Capelas entram para o circuito turístico

Por contar parte da história de um dos maiores movimentos históricos e econômicos no Sul do Brasil durante os séculos XVIII, XIX e XX, o tropeirismo faz parte do projeto Caminho das Tropas, desenvolvido pela Coordenadoria do Patrimônio Cultural (CPC), da Secretaria de Estado da Cultura. Segundo a coordenadora Rosina Parchen, na rota das tropas ainda existem diversos vestígios arqueológicos de fazendas, pousos e capelas.

Para garantir a preservação da região onde ocorria o tropeirismo, três capelas tombadas já estão restauradas e protegidas pela Lei Estadual 1.211/53, entrando na rota do turismo cultural do Paraná.

A primeira, tombada em 1970, é a Capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá, município de Balsa Nova. A outra é a Capela de Nossa Senhora das Neves ou Nossa Senhora das Pedras, no distrito de Cercadinho, município de Palmeira.

Sobre ela, há uma lenda local que diz que algumas pessoas conseguem visualizar uma Nossa Senhora desenhada nas pedras dos arredores. Essa igreja foi tombada em 1991. A terceira é a Capela de Santa Bárbara do Pitangui (veja matéria na capa deste caderno), erguida na Fazenda Pitangui, município de Ponta Grossa e tombada em 2000.

Construídas em alvenaria e pedras, as capelas datam dos séculos XVIII e XIX. A estrutura dos telhados é em madeira, com cobertura de telhas de cerâmica. Os pisos são em pedra e madeira. As de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá e Nossa Senhora das Neves foram restauradas em 1999 e 2000, pela Cúria Metropolitana de Curitiba, com a orientação técnica da CPC e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Regional Paraná.

A Capela de Santa Bárbara ainda está recebendo os retoques finais, a cargo da Prefeitura de Ponta Grossa.

Desenvolvimento urbano

A partir das excursões tropeiras que partiam de Viamão, no Rio Grande do Sul, até Sorocaba, no interior paulista, muitos costumes foram disseminados e herdados, surgindo vilas, povoados e depois cidades. “Hábitos indígenas, como o uso da erva-mate sob a forma de chimarrão, por exemplo, influenciaram as lidas com tropas de muares e gado bovino e o grande mosaico cultural brasileiro se enriqueceu”, conta o historiador da SEEC, Aimoré Índio do Brasil Arantes.

No Paraná, após cruzar o Rio Iguaçu vindas de Santa Catarina, as tropas de burros de carga, já nos Campos Gerais, eram abençoadas e encontravam descanso nos pousos ao redor das capelas de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá, Nossa Senhora das Neves e Santa Bárbara do Pitangui.

De lá seguiam para a feira de animais de Sorocaba e vendidas para todo o Brasil, em especial para Minas Gerais e engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste.

Nos momentos de descanso os tropeiros faziam suas rezas pedindo sempre ajuda divina para que nenhum homem da comitiva sofresse algum acidente durante a longa viagem.

As capelas, seus santos e a mata serviram por muitos anos de abrigo espiritual e físico, acalentando todos aqueles que por elas passavam. O pouso nas capelas era mais seguro do que em campo aberto.

A Paraná Turismo já trabalha num projeto direcionado ao turismo religioso e que envolverá as três capelas tombadas. Na Capela Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá, em frente à vila de São Luiz do Purunã (55 quilômetros de Curitiba), por exemplo, é organizada uma grande festa todo segundo domingo de dezembro em homenagem à santa. Há dois anos participaram dessa festividade cerca de oito mil pessoas.

A tendência é de que essas capelas, entrando para a rota turística do Estado, aos poucos, comecem a atrair também estrutura de hospedagem e alimentação para os distritos onde estão situadas.

Próximo a algumas delas isso já vem ocorrendo, ainda de forma incipiente.

Mais informações podem ser obtidas nas prefeituras, pelos telefones: (41) 636-1300 (Balsa Nova), (42) 252-6995 (Palmeira) e (42) 220-1314 (Ponta Grossa).

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