Chile apresenta sua capital da aventura

Uma cidade movida por um vulcão. Assim mesmo, sem nenhum exagero, é Pucón, pequeno vilarejo, com cerca de 22 mil habitantes, localizado a 870 quilômetros ao sul de Santiago, na IX Região de Araucania, no Chile. Principal cartão-postal da região, o suntuoso Vil-larrica, o segundo mais ativo da América do Sul, situado no parque nacional de mesmo nome, é o responsável por atrair milhares de turistas anualmente interessados na prática dos esportes de neve. Isso porque é na sua encosta e às margens do Lago Villarrica onde estão as pistas mais radicais para a prática do esqui e do snowboard, formando o complexo Ski Pucón Volcán Villarrica, a quatorze quilômetros do centro da cidade de Pucón.

São vinte pistas para todos os níveis de esquiadores e snowboarders, nove skilifts (teleféricos que levam ao alto da montanha), local para aluguel de equipamentos, escola internacional de esqui, miniclube, boutique com roupas e acessórios para o esporte e aluguel de motos de neve. Para os iniciantes, instrutores de snowboard estão à disposição para ensinar os primeiros passos.

Além disso, o complexo oferece infra-estrutura necessária para o turista que quer esquiar o dia todo e não quer perder tempo, tendo que voltar para o centro da cidade para almoçar. Um restaurante, uma cafeteria e um bar são pontos de encontro interessantes para matar a fome e dar uma relaxada entre uma atividade e outra.

E não é só o esqui e o snowboard que atraem turistas às proximidades do vulcão. Um grande programa para quem vai a Pucón é escalar o Vulcão Villarrica. Isso mesmo. Operadoras locais especializadas que trabalham nos principais hotéis oferecem esse programa, que tem saída às 7h15 e duração de oito horas. À primeira vista parece fácil, mas quem cumpriu a tarefa diz que é preciso ter muito fôlego e força de vontade para se chegar ao topo dos seus 2.847 metros. Quem participou da aventura assegura que vale a pena, não só pela sensação de mais um desafio cumprido, mas principalmente pela experiência inédita de estar “de cara” com a grande cratera de duzentos metros de diâmetro que guarda um lago de lava de 1.250 graus de temperatura. Esse programa custa 30 mil pesos por pessoa (equivalente a cerca de R$ 150).

Capital da aventura

Apesar de o vulcão ser um importante atrativo para os turistas, Pucón não é uma cidade somente para quem aprecia os esportes de neve. Além de natureza exuberante, Pucón tem elementos bem variados que propiciam a prática de diversos outros esportes, os chamados radicais.

Em seus cerros, cachoeiras, rios, montanhas e lagos o turista pode praticar rafting, canyoning, escalada, mountain bike, cavalgada, rapel, trekking, kite surf e windsurf. Por tudo isso, hoje é reconhecida como um dos principais centros turísticos do Sul do Chile e é considerada a capital dos esportes de aventura do país. Esportes que podem ser praticados o ano todo, se as condições do dia permitirem e garantirem a segurança dos aventureiros. Por isso, diferentemente dos lugares onde o esqui é o principal atrativo, Pucón é um destino que pode ser visitado o ano todo, pois opções de atividades não faltam para todas as estações.

No verão, por exemplo, localizada no norte da cidade, a Playa Grande, de origem vulcânica, é o grande ponto de concentração de turistas. Além dos banhistas, a praia atrai também os adeptos da pesca esportiva. Um dos tipos de pesca mais praticados é o fly fishing, em que se utiliza uma isca diferenciada em formato de mosca para atrair os peixes que emergem para se alimentar. Entre os peixes mais comuns estão o salmão e a truta.

Os famosos rios Trancura e Liucura também são adequados para a pesca de margem. Mas a grande atração neles, pelo menos para os mais aventureiros, é o rafting. Aliás, costuma-se dizer que quem foi para Pucón e não fez rafting não esteve lá porque equivale a ir para Las Vegas e não ter visitado nenhum cassino. Portanto, é programa obrigatório. E não é esforço nenhum pois é uma grande diversão, tanto para principiantes quanto para os aventureiros, digamos, profissionais (os níveis de dificuldade vão de dois a quatro). Uma aventura, literalmente, de tirar o fôlego: um pouco pelo medo, um pouco pela seqüência de gargalhadas que rende durante e depois. O programa dura três horas e custa de 9,5 mil pesos a 16 mil pesos (cerca de R$ 50 a R$ 80) por pessoa, incluindo traslados, aluguel da roupa de neoprene, toalha e lanche.

