Paranaense cria uma nova arma contra a artrose

Uma tese de doutorado feita na Alemanha pode ajudar os brasileiros que sofrem com artrose. Através do aprimoramento do estudo feito pelo professor e doutor alemão Jürgen Toft, o médico paranaense especialista em cirurgia do joelho, Alcy Vilas Boas Júnior, criou uma técnica cirúrgica que utiliza células-tronco da bacia para resolver as dores causados pela falta de cartilagem no joelho.

De acordo com Vilas Boas, a cartilagem é como um sistema de amortecedor para o corpo. “O osso é como um coral, é todo perfurado. Ele não suporta peso direto, por isso a necessidade da cartilagem: distribuir o peso e as forças que agem sobre o joelho, evitando assim a quebra. Quando um impacto acontece, é função da cartilagem absorver e distribuir a força”, explica.

No entanto, a partir dos 50 anos de idade, a cartilagem começa a se degradar, deixando assim os ossos do joelho em atrito. “Quando esse contato entre os ossos acontece, gera uma degradação entre os dois ossos. Isso causa uma dor tremenda no paciente. Ele dorme, acorda, anda, enfim, passa o dia todo com dor”, afirma.

Através dos estudos, o médico alemão percebeu que se fosse feita uma raspagem entre os ossos num processo cirúrgico, um osso saudável viria no lugar daquele que estava desprotegido. “Nesse procedimento, fazemos perfurações no nosso e trazemos as células-tronco da medula que se agrupam num coágulo. Assim, essas células se desenvolvem, crescem e formam um novo tecido, que corresponde a 90% da cartilagem original. Esse tecido cumpre função da cartilagem, permitindo que o paciente retorne suas atividades sem dor”, explica Vilas Boas.

Por meio de sua tese de doutorado, o médico confirmou que o procedimento feito por Toft era verídico. A partir daí, Vilas Boas começou a estudar uma maneira de tornar essa técnica mais rápida para o paciente. “Se eu estou trazendo células-tronco para melhorar esse tecido, posso retirá-las de outro lugar, que oferece mais células-tronco, localizado no osso da bacia. Esse é o mesmo lugar que tiramos a medula para transplante. Hoje, estamos fazendo a retirada dessa medula da bacia, beneficiando esse material e colocando novamente na região lesada do joelho”, explica. Com esse procedimento, Vilas Boas confirma que o período de recuperação do paciente passa para seis meses. “Minha intenção agora é tentar reduzir ainda mais esse tempo de recuperação, mas sabemos que é difícil por conta da limitação do nosso organismo”, completa.

Células-tronco

Em meio a todas as discussões com a manipulação das células-tronco, Vilas Boas afirma que as células em questão não são as mesmas que geraram tais polêmicas. “Trabalhamos com a célula-tronco da medula e não com a célula-tronco embrionária, aquela do cordão umbilical”, explica.

O médico confirma que com o avanço da ciência, técnicas e tratamentos de reconstituição de órgãos através das células-tronco da medula serão cada vez mais comuns. “Como a nossa geração não tem à disposição as células-tronco embrionárias, ficaremos restritos as chamadas células-tronco mesenquimais, que são encontradas na medular dos ossos e também em células de gordura”, afirma.

Desgaste da cartilagem do joelho é universal em pessoas com mais de 85 anos

Daniel Caron
Vilas Boas: as mulheres estão mais propensas a terem dores no joelho.

O desgaste da cartilagem do joelho pode atingir qualquer pessoa. Estudos apontam que a frequência da artrose gira em torno de 5% em pessoas com menos de 30 anos e atinge de 70% a 80% daqueles com mais de 65 anos de idade. Já aos 85 anos, a artrose é considerada universal. A artrose é diferenciada como primária e secundária. “A primeir,a delas é aquela que acontece de uma hora para outra, não temos como explicar da onde vem, é denominada como ediopática.

Já a secundária pode acontecer por decorrência de uma lesão de menisco”, explica o médico especialista em cirurgia do joelho, Alcy Vilas Boas Júnior. De acordo com Vilas Boas, as mulheres estão mais propensas a sofrer com as dores no joelho. “Acredito que a artrose atinge mais as mulheres por conta da maior instabilidade dos tecidos, a maior fragilidade da parte muscular, a desidratação da articulação, menor quantidade de exercícios e a instabilidade hormonal”, afirma o especialista.

Como se trata de uma doença que acontece com o avanço da idade, o médico diz que cada vez mais as pessoas sofrerão com as dores nos joelhos, seja homem ou mulher. “A longevidade do ser humano está aumentando, então vamos usar a nossa máquina mais tempo. Podemos afirmar que com o passar da idade, mais pessoas terão artrose, principalmente pessoas de 70 a 80 anos, 80% terão artrose”, completa.

Quanto ao tratamento, o médico afirma que o mais importante é procurar um médico quando a dor no joelho começar a acontecer. “Além disso, tudo depende das atividades que a pessoa faz. Certos comportamentos podem causar um desgaste maior da articulação. Como, por exemplo, calçados sem amortecimento, não cuidar de lesões causadas no esporte, andar e correr descalço”, conta.

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