Alzheimer, a demência que assusta

Alterações do funcionamento cognitivo (memória, linguagem, planejamento, habilidades visuais-espaciais) e muitas vezes também do comportamento (apatia, agitação, agressividade, delírios, entre outros), que limitam progressivamente a pessoa nas suas atividades da vida diária, sejam profissionais, sociais, de lazer ou mesmo domésticas e de auto-cuidado.

São os principais sintomas da doença de Alzheimer, a mais frequente das doenças neurodegenerativas.

O quadro clínico descrito caracteriza o que em medicina é denominado “demência”.

A falta de informação é uma das principais características do distúrbio. Muitas pessoas ainda acreditam que as causas da doença passam por “uma consequência natural do envelhecimento”, pelo endurecimento das artérias e das veias do cérebro, por lapsos de “falta” de oxigênio no cérebro, retardo ou preguiça mental ou causas de estresse, trauma psicológico ou depressão.

Na verdade, a doença se manifesta por meio de uma demência progressiva, isto é, que aumenta em sua gravidade com o tempo. Os sintomas iniciam lentamente e se intensificam ao longo dos meses e anos subsequentes. Outra característica é que muitos sintomas não ocorrem no início, mas surgem ao longo da evolução da doença.

Benefícios sintomáticos

Na visão do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), estudos apontam a chegada do tratamento da doença de Alzheimer em um futuro próximo.

Os novos tratamentos foram debatidos durante o anúncio da Campanha de Conscientização da Doença de Alzheimer promovida pela ABN, cujo objetivo é levar a informação correta para a população brasileira.

“O mais estimulante é que o tratamento para doença de Alzheimer está entrando em uma nova e interessante fase, com várias novas drogas começando ensaios clínicos”, relatou a neurologista Márcia Lorena Fagundes Chaves, especialista em neurologia cognitiva.

Para ela, as medicações até agora disponíveis mostram benefícios sintomáticos moderados, entretanto, um maior progresso na medicina molecular sugere outros alvos para medicações.

“Muitas dessas novas terapias são baseadas no melhor entendimento atual sobre a patogênese da doença de Alzheimer e são desenvolvidas para tentar lentificar ou interromper a progressão da doença”, complementou.

O foco dos estudos atuais é a formação das placas neuríticas, compostas pela proteína beta-amilóide, que são um achado neuropatológico precoce e invariável da doença de Alzheimer.

“Entretanto, focar as enzimas que produzem essa proteína é arriscado, uma vez que também estão envolvidas em outras vias fisiológicas vitais”, recomenda a especialista.

Os novos estudos se apresentam como uma esperança, pois utilizam concentrações terapêuticas de lítio e oferecem uma nova abordagem para reduzir a formação das placas amilóides e neurofibrilares, dois marcos do distúrbio.

1,5 milhão de pessoas

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos (60 anos e mais de idade) chega a 14,5 milhões passando a representar 9,1% da população brasileira, enquanto no inicio da década somavam 11,4 milhões, isto é, 7,9% do total.

Daqui a 25 anos, esta população de idosos no Brasil poderá ser superior a 30 milhões. Segundo a análise do IBGE, o crescimento da população idosa deve-se aos avanços da medicina e a conscientização sobre qualidade de vida.

Importante destacar o número de pessoas com idade superior a 80 anos, faixa etária em que a frequência da doença de Alzheimer é superior a 15%. A estimativa é de que exista hoje, no Brasil, 1,5 milhão de pessoas nessa condição. Em 2017, serão 2,4 milhões.

O aumento do número de idosos deverá gerar um significativo impac,to econômico e social. A ABN alerta que o governo deveria estabelecer metas e planos de ações específicos para a melhoria da saúde destas pessoas.

Existem muitos estudos internacionais a respeito da frequência da doença de Alzheimer na população. Na maior parte deles, a doença de Alzheimer representa a principal causa de demência em idosos, correspondendo a mais de 50% dos casos que incidem nesta faixa etária.

De olho na prevenção

Algumas medidas gerais diminuem o risco de a pessoa ter doença de Alzheimer.

* Atividade mental regular e diversificada
* Atividade física regular
* Boa alimentação
* Bom sono
* Lazer
* Não fumar, beber com moderação
* Cuidados com a saúde física geral