Se adrenalina pouca é bobagem quando se está em Pucón, a dica é deixar o medo de lado e partir para outra aventura radical. Entre as muitas opções está o canopi, um esporte com características tanto de arvorismo quanto de tirolesa. Isso porque consiste em deslizar por cabos que ligam uma árvore a outra, numa floresta fechada e cortada pelo Rio Trancura, do Bosque Aventura. São 1,2 mil metros de cabo distribuídos em dez linhas (duas no bosque e duas sobre o rio). Para quem morre de medo de altura, o canopi é um grande desafio – a base mais alta chega a 25 metros. Quase uma hora e meia de aventura que faz qualquer um suar, mesmo no frio. O preço é 13 mil pesos ou aproximadamente R$ 60 por pessoa.

Paisagem

Entre um dia e outro de atividades mais radicais, o ideal é programar algo mais leve. Apreciar a bela natureza da cidade, participando de uma cavalgada, é uma grande pedida. O cenário é a Fazenda Huifquenco, a cerca de vinte minutos do centro de Pucón, já dentro do município de Villarrica. Em um passeio de três horas, avistam-se paisagens onde o verde predomina e tem-se a oportunidade de conhecer algumas árvores e aves típicas da região. Uma das curiosidades dessa fazenda é poder entrar em uma “ruca”, tipo de casa onde viviam os índios mapuches. Lá, o turista pode adquirir blusas, mantas, meias e cachecóis de pura lã de ovelha e artigos de couro.

Uma das delícias dessa atividade de agroturismo é o almoço com assado crioulo, geralmente acompanhado de vinho tinto. É servido em uma sala aconchegante, com lareira e uma vista belíssima para uma paisagem muito verde e a piscina, que é aberta a quem quiser se refrescar nos dias mais quentes. O passeio a cavalo custa 28 mil pesos (R$ 135) por pessoa, incluindo o almoço.

Hora de relaxar

Comuna que tem como capital a cidade de mesmo nome, Pucón é formada ainda por Caburgüa e a localidade rural de Villa San Pedro, que é a porta de entrada de uma das áreas mais ricas em termas e reservas ecológicas. As termas são locais freqüentados durante todo o ano por turistas que querem relaxar após ter participado da série de atividades de aventura oferecidas na região. Entre elas estão as Termas Huife e as Termas Menetué. O passeio a elas custa de 12 mil a 13 mil pesos (cerca de R$ 60) por pessoa, incluindo traslados e aluguel de toalhas. Atualmente, a grande atração entre essas estações é a Termas Geométricas, a mais nova delas, situada no caminho entre Coñaripe e Palguin, no Parque Nacional Villarrica.

São dezesseis piscinas com temperaturas variando em média de 35 graus. Por entre passarelas muito bem construídas, se tem acesso às piscinas quentinhas. Quem tem problemas de pressão baixa, há opção de piscinas com águas menos quentes. Seja como for, elas são uma ótima opção para relaxar o corpo e fechar com chave de ouro uma viagem como essa, cheia de adrenalina e fortes emoções.

Cidade mostra sua face acolhedora

Além de aventureira, Pucón tem um lado bastante acolhedor. Este pequeno vilarejo cujo nome na linguagem mapuche significa “entrada para a cordilheira”, é propícia para os passeios a pé. Sua arquitetura, em estilo alemão por conta da colonização, com a grande maioria das casas, pequenos hotéis e restaurantes construídos em madeira (principalmente pinus oregon, roble e coihue), dá um tom ainda mais gracioso à pequena cidade.

E é muito fácil andar em Pucón. A avenida principal, a Bernardo O’Higgins, concentra a maior parte dos restaurantes, centros de compra, um grande supermercado, prefeitura, escritório de informações turísticas, bancos e muitas agências de turismo que oferecem pacotes com esportes pela região.

