Como se fosse a Ilha da Fantasia

Quem tem mais de 30 anos com certeza já sonhou em se hospedar na Ilha da Fantasia, comandada pelo Sr. Roarke e seu assistente Tattoo. Lá, os hóspedes chegavam com ares de celebridades e eram recepcionados por belas havaianas que entregavam colares e coquetéis de boas-vindas.

Se o Hotel Transamérica da Ilha de Comandatuba, na Bahia, não foi inspirado no seriado de televisão, a coincidência foi muito grande entre os dois empreendimentos.

A diferença é que, no litoral brasileiro, em vez das havaianas, baianas cheias de dengo é que oferecem espumante e água-de-coco aos visitantes. Nos 8 milhões de metros quadrados da Ilha de Comandatuba, localizados no município de Una, sul da Bahia, os turistas podem usufruir a hospitalidade típica do povo baiano mas em um ritmo bem sulista, com os serviços e eventos acontecendo sempre na hora programada e com a qualidade adequada para agradar os mais exigentes críticos.

O empreendimento – um dos mais antigos do Brasil e que completa 20 anos em março do ano que vem – é considerado um dos projetos de resorts mais ousados no Brasil.

São 50 mil metros quadrados de área construída em uma antiga fazenda de plantação de cocos, onde se verifica que as inovações urbanas não prejudicaram o meio ambiente.

Para os hóspedes, são 21 quilômetros de extensão de praias quase virgens e, ao mesmo tempo, uma ampla infra-estrutura para realizar inúmeras atividades. Totalmente independente do continente, o resort possui padaria e confeitaria próprias, que produzem desde o típico pão francês até glamourosas sobremesas como tiramissu e outras delícias. Claro que há espaço para as comidas tipicamente baianas, assim como para as culinárias mediterrânea, italiana e a famosa pizza adorada pelos paulistas.

As baianas dão as boas-vindas aos turistas, um “axé” brindado com espumante ou água-de-coco.

A parte de gastronomia do Transamérica Comandatuba, aliás, é um capítulo à parte e merece todos os elogios. Desde a tapioca fresquinha servida no café-da-manhã pelas simpáticas baianas até os pratos à la carte do Restaurante da Praia, cada um com sua peculiaridade e seu sabor inesquecível.

Ao todo, são três restaurantes. Além do da Praia, cujos pedidos não estão inclusos no valor do pacote, há o Restaurante Giardino/Bamboo, que tem como grande atração suas noites temáticas. Ou seja, em uma semana, é possível fazer uma pequena “volta ao mundo gastronômica”.

Além da opção temática, paralelamente são oferecidas saladas, massas e grelhados para os paladares mais tradicionais que preferem evitar as “experimentações”.

Para as crianças, o Restaurante Beiju oferece um cardápio elaborado exclusivamente para elas, com as devidas combinações nutricionais e ainda por cima aquele sabor típico da infância, com direito à canja de galinha, feijão, arroz e ainda beijinho e brigadeiro de sobremesa. Uma verdadeira tentação, até para quem já passou da idade.

Roteiro – e preço – de luxo

Gastronomia oferecida no hotel é um convite à gula.

Claro que tudo tem seu preço e passar uma semana hospedado no Transamérica em Comandatuba não chega a ser uma viagem barata. Entretanto, ao se colocar na balança o custo-benefício, vale a pena levar o roteiro em consideração.

Na baixa temporada, que vai até o dia 19 de dezembro, a diária com meia-pensã,o para casais varia entre R$ 895 e R$ 2.430, de acordo com o tipo de acomodação escolhida.

Os pacotes para a semana do Natal em um apartamento superior para casal custam R$ 7.157 por pessoa (no bangalô, este valor cai para R$ 5.838 por pessoa). No Réveillon, os preços quase dobram: R$ 13.181 por pessoa no apartamento e R$ 10.405 no bangalô.

Os pacotes incluem parte aérea em vôo TAM (a partir de São Paulo), sete noites com pensão completa, traslados e a programação de fim de ano. Mais informações: www.transamerica.com.br.

Acesso ao resort

Ao contrário do que ocorre em muitos resorts do Nordeste, os hóspedes estrangeiros ainda são minoria no Transamérica Comandatuba. Boa parte dos visitantes vêm de São Paulo, estado que responde por 65% da taxa de ocupação do hotel.

Segundo o diretor-geral do resort, Thomas Humpert, um dos fatores que ainda afastam o turista europeu é o tempo gasto no transporte. “Ainda não há vôos comerciais vindos diretamente da Europa para cá, como ocorre em outros pontos do Nordeste.

O turista precisa fazer escala em São Paulo ou em Salvador (BA)”, explica. Por via aérea, são duas horas entre São Paulo e o Aeroporto de Ilhéus, ponto de desembarque dos hóspedes.

De Salvador, são 40 minutos. Depois, do aeroporto até o resort, são mais 75 quilômetros de estrada. Ou seja, mais uma hora e meia de ônibus ou de van – com direito ainda a um pequeno trajeto de balsa, cerca de 10 minutos.

O aeroporto do hotel, que até outubro do ano passado recebia fretamentos, foi fechado por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e todos os vôos foram redirecionados para o Aeroporto de Ilhéus.

