Tecnologia WEB 2.0 chega com força total

?Web 2.0 é uma garota antenada, de 17 anos, que ganhou um apelido.? É assim que Gil Giardelli, editor do blog Humanidade 4.0 e coordenador do curso de Comunicação Digital da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), define o conceito criado para nomear a segunda evolução da world wide web.

Giardelli, que prega que a internet e a humanidade fazem parte de um só conceito, a ?humanidade 4.0?, esteve em Curitiba na semana passada, para fazer uma palestra sobre as tendências da rede.

O assunto foi um dos temas do 10.º Encontro de Profissionais de Internet, que aconteceu no dia 10, no Estação Embratel Convention Center. O evento itinerante, que já se tornou referência no setor, reuniu cerca de 500 profissionais da área, entre programadores, webdesigners, profissionais de marketing e outros interessados, em geral.

De acordo com Giardelli – que conversou com O Estado esta semana -, a humanidade, como a web, passou por uma série de evoluções até chegar à atual, que ele chama de 4.0. ?Primeiro éramos uma sociedade industrial, depois agrícola e depois, tecnológica. Hoje, estamos em uma era ?ciber-espiritual??, diz. ?Isso está mudando uma série de conceitos antigos, nos campos da ética, dos negócios e dos relacionamentos?, completa.

Essa revolução, segundo Giardelli, veio graças à popularização da tecnologia. ?No primeiro trimestre, foi vendido um computador a cada três segundos.? Estima-se, ainda, que um bilhão de pessoas possuem acesso à internet em todo o mundo e cerca de metade use banda larga, o que facilita o compartilhamento de conteúdo. E dois bilhões podem estar conectadas por celulares.

Tudo isso, Giardelli explica, acabou indo parar no que se chamou de web 2.0, que de acordo com a definição aceita, seria a evolução da rede agregando serviços e funcionalidades.

?Mas sou contra esse conceito. A web não se desenvolve dessa forma. Daqui a pouco a tal garota será chamada de ?web qualquer coisa??, ironiza, lembrando que o movimento em torno do conceito ainda está bem vivo, e ainda deve ter seu apogeu até o final deste ano, ou início de 2009.

?Na web 2.0, você pode avaliar e comentar notícias, selecionar assuntos de seu interesse, colaborar na geração e alteração de conteúdo, participar de comunidades, classificar e indicar produtos?, diz . Como conseqüência, ele aponta fenômenos um tanto curiosos: ?pesquisas indicam que a cada sete casamentos, um originou-se no mundo digital?, conta.

Todas essas possibilidades geraram uma enxurrada de informações nunca vista antes. É aí que entra o passo seguinte, que muitos – Giardelli é um deles – já apontam como realidade: a web 3.0. ?Mas ainda temos poucas iniciativas, que ainda são consideradas vanguarda?, pondera.

De acordo com ele, é uma fase semântica, em que os computadores falam com computadores, encontrando uma forma de organizar tudo o que foi feito na internet até agora. A web deverá diferenciar, por exemplo, ?lula empanada do Lula presidente, tênis para jogar do tênis para vestir?.

É por isso que Giardelli costuma falar, em suas palestras, para as pessoas esquecerem o WWW (World Wide Web) e serem bem vindas ao WWD (World Wide Database). ?É o final da era do ?bando de dados? para a era do banco de dados?, conceitua.

Mas o especialista não acha que web 3.0 seja relegada apenas aos computadores. ?Ela é uma integração entre peopleware e machineware?, avalia. Um exemplo que ele dá são os sites Taggalaxy.com e Twine.com, que são ferramentas que possibilitam a cada internauta organizar a ?bagunça 2.0?.

Definido pelo usuário

Já para Michel Sciama, gerente de Retenção de Clientes do braço brasileiro dao Google, aposta que a grande tendência na internet é se transformar em um grande processo colaborativo.

O melhor termo para isso é ?lovecasting?: ?são pessoas definindo o que querem consumir, e ainda compartilhando esse conteúdo?, define. A web, para ele, apresenta hoje uma integração social que não tinha antes.

Para ele, o maior exemplo do nível de compartilhamento de informações atingido na internet está no Twitter (www.twitter.com). ?Notícias como a de um recente terremoto ocorrido no México chegaram antes no Twitter do que na CNN?, conta.

Redes fazem a diferença

Um grande exemplo, apontado por Giardelli, da importância da participação popular na web, é o candidato democrata à presidência dos EUA, Barack Obama. ?Ele está em mais de 25 redes sociais diferentes?, exemplifica, lembrando que, na famosa ?super-terça?, o candidato conseguiu, graças à internet, mobilizar tanta gente, a ponto de criar uma comoção nacional e virar o jogo contra Hillary Clinton.

A chave para o fenômeno, segundo Giardelli, foi a contratação de Chris Hugues, para coordenar as campanha de Obama na internet. Hugues, 24 anos, é um dos criadores do Facebook, uma das mais populares redes sociais da web.

Em 2004, ele se uniu a seus colegas de quarto Mark Zuckerberg e Dustin Moskovitz, da Universidade de Harvard, para criar o site. O envolvimento de Obama com a web, de acordo com Giardelli, ainda o permitiu bater o recorde de doações para a campanha: cerca de 70% das doações veio através da internet.

Mas o acontecimento, para o especialista, deve demorar para ter um equivalente no Brasil. ?Nossa justiça, em vez de incentivar, cria regras que coíbem ainda mais. Isso é um erro em um país com 50 milhões de conectados.?

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