A cidadezinha convida também às compras, principalmente, dos muitos suvenire e artigos para esportes, e a experimentar os pratos servidos nos seus diversos restaurantes. Apesar de pequena, Pucón tem uma grande quantidade de restaurantes, dos quais muitos servem pratos da cozinha internacional como, por exemplo, italiana e tailandesa. Para um final de tarde, um dos bons programas é parar nas suas muitas chocolaterias e cafeterias para provar as bebidas quentes, entre elas um café vienés, com sorvete de baunilha, creme e chocolate (2,5 mil pesos) enquanto degusta um sanduíche (1,5 mil a 3,2 mil pesos) ou waffle (2 mil pesos).

No inverno, uma boa pedida também é experimentar o fondue de chocolate que, na Chocolateria Patagonia custa 3,5 mil pesos por pessoa. Em todos esses restaurantes e até mesmo nas cafeterias, o turista encontra o pisco sour, bebida típica, feita com aguardente de uva verde, limão, açúcar e, algumas vezes, também clara de ovo. Custa 2 mil pesos. É uma espécie de caipirinha dos chilenos, uma delícia. Para os que não abrem mão da brasileiríssima, há também caipirinha por 2,5 mil pesos. Vale lembrar que o real vale cerca de 200 pesos chilenos.

Turismo

Antes apenas um centro madeireiro, a pequena Pucón deu início ao turismo na década de quarenta, impulsionado pela construção do Gran Hotel Pucón, em 1939. No início, o que mais atraía turistas era a pesca. Hoje, o turismo representa 90% da economia da cidade, que chega a receber nos meses de verão mais de sessenta mil turistas. No inverno, os brasileiros representam a metade deles.

Seu parque hoteleiro é composto por dez hotéis, entre grandes e pequenos, sendo que dois são de categoria cinco estrelas (Hotel del Lago e Villarrica Park Lake) e um quatro estrelas (Gran Hotel Pucón). Pequenas pousadas e outros meios de hospedagem mais simples, dentre eles camping, acolhem os muitos visitantes. Um outro forte atrativo da cidade é o cassino. Localizado no Hotel del Lago, é um dos sete do Chile – os outros estão em Arica, Iquique, Coquimbo, Viña del Mar, Puerto Varas e Puerto Natales.

O cassino do hotel oferece diversos jogos, dentre os quais bacarat, pôquer, black jack, jogos de dados, bingo, além das máquinas caça-níqueis. Uma curiosidade é que há um projeto de lei no Chile que prevê a liberação de somente um cassino por região para que o país não se transforme em destino turístico de jogos.

Mas a natureza é, sem dúvida, o que Pucón tem de melhor a oferecer. Por isso, como forma de valorizar ainda mais os atrativos naturais da cidade, sem perder o foco da preservação ambiental, a prefeitura pretende atrair, não só os turistas que gostam de praticar os esportes de aventura, como também estudiosos da natureza. Em novembro, a cidade vai receber cerca de oitocentos geólogos do mundo todo, que se reunirão em uma assembléia no Gran Hotel Pucón, com o intuito de estudar a região.

Noite puconina

Se durante o dia impera a adrenalina, a noite puconina também pode render muita animação. É na Avenida Bernardo O’Higgins onde estão vários dos bares e danceterias da cidade. O Bar Central e o El Bosque não cobram ingresso e são ótimos para quem quer tomar um drinque e conversar com os amigos. Já o Bar de Pelaos é considerado um dos melhores lugares para dançar.

No verão, há seis danceterias que cobram de 4 a 5 mil pesos de ingresso e há também uma “salsoceta”, interessante para quem quer se divertir ao som dos batuques latinos. Esses lugares, que abrem somente na alta temporada de verão, estão concentrados no Caminho Internacional, que leva à fronteira com a Argentina.

