As dificuldades de quem sofre de asma

As vias aéreas são tubos que transportam o ar para dentro e para fora de seus pulmões. Em portadores de asma, as paredes internas desses “tubos” ficam doloridas e inchadas.

“É como se apertassem um torniquete, deixando o ar preso no local da obstrução”, explica a pediatra Zuleid Dantas Mattar, fundadora da Abra (Associação Brasileira de Asmáticos).

Com efeito, os pulmões recebem menos ar. Este distúrbio chiado, tosse, “aperto” no peito e dificuldade para respirar, especialmente nas primeiras horas da o início da manhã ou à noite.

Às vezes os sintomas da asma são leves e desaparecem por conta própria ou após o tratamento com um mínimo de medicamentos. Em outras vezes, os sintomas se tornam mais intensos, caracterizando um “ataque de asma”, também chamados de surtos.

A médica explica que é importante tratar os sintomas assim que são percebidos, pois, isso ajudará a prevenir agravamento da doença e afastar a necessidade de cuidados de emergência.

Com a chegada do inverno, aumentam os casos de doenças respiratórias comuns da estação. Quem é portador de asma sofre ainda mais nesse período, uma vez que os fatores que desencadeiam as crises da doença são mais frequentes.

Ar seco, clima frio, poeira, mofo, mudanças de temperatura, poluição, partículas suspensas no ar e mais tempo de permanência em ambientes fechados, o que aumenta a exposição aos fatores desencadeantes.

Na infância

A asma é tratada com dois tipos de medicamentos: os de alívio imediato para parar os sintomas e os medicamentos em longo prazo, de controle, para preveni-los.

É preciso ficar atento, pois se não for tratada de forma adequada a asma pode levar à morte. No mundo, estima-se que a doença seja responsável por 250 mil mortes anuais, sendo que no Brasil essa taxa é de aproximadamente duas mil por ano.

“Apesar de não ter cura, quando o paciente é acompanhado por um especialista, o controle da doença pode ser alcançado com desaparecimento dos sintomas por meses ou até anos”, comenta Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengart.

Apesar do impacto no dia a dia das pessoas, nem sempre a asma é levada a sério e o desconhecimento sobre a doença ainda é muito grande, apesar de a doença ocupar o quarto lugar entre as doenças com maior número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) e estar relacionada ao absenteísmo escolar e do trabalho.

Na infância, é uma das doenças mais frequentes. As crianças têm vias aéreas menores do que os adultos, o que torna especialmente asma grave para eles.

Children with asthma may experience wheezing, coughing, chest tightness and trouble breathing, especially early in the morning or at night. Por isso, os portadores da doença necessitam de muito apoio na escola.

Podem precisar da ajuda de funcionários e professores para manter a asma sob controle e ser capaz de fazer normalmente suas atividades diárias. “É importante passar o plano de ação com as recomendações médicas aos responsáveis, para que saibam o que fazer na ocorrência de crises”, ressalta Zuleid Mattar.

De acordo com a especialista, um dos graves problemas relacionados ao distúrbio é o subdiagnóstico. Muitas vezes, a doença ainda é confundida com alguns tipos de bronquite. “Estas e outras dificuldades relacionadas ao desconhecimento fazem com que a maior parte dos asmáticos não tenha o tratamento adequado” afirma a pediatra.

Sem cura

A maioria dos pacientes só enxerga a asma no momento da crise, que é a ponta do iceberg. Quando estão se sentindo bem, infel,izmente abandonam a medicação e deixam de fazer o tratamento da inflamação das vias aéreas, fundamental para prevenir as crises. “Educar o paciente é fundamental para se promover um melhor controle da doença”, reconhece a médica.

Além do tratamento médico, o controle da doença depende de se evitar o contato com os fatores que desencadeiam as crises. Alguns cuidados simples podem trazer grandes melhorias, como evitar mudanças bruscas de temperatura, limpar o ambiente com pano úmido ou aspirador, evitar contato com pó e poeira, evitar fumaça de cigarro e fazer exercícios nos horários de pico de poluição (começo da manhã e final da tarde).

A asma não pode ser curada. Mesmo quando o portador da doença estiver se sentindo bem, ainda terá a doença e que a calmaria poderá ser interrompida a qualquer momento.

Com o conhecimento atual, aliado aos novos tratamentos, a maioria das pessoas que têm asma é capaz de controlar a doença. Podem conviver com pouco ou nenhum sintoma, levando uma vida normal, ativa e, até, dormir com tranquilidade, sem ser interrompido a noite toda. Para o sucesso global do tratamento, o paciente deve ter um papel ativo na gestão da sua doença.

Falta de controle eficaz

Entre os fatores que os médicos citam como principais barreiras para o controle eficaz da asma estão a baixa adesão ao tratamento e a falta de conscientização de pais e pacientes sobre a gravidade da doença. Esses fatores, apontados em uma recente pesquisa, foram citados por 63% e 41% dos médicos entrevistados, respectivamente.

O estigma social associado ao uso de inaladores e nebulizadores, assim como a dificuldade de manuseá-los, também foram citados como fatores importantes para a falta de controle da doença.

Segundo 37% dos médicos entrevistados, as crianças são os pacientes com maior dificuldade de utilizar esses dispositivos, mas os adultos (29%) são os mais resistentes ao seu uso.

Por outro lado, como fatores indicativos de que a asma está bem controlada, os médicos apontaram o pouco uso de medicamento de alívio (53%) e a redução do número de episódios de despertar noturno e de tosse e chiado (36% e 37%, respectivamente).

Além desses, os pacientes citaram a manutenção da capacidade de se exercitar e a redução do absenteísmo à escola ou ao trabalho também como fatores importantes para definirem sua asma como controlada (apontada por 44% e 26% dos respondentes, respectivamente).

Sinais e sintomas

Tosse – É frequentemente pior à noite ou de manhã cedo. Traz imensas dificuldades para o portador dormir.

Sibilância – Chiado proveniente de um som de assobio ou estridente que ocorre quando o portador respira.

Aperto no peito – Como se algo estivesse espremendo ou forçando o peito.

Falta de ar – Alguns portadores dizem que não podem recuperar o fôlego ou sentem falta de ar.

Investigação – Nem todas as pessoas que têm asma têm esses sintomas. Da mesma forma, com os sintomas nem sempre significa que a pessoa tem asma.

Diagnóstico – Um teste de função pulmonar, juntamente com a história clínica e exame físico, é a melhor maneira de diagnosticar a doença.

Agentes externos

*Alérgenos encontrados na poeira, pelos de animais, baratas, mofo e pólen de árvores, gramas e flores

*Irritantes, como fumaça de cigarro, poluição do ar, produtos químicos ou poeira no local de trabalho ou em casa

*Alguns medicamentos, como a aspirina e outros antiinflamatórios

*Sulfitos em alimentos e bebidas

*Infecções virais respiratórias, como resfriados

*Exercícios (atividade física)

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