Álcool: Passou da conta, a ressaca pegou

Você acorda com a sensação de que a sua cabeça pesa mais do que uma melancia. Depois percebe algumas sensações estranhas no corpo e tenta reconhecer o local em que se encontra. Aos poucos vai lembrando do que aconteceu na noite passada e mata a charada: você bebeu demais e sente os efeitos da ressaca. Mas, nem tente se levantar, os sintomas de enjôo, dor de cabeça, estômago embrulhado e aquele gosto horrível na boca, não te deixarão dar mais que um passo. O primeiro pensamento que vem à cabeça é a promessa, quase sempre não cumprida, de não beber nunca mais.

Em qualquer roda que você freqüente sempre vai ter alguém que “sabe tudo” de ressaca. E os conselhos se sucedem: uma colher de azeite antes de beber, um comprimido antes outro depois, uma xícara de café amargo. Tem ainda os “entendidos” que insistem em afirmar que ressaca se cura com mais bebida alcoólica. “Pura lenda”, ressalta Júlio Coelho, chefe do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo e de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da UFPR. O especialista indica a moderação como a melhor forma de evitar os males da ressaca.

Síndrome generalizada

E ela surge, devido ao álcool depois de ingerido, ser absorvido muito rapidamente pelo estômago. Depois de metabolizado, ele é levado pela corrente sangüínea até o cérebro. “Assim, bombardeado por diversas substâncias tóxicas que o agridem, este reage por meio de uma síndrome”, explica Coelho. Então, sintomas como tremores, enjôos, fadiga, dor de cabeça, redução na concentração e lentidão no raciocínio, causam uma série de alterações no corpo e afetam, especialmente, o fígado, coração, rins e sistema nervoso.

O médico observa que, quando a pessoa está com o estômago cheio, a absorção do álcool se dá mais lentamente e os efeitos da ressaca demoram a aparecer. Também pessoas acostumadas ao uso do álcool, sentem menos as conseqüências de uma noite bem “bebida”. Ao contrário, pessoas não predispostas ao consumo, bebendo uma quantidade mínima podem passar mal. “É a mesma coisa que uma pessoa de pele clara se expor ao sol, sem proteção ? é insolação na certa”, compara o especialista.

Nada de “fórmula mágica”

Muitos bons bebedores dizem que aprenderam a espantar a ressaca no dia seguinte. Das alternativas citadas por eles, Coelho admite que algumas podem até ajudar, entre elas, beber de dois a três litros de água, comer doces (para repor a glicose) e tomar medicamentos analgésicos. De nada adiantam comprimidinhos salvadores, nem encher o estômago de comida, “não adianta insistir, a tendência nesses casos, é esses alimentos agredirem ainda mais o já combalido sistema digestivo”, enfatiza o especialista.

Apesar das diferenças na predisposição ao distúrbio, provocadas pelo álcool, deve ficar claro que a quantidade que cada pessoa pode suportar é uma questão que diz respeito ao organismo de cada um. Mas, conforme Júlio Coelho, mesmo os mais “fortes” para a bebida sofrem, dependendo da quantidade ingerida, não importando se ela é de boa ou má procedência. Voltando ao início, é importante lembrar de que não existe nenhuma “fórmula mágica” capaz de evitar completamente a ressaca. Se você beber além da conta, possivelmente seu organismo pagará por isso no dia seguinte.

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