Foco nas expectativas dos turistas

Os destinos turísticos que consideram oferecer beleza como suficiente para atrair permanentemente muitos turistas estão enganados. Para ter gente visitando é preciso atender às expectativas dos visitantes, que mudam constantemente.

A observação é do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luiz Gustavo Barboza, responsável pelo Estudo de Competitividade dos 65 destinos Indutores, realizado em parceria com o Ministério do Turismo e o Sebrae Nacional. Foi apresentada em seminário durante a 4.ª edição do Salão de Turismo, em São Paulo, semana passada.

“Um recurso estratégico pode se tornar obsoleto com o passar do tempo. Além disso, é crucial que os destinos turísticos desenvolvam suas capacidades e recursos continuamente” diz o pesquisador.

O objetivo do estudo, cuja primeira etapa foi realizada em 2007 e 2008, é mensurar, de forma objetiva, diversos aspectos – entre eles os econômicos, sociais e ambientais – que indicam o nível de competitividade dos destinos turísticos.

A partir da identificação e do acompanhamento de indicadores objetivos, e da geração de um diagnóstico da realidade local, torna-se mais viável a definição de ações e de políticas públicas que visem ao desenvolvimento da atividade turística.

Este ano está sendo desenvolvida a segunda etapa do trabalho, segundo o coordenador de turismo do Sebrae Nacional, Dival Schmidt. “A partir deste estudo é possível organizar políticas públicas voltadas para o fortalecimento do segmento”, diz Schmidt.

O estudo

Pesquisadores e técnicos da FGV, Ministério do Turismo e Sebrae começaram os novos levantamento. Eles estão avaliando a evolução do processo, comparando a realidade atual com os indicadores obtidos na primeira etapa.

As capitais e não capitais foram avaliadas em 13 quesitos relativos à infraestrutura, turismo, políticas públicas, economia e sustentabilidade. Em abril de 2008, os resultados foram apresentados aos prefeitos e secretários estaduais e municipais de Turismo.

Em seguida, Ministério do Turismo, FGV e Sebrae promoveram seminários em cada um dos destinos para que governos, sociedade civil e empresas mapeassem as principais necessidades locais.

O ministério, junto com o Sebrae, está desenvolvendo nos 65 destinos 419 diferentes projetos. O esforço é direcionado para conferir a esses destinos – um universo que abrange 59 regiões e 740 municípios – padrão internacional de qualidade.

Turismo terá R$ 280 milhões até 2011

De um grande evento como a Copa do Mundo em 2014 ao fortalecimento do Programa de Regionalização do Turismo. O setor de turismo no Brasil tem recursos assegurados da ordem de R$ 280 milhões até 2011, conforme anunciado pelo Sebrae semana passada durante o 4.º Salão de Turismo, em São Paulo.

E a estratégia de aplicação do montante consiste em facilitar a gestão dos negócios em turismo multiplicando os instrumentos de capacitação. Para Luiz Carlos Barboza, da FGV, o turismo pode ser considerado como uma grande montadora de serviços de uma empresa complexa.

“Quem visita um lugar guarda uma impressão do conjunto e a qualidade dos serviços depende da integração entre os vários atores”, avalia. Como exemplo, lembrou que um projeto de recuperação de linhas férreas de pequeno percurso em lugares turísticos pode ter um enorme impacto. “Calculamos que entre 150 e 200 pequenos negócios possam ser revitalizados em cada um destes percursos”, disse.

A lei do Empreendedor Individual, que beneficia trabalhadores informais com faturamento de até R$ 36 mil, é um dos pontos destacados pelos estudiosos. O objetivo do Sebrae é esclarecer esse público, explicando as prerrogativas legais.

A estimativa é que cerca de 11 milhões de empreendedores atuem na informalidade. No setor de turismo, a quantidade de estabelecimentos é de aproximadamente dois milhões, sendo 900 mil formais e 1,1 mil informais, entre bares, restaurantes, meios de hospedagem, locadoras de veículos e agências de viagem, segundo o Ministério do Turismo. (ASN)