São três os hotéis de categoria superior

Gran Hotel Pucón

Primeiro grande hotel de Pucón, construído em 1939, tem estilo clássico e se dedica a oferecer atividades voltadas ao entretenimento de toda a família. Tem 133 quartos e 139 apartamentos em condomínio. Seu centro recreativo é composto por duas piscinas aquecidas e cobertas, duas piscinas externas, fitness center, duas quadras de squash, quadra poliesportiva, sala de jogos e de jogos eletrônicos, miniclube para crianças, sauna, jacuzzi e salas de massagens. Conta com um espaço para eventos e confraternizações, que inclui um anfiteatro, onde são apresentados shows internacionais pela equipe de recreação.

Tarifas – Na baixa temporada, variam de 70 mil (R$ 350) na suíte superior a 161 mil pesos (R$ 800) na suíte. Na alta temporada, de 85 mil (R$ 430) na superior, a 183 mil pesos (R$ 915) na suíte.

Endereço – Clemente Holzapfel, 190, centro. Telefone: (56-45) 913-300. Site: www.granhotelpucon.com.

Hotel del Lago

O grande atrativo do hotel é abrigar um dos sete cassinos do Chile. Tem 82 quartos, um fitness center e um spa com saunas, piscina aquecida e salão de beleza.

Tarifas – Baixa temporada (março a 19 de dezembro): variam de 92 mil pesos (R$ 460) na suíte double twin a 159 mil pesos (R$ 780) na suíte volcán. Presidencial: 720 mil pesos (R$ 3,5 mil).

Endereço – Miguel Ansorena, 23. Telefone: (56-45) 291-000. Site: www.hoteldellago.cl.

Hotel Villarrica Park Lake

O mais novo hotel da região tem como diferencial um spa com área de 1,6 mil metros quadrados e que oferece piscina aquecida com hidromassagem, piscina externa, sauna finlandesa, banhos de vapor, duchas, banco térmico para relaxamento, jacuzzi, salas para massagens e tratamentos faciais e salão de beleza. Com um total de setenta quartos dispostos em sete andares, é dirigido a quem quer descansar e cuidar da saúde e/ou estética.

Tarifas – Variam de 97 mil pesos (R$ 130) na suíte superior a 125 mil pesos (R$ 600) na deluxe suíte. Presidencial: 638 mil pesos (R$ 3 mil).

Endereço – Camino Villarrica-Pucón, km 13. Telefone: (56-45) 45-0000. Site: www.villarricaparklakehotel.cl. (DS)

A jornalista viajou a convite do Gran Hotel Pucón, Hotel del Lago, Villarrica Park Lake Hotel e Lan, com o apoio da operadora Enjoy Tour.

Saiba que…

– Para ir a Pucón, é necessário tomar um vôo em Santiago para Temuco (uma hora de duração), que é a capital da Região da Araucania. De lá são mais 110 quilômetros até a cidade em um acesso fácil, via Ruta Cinco Sur ou Panamericana, estrada nova que começa no México, atravessa praticamente o Chile todo até Puerto Montt.

– Villarrica é outro vilarejo turístico, de 45 mil habitantes, situado a apenas 23 quilômetros de Pucón. Na verdade, é lá que se localiza o grande Vulcão Villarrica e seu complexo de esqui.

– No inverno costuma chover muito em Pucón, por isso, é recomendável levar roupas impermeáveis e capas de chuva, além de luva, cachecol, gorro e botas.

– Além das roupas e acessórios coloridos que trazem o nome da cidade, um souvenir interessante é a flor de madeira, símbolo de Pucón. Vale também tirar um dia para assistir à sua confecção artesanal em uma das lojas especializadas.

– O real vale aproximadamente 200 pesos chilenos. Uma dica é trocar a moeda já no Aeroporto Arturo Benitez, em Santiago, onde a cotação geralmente é mais interessante.

Serviço

– Fundo Huifquenco: (56-45) 41-5040 e site www.fundohuifquenco.cl.

– Termas Geométricas: (56-2) 214-1214.

– Chocolateria Patagonia: Rua Fresia, 223, telefone (56-45) 44-3165 e site www.patagoniaexpress.cl.

– A Enjoy Tour é uma das maiores operadoras de Pucón. Oferece toda a programação para prática de esportes e passeios às termas. Situa-se na Rua Miguel Ansorena, 123. Telefone: (56-45) 442-313. Site: www.enjoytour.cl.

– Mais informações: www.chileturismo.com.br. (DS)

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