Temporada de seca muda paisagem no Pantanal

É tempo de seca no Pantanal. A baixa umidade do ar transforma a paisagem deste que é um dos principais destinos turísticos do Brasil e também um dos que mais atraem estrangeiros. Até setembro, é o melhor período para a observação de mamíferos, já que é na estação da seca que eles saem em busca de alimento e as árvores estão com menos folhas, facilitando a visualização entre elas. Nos meses de julho e agosto, a temperatura média no Pantanal é 21 graus e ocorrem geadas ocasionais.

Um dos mais ricos pontos para o ecoturismo no Brasil, o Pantanal é a mais extensa área úmida contínua do planeta, com aproximadamente 240 mil quilômetros quadrados, superfície que corresponde à Bélgica, Suíça, Holanda e Portugal juntas. O turístico Pantanal Sul abrange doze municípios, dos quais Corumbá, Coxim, Aquidauana, Miranda e Porto Murtinho são os mais representativos. Toda a região faz parte da bacia do Rio Paraguai, que percorre 1.400 quilômetros em território brasileiro. Seus afluentes principais são o São Lourenço e Cuiabá, ao norte; Miranda, Taquari, Coxim e Aquidauana ao sul. Juntamente com rios menores, como o Nabileque, Apa e Negro, formam a trama hidrográfica de todo o complexo pantaneiro.

Reserva natural

Nesta época, os mamíferos, como o tamanduá-mirim, vão mais longe em busca de alimentos.

A região é uma das mais exuberantes e diversificadas reservas naturais do planeta. Sabe-se que o Pantanal tem estoques vegetais que superam regiões similares de todo o mundo. Sua vegetação é um mosaico de matas, cerradões, savanas com espécies como cambará, lixeira, canjiqueira, carandá, campos inundáveis de diversos tipos, brejos e lagoas com plantas típicas, como camalotes. Todo o conjunto tem alto potencial econômico – pastagens nativas, plantas apícolas, comestíveis, taníferas e medicinais.

A fauna é também bastante rica e variada. Capivaras, tamanduás-bandeira, tamanduás-mirim, lobinhos e veados-mateiros, entre outras, são animais que apresentam grandes populações e estão ameaçados de extinção em outras partes do País. Foram catalogados oitenta tipos de mamíferos na região, cinqüenta de répteis, dos quais os mais famosos, além dos jacarés, são as cobras – sucuri, jararaca e boca-de-sapo, entre outros. O Pantanal também tem mais de 650 espécies de aves catalogadas. São tuiuiús, tucanos, araras, garças, biguás e muitas variedades de pássaros. Seus rios abrigam perto de 230 espécies de peixes, destacando-se a piranha, o pintado, o pacu, a piraputanga e o dourado.

Aventure-se nos campos pantaneiros

Um dos passeios oferecidos é a bordo dos ?zebrões?, caminhões parecidos com os usados em safáris africanos.

O Refúgio Ecológico Caiman – empreendimento ecoturístico do Pantanal sul-mato-grossense, situado no município de Miranda, a 236 quilômetros de Campo Grande, possibilita aos visitantes entrar em contato com a flora e a fauna pantaneiras, apreciar a culinária e os programas típicos da região. Safáris fotográficos, caminhadas por trilhas ecológicas, observação de pássaros, passeios a cavalo, de chalana, em canoa canadense e em ?zebrões? (caminhões parecidos com os usados em safáris africanos) estão entre as atividades mais procuradas. As saídas são acompanhadas pelos ?caimaners? – guias bilíngües com formação universitária – e por acompanhantes nativos da região que conhecem todos os caminhos, animais e surpresas do Pantanal.

Os turistas podem participar da ?vida pantaneira?, acompanhando os peões no remanejamento do rebanho.

Além disso, este ano, o turista pode também viver um dia como um verdadeiro peão pantaneiro. É que as atividades do Refúgio Ecológico funcionam em sinergia com a pecuária de corte, também desenvolvida dentro dos seus 53 mil hectares. A fazenda possui atualmente 26 mil cabeças de gado para engorda, que se transformaram em mais uma atração turística da estância. Os hóspedes podem participar da ?vida pantaneira? integrando-se a uma comitiva de gado que anda em média 24 quilômetros por dia e acompanha os peões no remanejamento do rebanho para outras áreas da fazenda.

O Caiman oferece três programas, que foram totalmente reformulados este ano, que incluem cavalgadas e lidas com o gado. O primeiro deles é o ?Cavalgada com lida de gado?, feito com o acompanhamento de um experiente guia de campo, nativo da região (não bilíngüe). Tem início às 6h30 da manhã, no Galpão de Arreio da Fazenda, onde participam de uma roda de tereré (bebida típica da região). De lá partem para o campo depois de receberem as instruções do capataz da fazenda. O local de encontro com o gado varia de acordo com as necessidades do manejo. No meio da manhã é feita outra parada para uma roda de tereré e o retorno à pousada ocorre antes do almoço. A duração total do passeio é de cinco horas. Custa R$ 180 por pessoa.

