Atividade física favorece longevidade

As melhorias nas condições sanitárias e nutricionais e o grande avanço da medicina têm reduzido cada vez mais as taxas de mortalidade e, consequentemente, as pessoas estão vivendo mais.

Até 1950, a expectativa de vida dos brasileiros era de 50 anos, enquanto hoje passa dos 73 anos. No entanto, é o estilo de vida de cada um que norteia a qualidade e problemas que possam surgir com a idade.

De acordo com a fisioterapeuta, Deborah Supino, as mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o processo de envelhecimento vão influenciar de maneira decisiva no comportamento da pessoa idosa.

“Com o declínio das aptidões físicas, o idoso tende a ser poupado pelos familiares e acaba praticando menos atividades motoras”, reconhece. Os efeitos da diminuição do desempenho físico podem ser contornados por meio de atividades físicas bem direcionadas que visam a promoção da saúde e da qualidade de vida.

Os benefícios são perceptíveis. Cuidar do corpo também melhora as funções orgânicas, beneficiam no controle, tratamento e prevenção de doenças – como a diabetes, hipertensão, arteriosclerose, enfermidades cardíacas, varizes, problemas respiratórios, artrose, distúrbios mentais, artrite e dor crônica, entre outras.

Não é difícil perceber que a rotina das pessoas idosas mudou muito de alguns anos para cá. Quem esperava chegar aos 60 anos e, merecidamente, descansar, pode mudar seus conceitos. A dita terceira idade pode ser muito proveitosa para quem não ficar parado.

“A melhoria na condição física traz inúmeras vantagens, inclusive o retardamento do processo de envelhecimento biológico, favorecendo a longevidade”, explica Raul Osieck, professor de educação física, do Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos.

O envolvimento de pessoas idosas com atividades recreativas e físicas favorece um maior ganho de qualidade de vida e a longevidade.

Limites respeitados

Os benefícios imediatos da prática de exercícios vão desde a redução da pressão arterial, dos níveis de colesterol à diminuição do sobrepeso. “A atividade física permite também que o idoso desenvolva melhor condição cardiovascular, tendo mais fôlego para subir escadas, brincar com os netos, enfim, para curtir a vida”, observa o professor.

Os exercícios mais indicados são aqueles que promovem ganho de flexibilidade, força e propiciam condição aeróbica, como caminhadas e ciclismo, e deve ser evitado qualquer esforço concentrado, de alta intensidade e curta duração.

Para aproveitar melhor as atividades e com segurança, os limites devem ser sempre respeitados. Para iniciar qualquer tipo de atividade, o idoso deve passar por uma avaliação médica para verificar qualquer tipo de problemas ortopédicos, cardiológicos ou hormonais, escolhendo o exercício que mais o agrade, dentro do seu próprio limite.

A musculação voltada à terceira idade, por exemplo, já faz parte do programa de academias exclusivas para idosos, com o objetivo de permitir que eles possam reunir forças necessárias para caminhar, carregar a sacola do supermercado ou simplesmente levantar do sofá sem depender de ninguém.

Além disso, o levantamento de pesos é o principal aliado no combate da síndrome da imobilização – grave problema de saúde pública que atinge até 40% dos idosos brasileiros a partir dos 75 anos de idade.

Musculação serve de base

De acordo com o cardiologista Antônio Augusto de Arruda Silveira Júnior, autor de um livro sobre a importância do exercício com levantamento de pesos na terceira idade, por terem sua mobilidade prejudicada, em consequência da perda da massa muscular, as vítimas da síndrome da imobilização não conseguem realizar as atividades mais simples do cotidiano de modo independente. “Elas também ficam propensas a desenvolver doenças reumáticas, fraturas ocasionadas pela osteoporose e, inclusive, desnutrição”, alerta o médico.

O especialista destaca que graças à musculação voltada à terceira idade, realizada de forma orientada, com o suporte de uma equipe multiprofissional, e em espaço com equipamentos apropriados à terceira idade, o idoso recupera a força dos músculos que ficaram atrofiados com o tempo.

Por essa razão, observa, esse tipo de exercício é descrito como a base das principais atividades físicas realizadas mesmo entre idosos com idade mais avançada, além de portadores de doenças que limitam o movimento e inclusive pessoas acamadas.

Antônio Silveira Júnior alerta, no entanto, que o combate à fraqueza resultante da atrofia das fibras brancas musculares (responsáveis pela força), deve começar bem antes da terceira idade.

“Pessoas na faixa dos 30 anos devem realizar a musculação com fins preventivos”, avisa o especialista, salientando que os demais exercícios, denominados aeróbicos, trabalharão principalmente sobre as fibras vermelhas (responsáveis pela resistência) e não pela força.

Médico deve dar o “OK”

Uma avaliação médica pré-participação em atividades físicas é fundamental. As alternativas vão desde simples questionários até exames sofisticados. Os principais objetivos do exame clínico são a identificação de doenças pregressas e atuais, a avaliação do estado nutricional, do uso de medicamentos, das limitações músculo-esqueléticas e do nível atual de aptidão física.

Dentre os exames complementares, o mais importante é o teste ergométrico, cujos objetivos principais são determinação da tolerância ao esforço e detecção de riscos cardiovasculares, já que, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, mesmo sem sentir nenhum sintoma e sem fatores de risco preexistentes, a partir dos 55 anos de idade o risco de doença arterial coronariana aumenta consideravelmente.

A avaliação ideal deve incluir testes de força muscular e de flexibilidade, análise postural e determinação da composição corporal. O objetivo é favorecer um maior ganho de qualidade de vida quando do envolvimento com atividades recreativas e otimizar o desempenho quando da prática de uma modalidade desportiva.