A doença do movimento parado

Estima-se que, no mundo, a doença afete 1% das pessoas com mais de 60 anos de idade, independente de classe social, cor, sexo ou raça. O papa João Paulo II sofria da doença. Entre outras celebridades, o parkinsonismo afeta o ex-campeão mundial de boxe Muhammad Ali, o ator americano Michael J. Fox e o ator Paulo José. Entre os menos ilustres, somente no Brasil, atinge entre 300 mil e 400 mil pessoas.  Lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremores e alterações no equilíbrio de forma progressiva são as faces mais visíveis dessa doença progressiva e incapacitante. De acordo com as pesquisas, nos homens a doença tem uma incidência levemente superior às mulheres: afeta 1,2 homem para cada mulher.

?O paciente morre com a doença de Parkinson, não da doença de Parkinson?, ressalta o neurologista Henrique Ballalai Ferraz, da Academia Brasileira de Neurologia. Conforme o médico, a causa da doença ainda é desconhecida. Sabe-se que uma queda na produção de dopamina (quando ela não é produzida ou não está fazendo efeito), o neurotransmissor encontrado na substância negra do cérebro encarregada pelo controle e coordenação dos movimentos e da postura, causa uma deterioração, afetando tais funções.

Diagnóstico clínico

O neurologista Otto Jesus Fustes, do Hospital Pilar, esclarece que a doença é apenas uma das formas de parkinsonismo, da qual fazem parte as doenças causadas pelo desequilíbrio da dopamina. Outras fazem parte da síndrome parkinsoniana, podendo acontecer em virtude de derrames ou pelo uso inadequado de medicamentos. O especialista explica que à exceção do exame de tomografia com emissão de pósitrons (PET-SCAN), não existem exames complementares para a confirmação do diagnóstico da doença de Parkinson. Por isso, conforme Fustes, o diagnóstico da doença é primordialmente clínico. Para fazê-lo, o médico se orienta pelos sinais e sintomas neurológicos que o paciente apresenta.

O paciente que sofre de parkinsonismo tem o controle dos músculos comprometido, por isso todas as atividades diárias, mesmo as mais simples, se tornam complexas e sacrificantes. Henrique Ferraz explica que os tremores pioram em repouso e podem afetar as mãos, a mandíbula e as pálpebras. Outras manifestações são rigidez muscular, dificuldade na mobilidade, falta de equilíbrio e dificuldade na deglutição. Danos que, segundo o médico, podem levar o paciente a sofrer de depressão, além de outros distúrbios cognitivos.

Ferraz ressalta que, por conta dos sintomas da doença, o paciente tende a se isolar e passa a ter dificuldade de realizar as atividades do dia-a-dia. O tratamento medicamentoso da doença tem por objetivo retardar suas conseqüências incapacitantes. Assim, pacientes que passam por esses tratamentos conseguem uma sobrevida maior. ?Pesquisas comprovam que sem o uso de qualquer medicamento, em média, a sobrevida de um parkinsoniano é de dois anos. Com os novos medicamentos, entre eles o pramipexol, a sobrevida pode atingir 10 anos?, observa.

Campanha esclarece a população

parkinson120406.jpgA Academia Brasileira de Neurologia (ABN) reservou o dia 11 de abril para prestar esclarecimentos à população sobre da doença de Parkinson. Serão instalados 21 postos em 12 cidades brasileiras. Em Curitiba, o atendimento será no Shopping Estação, durante o horário comercial. No stand da ABN o interessado poderá saber mais sobre a doença, seus sintomas, fatores de risco e tratamentos disponíveis.

O neurologista Henrique Ballalai Ferraz, coordenador da ABN, reconhece que as campanhas públicas sobre a doença de Parkinson são escassas quando comparadas às de outras doenças, mas ele acredita que, com o envelhecimento da população, elas se tornarão imprescindíveis.

Outra questão apontada pelo coordenador diz respeito aos serviços de atendimento ao parkinsonista, que não disponibilizam o tratamento por uma equipe multidisciplinar a seus pacientes. ?Em geral, existe somente o clínico geral, quando muito, um neurologista”, lamentou. Dentre os avanços mais citados, Ferraz destaca a distribuição gratuita de remédios para o tratamento da doença pela rede pública, disponível em todo o Brasil.

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