Adolescentes: Eles estão cada vez mais altos

Quando Marisa Lucas precisa alcançar algum objeto guardado nas patreleiras mais altas, ela recorre ao seu filho mais novo, Gustavo, de 17 anos. Não é para menos: enquanto a mãe mede um metro e setenta centímetros (uma estatura razoável para o padrão brasileiro) e o pai não passa de 1,77 m, o filho já alcançou um metro e noventa de altura. E parece que ainda tem mais o que crescer. Longe de ser um caso isolado, o ?gigante? Gustavo só comprova a constatação de um estudo que identifica uma tendência das últimas décadas: os jovens brasileiros de agora são bem maiores do que os adolescentes de outras gerações.

Para chegar a estes resultados, os pesquisadores mediram a altura de jovens que fizeram o alistamento militar nos últimos dez anos. Confrontando os números, constatou-se que houve um avanço médio de 8 centímetros na estatura dos recrutas ao longo do período analisado. De acordo com a pediatra Luci Pfeiffer, coordenadora do Grupo de Crianças e Adolescentes da Sociedade Paranaense de Pediatria, esses estudos são importantes para ajustar os dados internacionais que são utilizados para aferir o crescimento e o desenvolvimento da população.

Acompanhamento periódico

Entretanto, avaliar se a criança vai ser alta ou baixa, depende das características da família, afinal a altura final está relacionada, de acordo com a especialista, em 80 por cento dos casos com a genética e os outros 20 por cento com questões ambientais. Por isso, não adianta reclamar, filhos de pais baixinhos dificilmente terão filhos gigantes. Por outro lado, filhos de pais altos raramente serão baixinhos, a menos que ocorra algum distúrbio que prejudique o crescimento. ?Crescer, no caso das crianças, é um indício de saúde?, diz Luci Pfeiffer. Por isso, toda criança deve ser acompanhada por um pediatra, desde os primeiros meses de vida.

Segundo os pesquisadores, a evolução da altura não ocorre de maneira linear em toda a população, pois fatores ambientais, além dos genéticos, têm influência importante no crescimento. ?Para crescer com saúde a criança precisa se alimentar bem?, atesta a médica. Subnutrições, infecções em geral e deficiência na produção do hormônio do crescimento, segundo ela, podem causar retardo no desenvolvimento da criança. Assim, fatores como nutrição, atividade física e, até mesmo, o tempo de permanência ao sol, podem representar dados importantes para verificar essa evolução.

O aumento na média de altura da população não é uma exclusividade brasileira. Isso vem se verificando em várias partes do mundo. A tendência mundial de que a diferença de altura entre a população dos países mais ricos e pobres diminua, conforme estes vão se desenvolvendo economicamente, vem se confirmando. Nesse aspecto, na conclusão dos pesquisadores, é um equívoco tratar o Brasil como um país em desenvolvimento quando o assunto é o padrão de crescimento dos jovens. Eles confirmam que, pelo menos nessa questão, estamos muito mais próximos das nações desenvolvidas do que das subdesenvolvidas.

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