabeça e fraqueza do lado esquerdo do corpo, foi submetida a vários exames e internada, mas seu estado é estável.

O nome AVC é bem apropriado. É reconhecido como um acidente por ser um acontecimento inesperado e que envolve sofrimento. É vascular, pois diz respeito aos vasos sangüíneos, e cerebral porque ataca as artérias que irrigam o cérebro. O neurocirurgião Ricardo Munhoz da Rocha Guimarães, do Hospital Pilar, de Curitiba, avisa que o AVC é mais traiçoeiro do que qualquer doença cardíaca. "Essa moça teve sorte de ser atendida prontamente", ressaltou o médico, enfatizando que quanto mais rápido for o atendimento mais chances de se controlar o distúrbio e, por conseqüência, minimizar as seqüelas que o acidente possa provocar.

Os médicos explicam que a principal causa dos AVCs é a doença ateromatosa vascular. Nela, placas de gordura se depositam nas paredes dos vasos, levando a estreitamentos e, até, oclusões completas. "Isso acarreta deficiência na irrigação sangüínea e os tecidos desses locais não nutridos morrem", explica Guimarães. Exames de imagem, como a ultra-sonografia com Doppler ou a ressonância magnética, detectam essas obstruções, permitindo quantificar sua repercussão na circulação sangüínea e orientar a terapêutica a ser adotada, diz o radiologista Fábio Eduardo Fernandes da Silva.

Morte de neurônios

Existem dois tipos de AVCs, os isquêmicos e os hemorrágicos. O cérebro é uma estrutura altamente vascularizada. Inúmeras artérias se ramificam no interior do tecido cerebral para levar oxigênio e as substâncias nutrientes necessárias para seu o funcionamento adequado. Quando uma dessas artérias sofre oclusão, o território que deveria ser irrigado não o é e, por de falta de oxigênio, muitos neurônios morrem. Esses eventos caracterizam o AVC isquêmico. Já o hemorrágico acontece quando uma artéria se rompe e o sangue que deixa escapar dá origem a um hematoma, ou coágulo, que provoca sofrimento no tecido cerebral.

"Qualquer que seja o tipo de sintoma, intenso ou transitório, procurar atendimento médico-hospitalar especializado imediatamente é fundamental para o resultado de qualquer futuro tratamento", observa Ricardo Guimarães. Já os aneurismas cerebrais podem ser congênitos ou adquiridos ao longo da vida. Segundo o neurocirurgião Marcos Maldaum, os aneurismas cerebrais se formam a partir de uma fragilidade dos vasos internos da cabeça, resultando em uma dilatação que pode se romper. Cerca de 30% dos pacientes que sofrem o rompimento não sobrevivem.

O aneurisma cerebral geralmente acomete pessoas em torno de 40 anos. "A clássica história clínica desses pacientes consiste em dor de cabeça súbita, durante esforços físicos mais desgastantes, podendo levar à perda da consciência", frisa Maldaum. Pacientes fumantes têm mais chances de formar um aneurisma. Os hipertensos fumantes correm mais riscos de ter sangramentos provocados pelo distúrbio. Diante de uma história sugestiva ou qualquer suspeita clínica, a recomendação é de que exames mais detalhados sejam feitos.

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