Este terminal, no entanto, também não está operando em sua plena totalidade.
Considerado um dos mais inseguros do País, o Aeroporto de Ilhéus está realizando apenas operações visuais, desde o dia 17 de setembro. A restrição da Anac impede a realização de vôos noturnos e em dias de chuva ou neblina.

Segundo a assessoria de imprensa da Anac, a Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da Aeronáutica, e o Governo do Estado da Bahia estão buscando soluções conjuntas para restaurar a segurança no aeroporto e, tão logo isso ocorra, a Anac retira a restrição.

O prejuízo na redução dos vôos não é sentido apenas na Ilha de Comandatuba, mas também em outros destinos da região Sul da Bahia, como Itacaré, que também é atendido pelo Aeroporto de Ilhéus. Tanto a TAM quanto a Gol já suspenderam os vôos noturnos para Ilhéus.

São quatro operações diárias a menos, duas de cada companhia, nas rotas de ida e de volta. As duas empresas aéreas mantiveram as operações diurnas. Em nota oficial, a TAM informa que a suspensão está mantida até o dia 14 de fevereiro do ano que vem, pelo menos.

Só fica parado quem quiser

Anderson Tozato
O Spa L’Occitane oferece tratamentos corporais e faciais.

Quem vai passar uma semana no Hotel Transamérica Comandatuba pode passar os dias só curtindo a natureza e tomando água-de-coco na sombra ou à beira da piscina. Mas quem procura adrenalina ou, pelo menos, atividades que não faria normalmente em sua cidade, também foi ao local certo.

Além do complexo aquático com três piscinas, o resort tem um espaço destinado exclusivamente às atividades náuticas, como caiaque, hobbie cat, ski aquático, windsurf, lanchas e outros.

Entretanto, os esportes náuticos em equipamentos motorizados não estão inclusos no pacote e são pagos separadamente pelos hóspedes. E para a prática de jet ski, é fundamental a apresentação da carteira de motonauta, exigida pela Marinha. Existe a possibilidade de tirar a carteira lá, em cursos intensivos durante a estada.

Praticantes de pesca esportiva, também têm diversão garantida, graças à abundância de espécies de peixes de água doce e de água salgada na região. No Canal Comandatuba é possível até mesmo pescar o famoso marlin azul, o peixe mais cobiçado da pesca oceânica.

Quem não quer passear a pé pela extensão da ilha, pode alugar bicicletas, quadriciclos, bugues e até beach trucks no hotel. O aluguel das bikes mais simples custa R$ 10 a hora e o de quadriciclos, R$ 250 a hora.

Para quem não quer perder a forma – o que não é difícil com as tentações gastronômicas oferecidas pelo hotel – há uma ampla programação diária que inclui ginástica, spinning, dança, capoeira, tênis, squash, arco-e-flecha, tiro ao alvo, bocha, entre outras atividades.

Os hóspedes recebem a programação na noite anterior, em seus quartos. Dá para suar a camisa e refrescar em um belo mergulho na piscina. Ou, quem preferir, suar ainda mais um pouquinho na sauna – seca ou a vapor.

Para relaxar, uma boa pedida é uma parada no Spa L’Occitane, que oferece diferentes rituais de banhos, massagens, tratamentos corporais e faciais. São seis salas, individuais ou para casais, onde são aplicadas massagens e técnicas de relaxamento. Nos tratamentos são introduzidos ingredientes exclusivos da Ilha de Comandatuba, como coco tropical ou a lama do mangue.

Esporte chique

Divulgação

O campo de golfe do Hotel Transamérica Comandatuba é um dos equipamentos que atraem muitos hóspedes para o empreendimento. O Comandatuba Ocean Course, campo de 18 buracos construído entre o mar e o mangue, está credenciado para receber disputas do circuito internacional, com área total de 780 mil metros quadrados, dos quais 220 mil são de grama.

Segundo o consultor de golfe Henrique Fruet, editor do site Blogolfe, o campo de Comandatuba é um dos melhores do Brasil e não deixa nada a desejar na comparação de campos de outros países consagrados no golfe, como Estados Unidos e Espanha.

Tanto que está na lista dos dez melhores campos de golfe do Brasil, elaborada pela revista americana Golf Digest, onde ocupa a terceira posição no ranking. “A integração com a natureza é tanta que cocos coloridos são usados para marcar os tees de saída.

Coqueiros e animais silvestres como águias e lagartos são testemunhas freqüentes dos acertos e erros dos jogadores”, comenta Fruet. Mas o esporte não é uma atividade barata. Os equipamentos mais acessíveis custam acima de R$ 2 mil.

Os realmente bons, usados por competidores, não saem por menos de R$ 5 mil. E ainda tem toda a “etiqueta do golfe”. Não adianta querer jogar com qualquer roupa. É preciso estar alinhado, com calça social, sapato, camisa-pólo e boné. O resort aluga tanto os equipamentos quanto o campo.

Um único jogo no Comandatuba Ocean Course custa R$ 176 para 18 buracos, mas aí os jogadores contam com descontos progressivos. Já o aluguel do carrinho de golfe – golf cart – custa R$ 85 e os tacos, de primeira linha, R$ 50. A repórter Danielle Blaskievicz e o fotógrafo Anderson Tozato viajaram a convite do Hotel Transamérica e da Tam.