Gestante também pode ser turista

Passear, descansar e conhecer lugares e culturas diferentes estão entre os prazeres proporcionados por uma viagem.

Por que não desfrutar tudo isso também durante a gravidez, um dos períodos da vida em que a mulher mais requer experiências agradáveis?

A insegurança em relação ao bem-estar do feto está entre os motivos que levam muitas mulheres a se privar de viajar neste período.

Porém, hoje há muitas informações disponíveis para deixar a gestante-viajante mais tranquila para se divertir longe de casa.

Uma consulta com o obstetra abordando mais especificamente a viagem é o primeiro passo. O profissional vai orientar sobre os cuidados a serem tomados, incluindo o comportamento durante o trajeto, seja no avião, carro, trem; os procedimentos no caso de emergência; a melhor fase para viajar e os medicamentos que devem ser levados na bagagem no caso de enjoo, azia, cólica, dor de cabeça e outros.

Segundo a médica ginecologista e obstetra Léa Amaral Camargo da Silva, o melhor período para viajar é durante o segundo trimestre de gestação (quarto, quinto e sexto meses). “A partir da 12.ª semana há menos risco de aborto e a mulher já passou aquele período de enjoos, mais comum no início da gestação”, justifica.

O último trimestre (do sétimo ao nono mês) deve ser de cuidado, segundo a médica. “A partir de 28 semanas, o bebê já está totalmente formado, a não ser pela imaturidade pulmonar, por isso, o risco é de que a gestante possa entrar em trabalho de parto se houver complicações como sangramento, rotura de bolsa amniótica, infecções, levando ao nascimento de um bebê prematuro”, explica.

No caso de rompimento da bolsa amniótica, o perigo é contrair uma infecção. Neste caso, a orientação, segundo Léa Amaral, é procurar um hospital confiável mais próximo, onde deverá ser feita a análise do sangue e o controle da temperatura da gestante para verificar se há infecção, e se a paciente está tendo dilatação.

“Dependendo da dilatação e o destino da viagem, a gestante pode até retornar para casa sem problemas, já que o trabalho de parto pode durar até 36 horas depois de iniciado”, informa a médica.

Banhos de mar, de piscina e de sol são liberados durante a gestação, desde que prevaleça sempre o bom senso para não colocar em risco a própria segurança e a do feto. Léa ressalta que as atividades com possibilidade de queda e outras que requeiram esforço são totalmente desaconselhadas.

Viagens de avião têm regras específicas

As companhias aéreas têm regras específicas para viagens de gestantes e as dispõem em seus sites para consulta.

Em geral, para citar como exemplo as medidas adotadas pela TAM e Gol, as duas maiores empresas aéreas brasileiras, mulheres até a 27.ª semana não têm restrição nenhuma em embarcar, desde que não apresente problema de saúde decorrente da gravidez.

A Gol solicita apenas que a passageira preencha a Declaração de Responsabilidade fornecida pela companhia.

Entre a 28.ª e a 35.ª semana, no entanto, a orientação da empresa é a de que, além da declaração, a gestante apresente no check-in o atestado médico autorizando a viagem de avião.

Neste período, a TAM também pede um relatório recente do médico obstetra responsável constando informações como a idade gestacional, as condições de saúde atuais da paciente e a data provável do parto.

Mulheres entre a 36.ª e 39.ª semana de gestação só viajam pela Gol acompanhadas pelo médico responsável. Se a gestação for de gêmeos, esta regra é válida para a gestante já a partir da 32.ª semana.

Já na TAM, elas devem preencher o Medif (Medical Information Sheet) para análise da equipe de medicina espacial da empresa. Se a gestaç,ão for de gêmeos, este formulário deve ser preenchido pela passageira já a partir da 32.ª semana.

A partir da análise da equipe, é que será determinada a necessidade ou não de um médico a bordo ou até mesmo a impossibilidade de embarque caso seja julgado que implicaria algum tipo de prejuízo para a gestante e/ou feto.

Gestantes com quarenta semanas ou mais não poderão embarcar, salvo inevitável necessidade e acompanhados por um médico obstetra. É bom frisar que para ambas as companhias, o tempo de gestação é o considerado na data de embarque e não na data de reserva ou compra da passagem aérea.

Impedimento

A Gol informa que não será permitido o embarque de mulheres grávidas nos sete dias que antecedem a data prevista do parto nem nos sete dias seguintes ao procedimento. Assim como não será admitida a viagem aérea de recém-nascidos, mesmo saudáveis, durante os sete dias posteriores ao nascimento.

Em relação ao serviço de bordo, é o mesmo oferecido a qualquer outro passageiro. Já no check-in e no embarque, as gestantes têm preferência e são chamadas em primeiro lugar, juntamente com idosos, pessoas com crianças de colo e aquelas com dificuldade de locomoção.