Os passeios de canoa canadense estão entre os mais procurados.

Outro programa é a ?Cavalgada Santa Vóia com pernoite?, também acompanhada por um guia de campo, um ?caimaner? e um peão boiadeiro. Os visitantes saem da pousada às 13h30 a cavalo com destino ao acampamento Santa Vóia. Chegam ao local no final da tarde e são recepcionados por músicos pantaneiros. No local, contam com banheiro, duchas de água fria e iluminação feita com lampiões e velas (não há eletricidade). Os hóspedes também recebem um kit com toalha de banho, amenities, duas frutas, barra de cereal, roupas de reserva essenciais e dormem em redes em uma área protegida por telas. No jantar é servido churrasco à moda pantaneira com acompanhamentos típicos da região. Quando amanhece, tomam o café acompanhado pelo tradicional arroz carreteiro e retornam à pousada a cavalo. Custa R$ 400 por pessoa.

O terceiro programa é o ?Dia de peão pantaneiro?, que tem início às 6h30, quando os hóspedes se encontram no galpão com os peões. O percurso é acompanhado por um burro que leva as bebidas e os alimentos em contêineres. O contato com a natureza é impactante, com a realização do ?trabalho de gado?, que significa laçar, controlar e manejar o gado. Às 11h, embaixo de árvores no campo, é servido o almoço, com sanduíches, frutas, bebidas e a tradicional matula (farofa com carne seca). Em seguida, há uma pausa para tomar o tereré. O término do passeio ocorre entre 15h e 18h30, cabendo ao hóspede indicar o horário de sua preferência para ser levado de volta à pousada. Custa R$ 100 por pessoa.

Crianças contam com programação especial

Participar da caminhada ecológica nas trilhas é uma forma agradável
de conhecer a flora e fauna locais.

Neste mês e em agosto, o Refúgio Ecológico Caiman oferece o ?Caiman Kids?, uma programação voltada a entreter o público infantil com atividades junto à natureza. De segunda a sábado, das 7h às 18h30, recreacionistas e ?caimaners? (guias bilíngües com formação universitária) promovem brincadeiras com malabares, teatrinho, mímica para advinhar os bichos e jogos de perguntas e respostas sobre ecologia, com muitas curiosidades sobre os animais, árvores e plantas, além de caminhadas por trilhas ecológicas e visita ao projeto de preservação das araras-azuis.

As crianças com mais de seis anos também podem acompanhar os pais nas atividades regulares para conhecer juntos as belezas e particularidades da região. Nesta época, durante as caminhadas nas trilhas, os pequenos poderão ver com mais facilidade animais como quatis, macacos, capivaras, tamanduás-bandeiras, tamanduás-mirins, lobinhos e veados-mateiros, além de dezenas de espécies de aves, incluindo tuiuius e araras.

Hospedagem

O refúgio conta com quatro pousadas em estilo rústico. São amplas suítes com ar-condicionado e área de lazer com piscina. Em julho e agosto, a diária por pessoa, em apartamento duplo, custa R$ 402, incluindo as três refeições, além de dois passeios por dia e uma atividade à noite. Para crianças de 4 a 11 anos, a diária custa R$ 242, no mesmo quarto dos pais, e R$ 309, em quarto separado. Mais informações: www.caiman.com.br ou (11) 3706-1800.

Projetos protegem animais ameaçados

Número de araras-azuis triplicou.

No Refúgio, o turista pode conhecer também projetos para preservação e espécies ameaçadas de extinção, como arara-azul, onça-pintada e o papagaio-verdadeiro. O trabalho com as araras-azuis teve início há quinze anos pela bióloga Neiva Maria Robaldo Guedes, professora e pesquisadora da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal. A maior conquista foi o número de araras-azuis, que passou de 1,5 mil em 1987 para cinco mil no ano passado.

Além da preservação de espécies, o Refúgio Ecológico Caiman criou um Centro de Interpretação Ambiental da Natureza, espaço que concentra informações sobre história natural do Pantanal e do Brasil, e uma RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural, com 5,6 mil hectares e diversas espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. As iniciativas fazem do empreendimento um Centro de Educação Ambiental reconhecido nacional e internacionalmente.

Patrimônio Natural

Em 2004, cerca de 5,6 mil hectares da área total do empreendimento receberam o título de RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) do Pantanal. A reserva abriga e garante a proteção de quarenta espécies de mamíferos, 368 de aves, quinze de répteis, quatro de anfíbios e 21 de peixes.

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