Fim de semana radical no Guartelá

Com previsão de tempo bom para o final de semana, logo você pensa em curtir sua casa. Certo? Errado! O clima é ideal para uma aventura na região de Tibagi, a trezentos quilômetros de Curitiba. Além da paisagem deslumbrante – formada pelo Canyon do Guartelá, o sexto maior do mundo em extensão e o maior do mundo com vegetação nativa, conforme consta no Guinness Book, o Livro dos Recordes, edição de 1993/94/96 e 97 -, a região também é propícia para a prática de esportes de aventura, como o rapel e o rafting. Quem se encarrega da programação são as agências especializadas em expedições IxionGeo e Praia Secreta, de Curitiba, e Ytayapé, de Tibagi.

Sábado, 7h, o pessoal da Ixion já está em pé separando os equipamentos necessários para a viagem: barracas, sacos de dormir, isolante térmico, barco inflável, remos, colete salva-vidas, capacetes e muita comida (quem prefere mais conforto pode ficar em alguma das nove pousadas da região).Tudo devidamente instalado na van, o “capitão” Ivan coloca o pé na estrada.

Faltando pouco menos de cem quilômetros já e possível perceber a diferença de clima. O cheiro da vegetação é forte. Os campos dividem espaços com as plantações de trigo e o gado leiteiro. Casebres na beira da estrada são a marca registrada de quem preferiu ficar no campo em vez de disputar um metro quadrado nos grandes centros.

As crianças se divertem com pequenos animais, mas também não deixam de acenar aos forasteiros que pedem licença para compartilhar as belezas e tranqüilidade do local.

Primeira parada

A parada é na Fazenda São Damásio, que abriga a parte mais profunda do canyon, bem ao lado do Parque Estadual do Guartelá, de propriedade do simpático casal Herta e Frederico Zenz. Acampamento montado, é hora de desvendar as belezas do local. Quem comanda a aventura agora são os guias especializados da Ytayapé Ecoturismo. Os 250 alqueires da fazenda são compostos por vales profundos e íngremes, rodeados por pequenos cursos d?água. O que também chama a atenção são as esculturas trabalhadas pela natureza, que têm origem no Período Devoniano, há mais de 400 milhões de anos, e que formam paredões típicos dos primeiro e segundo planaltos.

A vegetação é formada por campos, cerrados e matas de galeria, mescladas com espécies de araucária, ipê-amarelo, cactos, bromélias, orquídeas, entre outros.

A presença dos índios caingangues também é marcada nas pinturas rupestres feitas nas rochas. A prova de que o local já foi um quilombo (São Dama) estão nas cercas de taipa, uma espécie de muro de pedra erguido na beira do penhasco como armadilha para os capitães do mato.

Mas tudo isso fica muito mais impressionante se visto do alto, a trinta metros de altura. Essa é a distância do paredão de pedra que descemos de rapel. O equipamento necessário para a prática segura do esporte é fornecido pela Itayapé, assim como todas as instruções para que os principiantes façam uma descida tranqüila e, de preferência, se tornem amantes dessa aventura.

Do alto é possível ver o Rio Iapó, que divide o canyon entre Tibagi e Castro e ter uma noção da grandiosidade da área. Com sorte é possível ver uma revoada de tucanos, pica-paus-do-campo, tirivas ou maritacas ou encontrar algum exemplar de tamanduá-mirim, tatu, lebre, puma ou lobo-guará.

A volta é acompanhada por um sol alaranjado, já se despedindo do dia. Antes de voltar para o acampamento, somos surpreendidos com um delicioso café colonial oferecido pelos proprietários da fazenda. Dona Herta, com seu jeito simples e acolhedor, gosta de deixar tudo bem à vontade e não se cansa de contar as histórias e mostrar com carinho as fotos que tirou de grupos que já passaram pelo local. A mesa é farta e entre as iguarias feitas pela anfitriã estão tortas de maçã e requeijão, bolo de pêssego, bolacha de mel, pão e queijo caseiros e as geléias de figo com pêssego, abóbora com laranja e de jabuticaba, a preferida dos visitantes. Depois de um banho quente (ou frio), voltamos para o acampamento e, embalados por uma roda de violão (e cercados por um grupo de bovinos curiosos), nos recolhemos, pois amanhã a aventura continua.

Rio Tibagi

O cheiro da relva no campo é um estímulo para levantar cedinho no domingo. Por volta das 8h todos já estamos em pé, desmontamos o acampamento e voltamos para a estrada, agora em direção a Tibagi. A parada é antes do portal de entrada da cidade, onde a equipe da Praia Secreta nos espera para o rafting. O esporte que teve seu primeiro registro em 1869 no Rio Colorado, Estados Unidos – mas no Brasil só chegou na década de 80 – consiste em vencer corredeiras dentro de um bote inflável. O esporte é bem seguro, desde que se utilize equipamento adequado e se tenha acompanhamento de um guia profissional.

Antes de encararmos a descida, recebemos as instruções de como remar e como agir se o bote virar (e vira mesmo!). Mas a segurança é tanta que até mesmo os que têm receio de água ficam tranqüilos, até porque, com sorte, você pode embarcar na aventura acompanhado pela campeã brasileira de rafting 2001 e vice-campeã brasileira de 2002, Laine Souza Lima. A descida pelo Rio Tibagi leva cerca de uma hora e meia, em águas turvas, que atingem 2,5 metros de profundidade, dependendo da época. A classificação do rafting vai de 1 a 6, conforme as dificuldades do rio. O Tibagi chega em alguns pontos a ser 3+. Vencido os limites, retornamos para Curitiba trazendo na bagagem novos amigos e a sensação de quero mais.

Serviço

– A IxionGeo que agencia a expedição para Tibagi situa-se à Rua Piauí, 877, bairro Parolin, em Curitiba. O telefone é (41) 332-1446. Os preços dos pacotes para o fim de semana são R$ 180 para hospedagem em acampamento e R$ 200 para hospedagem em uma das pousadas da região. Os pacotes incluem alimentação.

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