No avião, a gestante pode solicitar sentar-se na primeira fileira de assentos da classe econômica, destinada a pessoas com crianças pequenas. Além de ter mais espaço, estar na primeira fileira facilita as idas ao banheiro.

Cuidado ao escolher o destino

É comum uma mulher grávida ouvir que pode fazer quase tudo, já que “gravidez não é doença”.

Porém, os cuidados devem ser redobrados sim e o bomsenso é a ordem em qualquer situação.

Quando o assunto é viajar os cuidados devem começar já na escolha do destino.

Entre as doenças mais comuns em viajantes estão as transmitidas por águas e alimentos contaminados, como hepatite A, febre tifóide e cólera, e as transmitidas por picadas de insetos, como dengue, malária e febre amarela.

O médico infectologista Marcelo Litvoc, membro da Verdi Saúde (Medicina do Viajante) e assistente do Departamento de Infectologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, orienta gestantes a evitar viajar a lugares onde há transmissão de certas doenças epidêmicas.

“A malária, por exemplo, existe em alguns locais da Amazônia brasileira, em praticamente todo o continente africano e em alguns países asiáticos, como Tailândia e Indonésia”, cita o médico.

Vale ressaltar que à gestante não é permitida vacinação contra a rubéola, por exemplo, nem contra a febre amarela. E para algumas doenças nem existe vacina, como é o caso da malária.

De forma geral, Marcelo recomenda evitar destinos considerados “exóticos”, onde a comida é muito diferente da que se está acostumado; locais onde a assistência médica é deficitária ou que não oferecem acesso fácil à água tratada ou a condições de higiene adequadas.

Isso tudo para evitar as infecções, que podem causar a chamada “diarréia do viajante” e as infecções urinárias, que podem provocar aborto ou até mesmo o parto prematuro.

“A mulher que viaja e não se hidrata bem nem vai ao banheiro pode ter mais chances de desenvolver uma infecção urinária”,lembra Marcelo Litvoc. Recomenda-se também não ingerir carnes cruas ou mal cozidas para evitar doenças como a toxoplasmose.

Algumas atividades comuns principalmente em viagens de ecoturismo podem ser feitas pela gestante, porém, com certa restrição. Mergulho, por exemplo, só o de superfície; quanto às caminhadas, somente as mais curtas e por locais de fácil transição. Passeios pela mata devem ser descartados do roteiro ecoturístico da gestante. Mais informações: www.medicinadoviajante.com.br.

Cruzeiro pode ser uma boa

Uma viagem de navio pode ser uma boa opção para a gestante que quer curtir uns dias de descanso e lazer longe de casa. S,egundo Cláudia Del Valle, diretora de Marketing da companhia Costa Cruzeiros no Brasil, além de o navio ser um local de grande conforto, o cruzeiro é um produto interessante porque atende aos interesses da gestante e, ao mesmo tempo, das pessoas que a acompanham na viagem.

Isso porque as opções de lazer, entretenimento, relaxamento e alimentação são variadas. “A gestante pode, por exemplo, optar por se dedicar a trabalhos manuais, aulas de dança, hidroginástica, relaxar no spa, enquanto outras pessoas se divertem em atividades mais radicais e as crianças aproveitam as atividades voltadas a elas”, diz.

Cláudia lembra que, no caso da Costa Cruzeiros, a gestante precisa apresentar um atestado médico comprovando que sua gravidez não é de risco. Mulheres que, no dia do embarque, estiverem com 24 semanas de gestação ou mais não poderão embarcar.

“Dentro do navio, há pelo menos uma enfermeira, mas não há estrutura de UTI, por isso, se houver necessidade de fazer um parto prematuro, não há equipamentos adequados”, explica Cláudia.

Ao contrário do que se possa pensar, a diretora de Marketing da Costa assegura que os navios têm grande estabilidade, por isso, balançam muito pouco. “No caso de enjôos, os próprios camareiros são treinados a orientar os hóspedes a não tomar líquidos e a comer maçã verde e miolo de pão”, comenta.

A Costa ainda tem vagas nos cruzeiros de fevereiro e março. São três navios que a empresa mantém na costa brasileira nesta temporada: Costa Magica, que faz cruzeiros no litoral do Sudeste e vai até a Bahia; o Costa Mediterranea, que tem como destino a Argentina, e o Costa Romantica, que percorre destinos sul-americanos.

A companhia já anunciou que passageiros que viajam nesta temporada em algum dos navios da Costa terão desconto de 5% na aquisição de cabines para a temporada 2009/2010. Consulte seu agente de viagens.

Voltar ao topo