Aumentam casos de tumor no Paraná

Nos estados do Paraná e São Paulo, a incidência de tumor da glândula supra-renal é vinte vezes superior do que em outras partes do mundo, onde o problema é considerado raro. Só em Curitiba, a cada ano, são verificados de cinco a sete novos casos por ano. A constatação faz com que profissionais do Hospital Erasto Gaertner, na capital, desenvolvam uma série de pesquisas sobre o assunto.

Segundo o cirurgião oncologista pediátrico Edson Luiz Michekiewicz, que atende portadores da doença, a supra-renal é uma glândula localizada em cima do rim e responsável pela produção de uma série de hormônios – como androgênios, esteróides e adrenalina – importantes para a manutenção da saúde.

O tumor da supra-renal tem como vítimas principais as crianças, principalmente do sexo feminino, com até quatro anos de idade. Os sinais característicos da doença são: crescimento superior ao habitual, obesidade e desenvolvimento de características sexuais como se a criança estivesse atingindo a puberdade, como aparecimento de pêlos pubianos e acne. “O tumor é gerado por uma mutação no gene chamado P53”, comenta Edson. “Acredita-se que essa mutação possa ter sido causada por algum fator químico, como pesticidas, mas ainda não se tem certeza disso. O que sabemos é que no Paraná e em São Paulo o número de pessoas portadoras dessa mutação é bem superior do que em outras partes do mundo.”

Extirpação

O tumor é retirado através de cirurgia. Porém, sua consistência é gelatinosa, o que aumenta os riscos de rompimento e dificulta o manuseio. A cada ano, os profissionais do Erasto Gaertner aperfeiçoam as formas de retirada do tumor para evitar que ele arrebente. “Quando o tumor é totalmente retirado e não se rompe durante o procedimento, as chances de cura da criança são de 70%. Na maioria das vezes, quando o tumor é rompido, há reincidência da doença e as chances de cura se tornam menores”, explica o cirurgião. Quando há metástase, que ocorre principalmente no fígado e no pulmão, geralmente o paciente é submetido à quimioterapia.

Paciente

Há algum tempo, a dona de casa Raquel Vanessa Justino notou mudanças no corpo de sua filha, Stephanie, atualmente com seis anos de idade. A menina começou a engordar e ter pêlos em diversas partes do corpo. “O comportamento de minha filha também mudou. Ela deixou de brincar e passou a agir como uma mocinha de 12 ou 13 anos de idade”, conta Raquel.

Preocupada, a dona de casa levou a filha a um pediatra e, na seqüência, a um endocrinologista, que constatou que a puberdade de Stephanie era precoce e solicitou uma série de exames. Antes que alguns exames fossem realizados, a menina teve uma crise compulsiva e foi levada às pressas para um hospital. O caso começou a ser investigado e descobriu-se o tumor supra-renal.

Stephanie passou por uma primeira cirurgia, que não foi bem sucedida devido ao estado avançado da doença. Em um segundo procedimento, o tumor foi retirado, mas tempos depois surgiu um nódulo no pulmão e a menina teve que voltar à sala de cirurgia. Hoje, depois de algumas sessões de quimioterapia, a garota está quase curada.

“Eu nunca tinha ouvido falar do tumor supra-renal e fiquei bastante preocupada. Hoje, graças a Deus, minha filha está se recuperando. Voltou à escola, está mais magra e novamente tem um comportamento de criança”, diz Raquel. A irmã de Stephanie, que tem três meses de vida, já foi submetida a exames para constatação da mutação. Caso o problema seja identificado, ela fará outros exames e receberá tratamentos para não precisar enfrentar os mesmos problemas que a irmã mais velha.

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